Maycon Silva Aguiar 20/07/2022
Entre signos, cães e estudos vermelhos
Sherlock Holmes não é o detetive dos casos mais fantásticos, como costumam ser os mais contemporâneos; não é o mais brilhante, embora não fique muito atrás de Hercule Poirot; e, certamente, não é o mais carismático. Contra todas as expectativas, é, no entanto, o mais importante da literatura universal, porque, por alguma razão que me escapa, popularizou o gênero policial como poucos personagens o fizeram.
Foi interessante recontratar Sherlock Holmes em 2022, aos 28 anos de idade, quase 12 anos após de nosso último contato e graduado em Literaturas de Língua Portuguesa. Enxerguei-o, agora, como creio que seja verdadeiramente: um personagem com um potencial incrível, mas limitado pelo contexto histórico em que surgiu - aliás, que ajudou a construir, é importante frisar. Sherlock Holmes está em todos os detetives ficcionais que o sucederam, mas não teve muito em que se sustentar, de modo que suas tramas, em grande parte das vezes, são previsíveis - pelo menos, são previsíveis para mim, que tenho milhares e milhares de horas gastas com leituras e com análises de enredos de mistério.
Não gostaria que se pensasse que essa característica de Sherlock Holmes é negativa, porque, de fato, não o é. Arriscar-me-ia a afirmar que, ao contrário, é seu ponto forte. Atribuí quatro estrelas das cinco possíveis somente por uma questão de gosto pessoal: estimo menos os contos do que os romances, e quase toda a produção que Sherlock Holmes protagoniza é escrita em forma de conto.