spoiler visualizarLéka 07/02/2011
Muito superior à Wake, Fade é o responsável por tornar esta uma boa série.
Começo a resenha informando que é possível que você encontre um spoiler aqui, outro acolá (sempre gostei dessa palavra e estava esperando uma oportunidade para usá-la, é verdade) de Wake, primeiro livro da trilogia escrita por Lisa Mcmann sobre a apanhadora de sonhos Janie Hannagan. Nesse caso, sugiro que você pare de ler meus comentários sobre Fade, segundo livro da série, ou opte por prosseguir por sua conta e risco. Há.
A estória de Fade é bastante simples: a capitã Fran Komisky suspeita que um professor em Fieldridge High esteja assediando alunas da escola. E agora você, que leu Wake, tem 03 chances para adivinhar quem foi designado para auxiliar nas investigações do caso...É, pois é. Cabel e Janie, que, sabe-se lá como, têm 17 anos, mas são colocados nas situações mais absurdas como isca pela polícia.
A narrativa em Fade é bastante ágil e não senti que o livro se arrastou em momento algum, ao contrário de Wake. O arco apresentado é muito interessante (eu não consegui largar o livro até terminá-lo) e bem mais policial do que aquele trazido pelo primeiro livro. Confesso que parte do mistério é revelada rápido demais e a outra parte você “meio que já imagina”, mas acho que foi uma opção da autora que não prejudicou o livro. Aqui, ao invés de aguardarmos até o último minuto para saber quem é o “predador sexual” (nomenclatura do próprio livro; por favor, não mate o mensageiro) da escola de Janie e Cabel, temos fortes indícios de quem o seja desde o início, mas o foco da estória fica em descobrir como tal pessoa consegue fazer o que faz (um ótimo exemplo meu do bom uso da língua portuguesa).
A mitologia envolvendo os apanhadores e sonho é mais bem explicada e o livro traz revelações acerca da condição de Janie que eu, sinceramente, não esperava, mas que foram uma grata surpresa. Outra notícia boa é que o número de sonhos alheios sem propósito algum para o desenvolvimento da narrativa diminuiu em relação à Wake. Talvez seja a maneira da autora “mostrar” e não apenas “dizer” (uma sutil diferença que, convenhamos, muitos autores de livros YA NÃO aprenderam) que a protagonista, pouco a pouco, adquiriu maior controle sobre as suas habilidades.
Como nem tudo é perfeito, chegamos à parte que eu mais gosto das resenhas. Desculpem-me, mas eu estaria mentindo se negasse isto. Chegou a hora do: o-que-eu-não-gostei-em-fade. Em primeiro lugar, novamente Lisa Mcmann simplesmente não desenvolve as personagens secundárias, nem um pouquinho, nada, niente. Aliás, li uma resenha bem legal da Lívia, do Lívia Ledier, na qual ela comenta que a autora mostra no livro como Janie e Carrie parecem se distanciar pouco a pouco, o que é um retrato bem fiel de muitas amizades na vida real. Eu concordo, mas me parece que ao fazer isso, a autora também deu um jeito de tirar Carrie de cena para poder se focar só nos protagonistas. O que é uma grande pena!
Aliás, por falar em Janie e Cabel, acho que eles são dependentes demais um do outro. E seria legal vê-los interagir com terceiros de maneira saudável e para fins de mera socialização, sem questões de trabalho e ordens da capitã envolvidas.
Bem, Fade é bastante superior à Wake e uma ótima leitura de férias, no melhor estilo fast food: rápida e divertida. Não mudou minha vida, não é o melhor livro de todo o universo, mas é bom. Recomendo a leitura e aguardo com ansiedade pelo desfecho da trilogia em Gone.