Lucy 13/04/2024
Precisamos falar sobre Kevin
Vamos lá, não há maneiras de não citar as obras de referência para o autor e a emulação fantástica, maravilhosa que ele vem fazendo do livro 1 ao 2. Já iniciei a leitura do livro 3 e se comprova a malha de produção criativa que ele estabelece e eu confesso que estou me divertindo a cântaros, como não imaginava!
O horror que o livro 2 traz é tão surreal quanto os momentos mais pastelões de Twins Peaks, e nonsense em sutilezas, flertando com humor britânico. A cena com as belonaves no sistema solar é tão surrealista quanto ridícula, ao mesmo tempo que terrível e assustadora, você pode pegar os meandros da piadinha maliciosa da cena ao mesmo tempo que está tomando bofetadas das descrições das cenas mais terríveis possíveis, de um verdadeiro massacre, e ao fundo eu só ouvia aquela valsinha tocando na minha cabeça" tananann tanan tanan" que nem no monthy phyton... numa piada do 2001 odisseia no espaço.
Não há como negar que há uma premissa na obra de Asimov em fundação, assim como fundação é basilar para o Guia do mochileiro das galáxias, visto que em Floresta sombria o autor confere alguma citação ao autor enquanto no livro um ele insere, literalmente, obras físicas dele, como por exemplo na conversa com o encarcerado sobre a manutenção da milícia.
No entanto, não significa que se perde em mera cópia, visto que Camões não se perde por emular seus predecessores, pelo contrário, a emulação é, ao seu passo, uma gentileza que se presta aos grandes nomes e modelos de gênero, que hoje, diferente de séculos passados, permitem que nós subvertamos eles próprios em prol de uma literatura engajada e inventiva.
Há também referência ncias muito divertidas a Darwin e a Star Trek, e não vi nenhuma clara sobre Star Wars, já que seria um demérito entre as frentes de fãs, não é mesmo?
Enquanto temos teorias e tecnologias que vão se inserindo como naturais no contexto da obra , recuperados da cultura pop de um modo que eu fiquei pendente sem saber exatamente de onde, como por exemplo o Mar profundo e a bicicleta ou a cidade floresta, tudo de um modo que o leitor consegue lidar com a verossimilhança.
O que se dá em relação ao Guia fica na piada da floresta sombria e se vc já leu a obra de Douglas Adams pode ter pegado a piada, no que se insere o conceito do lugar mais brega da galáxia, no que Asimov tem em Fundação um elemento de partida, na obra deste autor que falamos vai para um terceiro sentido.
Ainda ali em Adams, temos o derrotismo, que vem do livro 1 ao 2 e parece algo pertinente, mas é uma referência ao Arthur Dent, ao espírito Britânico e, quiçá, da humanidade, ao passo que encontramos também um Zaphod as avessas, que não é exatamente um preside te da galáxia, mas acaba fazendo a mesmíssima coisa que o dito cujo, com o direito a seu próprio fantasma...
A cena do golfinho é a confirmação mor, vc poderá constatar, pq é ali, no momento de diversa adjetivação de um elemento trissolariano que vemos a assinatura de amor de um mochileiro.
Cabe ressaltar aqui que se você leu o livro "aguas vivas não sabem de si" e ficou meio chat pelos destinos que se deram aos azulis e a protagonista... pois é mané... não tem tudo a ver com esse aqui, mas reflete um pouco... tem tb a questão dos cientistas lá do livro 1 e a contagem regressiva, isso é muito importante e passa direto pro final aqui, atravessando o Rey Dias, e vamos encontrar dinovu nu livru 3... to piranu ??
E a maior piada está no elemento da revelação da aparência dos trissolares, menine! É exatamente como eu esperava, mas quase isso, de certo modo, ainda que estivesse torcendo pra que não.
E o Kevin? Que kevin...