Fernanda631 29/08/2023
Um Beijo e Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #6)
Um Beijo e Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #6) foi escrito por Mary Balogh.
Percival Hayes é o que as pessoas podem chamar de alguém que teve sucesso na vida; uma verdadeira pessoa de sorte. Vindo de uma família abastada, nunca soube o que era nenhum tipo de dificuldade. E ainda tem a inteligência e a perspicácia necessária para fazer com que os negócios da família continuem prósperos. Cheio de amizades sinceras, parentes dedicados, pais amorosos, e até herdou um título, é o novo conde de Hardford.
Mas então, por que em seu aniversário de trinta anos sente um grande e inexplicável vazio? Sem explicações para o que falta na vida de um homem que aparentemente tem tudo, ele se deixa conduzir pelos impulsos corajosos que o álcool lhe proporcionou e parte para a Cornualha, visitar as terras que herdou com o título, em busca de algum desafio que pudesse aplacar o inquietante vazio que sente dentro de si.
O que Percy não esperava encontrar, óbvio, era uma casa habitada por uma prima cujo grau de parentesco era muito, muito distante, sua acompanhante tão velha quanto ela (só que mais ranzinza), sua casa cheia de animais que foram vítimas de abandono e a viúva do antigo herdeiro do título, Imogen, a lady Barclay, que à primeira vista, devido à sua postura fria e distante, ele denomina como uma beleza de mármore.
Imogen passou por um longo processo de luto, mas apesar da aparência impassível, ainda luta diariamente para aceitar o que houve com o marido, então sua vida diária é uma sucessão de afazeres que esconde uma verdade que ela guarda só para si: não se sente digna de continuar a viver, assim toma as tarefas diárias como uma forma apenas de sobreviver diariamente, mas não se permite desfrutar nem apreciar nada.
Quando o novo conde de Hardford finalmente chega à propriedade, logo ela decide se manter distante dele, julgando-o uma pessoa frívola que não conhece as mágoas ou dores que a vida pode trazer. Mas o problema maior é quando Percy decide se inserir cada dia mais em sua vida, sondando seu passado e questionando suas decisões do presente, de forma a desvendá-la e conhecer os seus mais profundos segredos. E ainda desejar voltar a sentir coisas que há muito tempo se nega a sentir, desejando-as cada vez mais com intensidade.
Percy, de fato, quer conhecer mais a mulher que, quando dar um raro sorriso, deixa-o entrever o seu calor por baixo de uma aparência fria. E quanto mais a faz se revelar, ele se redescobre e tem coragem de lutar para assumir sua verdadeira essência, em um processo que o faz descobrir a paixão verdadeira por uma mulher e torcer para que Imogen volte a ter coragem para se entregar a ele, renunciando aos seus medos que impedem de amar novamente.
Sempre senti curiosidade pela Imogen, a única mulher em um grupo de sete pessoas marcadas pelo sofrimento que a guerra traz. Imaginei mil coisas, mas o segredo dela se revelou, de fato, algo bem mais denso, então foi fácil ver como sua vida foi realmente marcada. O romance somente peca em não ter explorado mais seus sentimentos no final da trama, que foi um pouco corrido. Após testemunhar a morte do marido, Imogen entrou em um auto martírio, não se permitindo ser feliz. Por fora, ela passa a imagem de uma mulher fria e insensível, mas por dentro Imogen é uma mulher quebrada e que ainda sofre pelo marido falecido.
Percy um personagem que começou raso, esnobe, mas que a cada capítulo mostrou uma profundidade surpreendente. A autora construiu um par à altura de Imogen, no sentido de compreender o sofrimento e respeitá-lo, de mostrar a necessidade de passar pela vida tendo a realmente vivido, de saber o que é solidão, mesmo com várias pessoas ao redor e de dar apoio a enfrentar os medos, enquanto busca contornar os próprios.
O casal tem uma ótima jornada de crescimento durante a história, tanto juntos quanto separados.
Os diálogos foram um deleite à parte, cheios de reflexões e tiradas bem inteligentes. A narrativa também não deixou a desejar, principalmente com o acréscimo de uma pitada de mistério que incrementou a trama. E não posso deixar de ressaltar os personagens secundários, que movimentaram muito bem a história, tornando-a mais fluida e dinâmica.