saturno 02/01/2021
O que mais me fascina na Lia é que a história dela poderia ser minha, poderia ser de uma amiga, de qualquer pessoa passando por momentos difíceis e ainda assim tendo que lidar consigo mesma. Com os comentários maldosos, com reflexo no espelho, com as comparações, com sempre pensar que qualquer um pode ser melhor do que você. Marília representa tantas pessoas, ela também representa a mim. Acho que o foi o ponto que mais mexeu comigo durante a leitura, eu e a personagem principal lidamos com os mesmos problemas em relação ao corpo. Infelizmente eu ainda tenho muitos problemas comigo mesma, ainda não me amo completamente, e tem dias que olhar pro meu corpo é torturante, às vezes eu choro, outras eu penso que nunca vou ser como outras garotas: magra. Porém são histórias como essa que me fazem sentir esperança novamente, ver uma protagonista que me representa, me ver em um livro!! Isso é incrível, porque é difícil me sentir representada em livros, filmes, etc. Assim como Lia, muitas vezes eu também já fui gordofóbica comigo mesma, já tive medo de dizer que sou gorda, já tentei entrar em uma calça 44, e entendo mais do que nunca os sentimentos dela em relação a isso. Sinto que a Luiza foi uma luz na vida dela, e cheguei a lamentar sua partida também, porque ela era uma estrelinha iluminada e sorridente, aquele tipo de pessoa que trás alegria só de chegar em um lugar. Acho que as partes mais divertidas foram as aparições da Luiza, o que torna tudo meio triste também. O livro também é carregado de representatividade, e um dos focos é a sexualidade de Lia, que acaba sendo explorado junto de suas inseguranças.
Sobre a Raquel, no começo ela é uma personagem bastante indecifrável, só gostei dela de primeira por causa da amizade com a Lia (e também porque ela é a maior consumidora de tubos de jujubas de morango, e essas são as minhas preferidas.) Afinal, ela foi a primeira pessoa depois de Luiza e Sara que mostrou gostar dela, que tentou puxar assunto, manter uma amizade e isso aqueceu meu coração. Principalmente quando tudo começou a evoluir para algo mais, a cada interação sentia meu coração explodir de felicidade.
Na minha opinião, Marília é uma personagem extremamente forte, mesmo que ela mesma não acredite nisso. Ela é real. E quando aquele maldito vídeo viralizou, foi quando vi mais uma vez a sua força, o quanto ela sempre lida com tudo e mesmo assim se subestima tanto. O mais triste foi pensar que isso acontece fora da literatura, que várias pessoas são expostas na internet e viram motivo de piada por causa de seu peso, e nem todas tem a mesma força, nem todas conseguem lidar. Esse livro te faz refletir de diversas formas, ele ganhou um significado pra mim e espero que ganhe para outras pessoas. E o final sem dúvidas, é tão lindo e emocionante que chega a ser impossível não chorar. O vídeo da Luiza destruiu meu coração...
Entretanto, é importante lembrar também sobre os gatilhos: luto, gordofobia, cyberbullying e bullying. Sobre a escrita em si, achei extremamente leve e fluida, uma linguagem simples e extremamente fácil, confortável de se ler. Adorei os esquemas dos capítulos presente/ passado, normalmente gosto bastante de livros assim mesmo ficando bastante curiosa com certas finalizações e ainda ter que ler todo um capítulo antes de saber o que vai acontecer. A narração pelos olhos de Lia ainda deixa tudo melhor, conseguimos sentir a personagem através das narrações, os sentimentos e os pensamentos ficam mais expostos para nós leitores. Inclusive já tenho outro livro da autora na minha lista, e espero ler em breve! É um livro incrível e eu SUPER RECOMENDO, então se tiver a oportunidade LEIA!!! E ainda apoie uma autora nacional.