Cley 27/11/2020Quem me conhece sabe que opto por ler uma série na sequência, mesmo que não seja necessário, me sinto mais confortável lendo e observando o amadurecimento do autor e seus personagens, porém, abri uma exceção e li o 12º volume (até então último) de uma série de um dos autores que mais vende livros no mundo, o Jo Nesbø, escritor norueguês, responsável por escrever a série do inspetor Harry Hole. O motivo por trás de começar pelo 12º volume, até eu mesmo desconheço, talvez seja por ter ficado curioso para conhecer a escrita de um autor renomado.
"Faca" nos traz uma premissa de uma mulher morta, e numa manhã posterior ao assassinato, Harry acorda com as mãos cheias de sangue, mas sem lembrar de nada do que aconteceu. Harry está se entregando cada vez mais à bebida depois que sua esposa Rakel o deixara. Agora, o inspetor só trabalha com “burocracia”, mas quando outra mulher presta queixa por ser estuprada por Svein Finne, criminoso que Harry prendera há algum tempo; Harry não descansará até pôr Svein de volta na cadeia e descobrir se ele também teve participação no assassinato da mulher que citei no início.
Confesso que tive um pouco de dificuldade em me acostumar com a escrita do Nesbø, mas logo me adentrei à trama e vi o quanto inteligente e sagaz o autor é, isso em relação a enredo, personagens, reflexões, diálogos etc. Tudo bem que o autor se apropria de prolixidade, mas até essas prolixidades têm certa relevância para aquilo que quer mostrar. E claro que eu sabia onde estava me metendo, afinal, houve referências a alguns livros anteriores e por eu não ter lido, não as compreendi bem.
Não tenho autonomia para falar sobre o Harry, pois é a primeira vez que tenho contato com o personagem, mas o que pude perceber é que ele é um anti-herói, às vezes, a lei não o limita e se ele acredita que deve fazer algo por um bem maior, e esse bem seja para si próprio, ele o faz.
Há diálogos interessantíssimos em toda a narrativa, alguns me trouxeram reflexões sobre o comportamento humano, traumas, traições, vícios etc.
Nesbø não alivia em cenas brutais e sua objetividade faz com que a história se torne bastante crível.
Não tinha pretensão de querer ler os onze volumes anteriores, mas após ler "Faca", senti a necessidade de conhecer mais o Harry e os casos em que trabalhou e que os tornaram um dos melhores agentes da lei de Oslo.
O thriller é mais indicado para quem busca uma história sólida, sem incongruências que encontramos em alguns thrillers mais pop, por assim dizer.