Judas

Judas Amós Oz




Resenhas -


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Marcos Nandi 11/03/2022

Me fez chorar haha
A história se passa entre o final de 1959 e início de 1960, no pós-guerra de Jerusalém.

Shmuel Asch, tem seus 25 anos, é asmático, tímido, socialista, sensível, acabou de perder a mesada que recebia do pai, universitário de história e ciências das religiões, pensa em se mudar de cidade, trancar seu curso e interromper sua pesquisa sobre a visão que os judeus tinham de Jesus.

Sem dinheiro, abandonado por sua namorada, desacorçoado pelo caos de sua vida, recebe um convite para cuidar por algumas horas por dia (mais precisamente, dar atenção e ouvir)de um senhor de idade. Receberia um salário e um local para morar, mas não poderia mencionar a ninguém a função que exerceria.

Nessa casa, ele conhece Atalia uma espécie de governanta que também cuida desse senhor de idade. Uma bela mulher de 45 anos, que vai abalar o coração do jovem.

Me diverti com o protagonista super sentimental e a mulher super seca. Porém, me irritou todas às vezes que ele ficava remoendo o término.

No silêncio dessa casa e no vazio do tempo, o protagonista começa a pensar em si, na sua vida, e na figura dos judeus como judas que traíram Jesus e a partir disso, são perseguidos desde então e questões ainda atuais na complicada política de Israel que surgem desde a criação do estado sionista.

Muito interessante toda a questão judaica apresentada no livro. E como Jesus é visto pelos personagens.

Eu amo livros com drama familiar e adoro a relação do personagem principal com seus pais e sua irmã, uma relação distante e fria, uma relação de amargura e submissão. E com um toque de inexplicável rancor.

Apesar de um bom livro e uma história envolvente, é um livro árido e pesado de ser lido.

Uma história sobre perda, luto, e solidão. Fala também, sobre não se encontrar na vida e perder as esperanças de ser alguém. Fala sobre aquele remorso de não termos tentado e a culpa de estarmos vivos e sobre a fraqueza de não ter tentado e desistido. Fala sobre a traição que todos cometemos a pensar em determinadas coisas, sobre ser órfãos e termos pais (talvez a relação de Judeus com Jesus).

Fala, por fim, sobre o morrer no sentido de quem morre é feliz e lutou! Nós, os vivos, apenas vivemos sobre esses escombros.

Me fez mal, pois, estou passando pelos mesmos sentimentos que o protagonista dessa história passa (e por uma situação parecida - dada as devidas proporções- que me fez chorar), mas é um livro que deve ser lido.
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