Revanche

Revanche Mário Feijó




Resenhas - Revanche


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Pabline 28/11/2012

Revanche
http://amigasentrelivros.blogspot.com.br/2012/10/resenha-revanche.html

Quem me emprestou esse livro foi uma amiga de curso. Não sabia ao certo o que esperar. Ela falou que gostou e achava que eu iria gostar também. Li a sinopse, achei interessante. Comecei... E me surpreendi completamente.

Zeca sempre teve o sonho de ser ator, mas esse sonho não foi muito longe, sempre havia empecilhos e o mais perto que chegou da profissão foi trabalhando na Tv Guanabara como assistente. Sua vida é uma bagunça. Vive um fim de casamento catastrófico com Aparecida, que junto com a mãe de Zeca, adoram atormentar sua vida e lhes dizer o quanto ele é inútil, idiota, e como ele se tornou uma completa decepção.

Em meio a trama conhecemos uma pouco mais sobre sua infância, sonhos, família, traumas do passado. E aos poucos vamos descobrindo que estamos em meio a um segredo surpreendente e revoltante.

Os personagens são bem construídos. Muitos odiei, outros sentir pena, com outros ainda soltei boas risadas. Mas o ponto alto do livro é principalmente a narrativa. Que trabalho maravilhoso. O livro é narrado pelo ponto de vista do Zeca, mas o autor se utiliza de expressões como “você isso, você aquilo” se referindo ao próprio Zeca, a impressão que temos é a de como se fosse um narrador a parte, ou o próprio Zeca falando com ele mesmo. Nunca havia visto isto e como amei esse jeito de escrever. Melhor colocar um trecho do livro para vocês terem noção do quão maravilhoso é essa narrativa.

Aconteceu de novo. Outro beijo, lento, demorado. O abraço forte. As línguas se encontrando, macias, ternas, carentes. Sua muralha rachando. Em Cristina algo despertava após longa hibernação. Gentil, você a pegou no colo, sem que sua boca deixasse de procurar a dela. No corredor lateral do quintal, entre a casa e o muro que limitara com a garagem do vizinho, havia privacidade.
Beijos e muitos mais beijos, carinhos, novos carinhos. Nenhuma palavra, nenhum pensamento. Só carinhos, cheiros, instintos. A muralha desabando, seu desejo intenso, doendo, pulsando, pedindo, implorando, aflito, desesperado. Cristina correspondia, mas foi correspondendo cada vez menos. [...] Você não percebeu (percebeu?) as lágrimas escorrendo pelo rosto dela, pingando no peito. [...] Você devia ter parado, abraçado-a, feito um carinho vem suave nela. É, devia. Mas você não parou, Zeca, seu cretino. (página 78-79)

Só posso dizer o quanto esse livro foi bem escrito, como me prendeu, me fez rir, me fez ficar apreensiva, me fez fazer caras e bocas quando lia no ônibus (tenho certeza que alguém pensou que eu era louca ^^). Os conflitos familiares me fizeram sentir apreensão pelo Zeca, me fizeram perguntar como as pessoas chegam a essas condições, e usando as palavras do próprio autor, “Revanche mostra também, como certas famílias podem levar um jovem quase à loucura, anulando ou distorcendo seu potencial. Negando apoio nos momentos em que ele mais precisa.”

Tudo isso em meio a tensão Ditadura e pós-Ditadura. Como sentir nojo de certos personagens, como fiquei impressionada por certas atitudes, como esse livro me fez olhar para o Homem com olhos temerosos. Uma obra com uma narrativa bem desenvolvida e arrebatadora, com trechos de uma infância cheia de peraltices que me fizeram rir, conflitos entre familiares, e um final de deixar o coração na mão. Eu ainda tinha perguntas, Zeca tinha perguntas, mas o livro terminou da maneira certa, pois Zeca não poderia fazer mais nada. Zeca, você foi corajoso. Mas eu não queria isso. Não mesmo. Mas você acha que foi isso o que realmente aconteceu, Pabline?

Um livro nacional belíssimo. Mil parabéns ao trabalho de Mário Feijó. Livro curtinho e de fácil leitura, mas marcante e surpreendente. Indico muito.

Enquanto ela escorregava de costas pela porta, você se aproximou, chegou pertinho, deu uma cheirada no seu pescoço. Dava para sentir o cheiro do medo. Um cheiro bom
[...]
- Me chama de assassino de novo.
- ASSASSINO! – gritou a pleno pulmões.
- Legal, me chama de meganha.
Ela não entendeu nada. Ficou calada.
- Me chama de estuprador.
- ...?????
- Me chama de meganha assassino e estuprador, porra! Me chama. Me chama de torturador.
- Você é um tarado!
- Quase
[...]
Aparecida começou a se despir.
- Se você tá com vontade...
Estúpida! Depois o tarado era você.
Você saiu naquela noite, naquele instante. (página 94-95)
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Karol 09/12/2010

Brasileiríssimo!
Um livro muito brasileiro sem rodeios, usa a lingua e a gíria como a gente fale no dia a dia. Conta um drama muito profundo e reflexivo. Eu tenho esse livro sendo que ele tem outra capa, mas amei ele. EU recomendo para quem tem senso crítico e gosta de coisas reais e de literatura brasileira.
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