Carlos Augusto Vasques 15/05/2024
Lido em 24/10/2023
Vida Winter é uma escritora inglesa de sucesso, autora de muitos best-sellers e famosa no mundo inteiro. Extremamente reservada, sempre procurou preservar sua vida pessoal da imprensa e do público, chegando mesmo a criar histórias falsas a respeito de si mesma, a fim de ocultar sua verdadeira história. Entretanto, ao sentir aproximar-se o fim da vida, reclusa e com a saúde fragilizada, decide finalmente escrever sua biografia. Para tanto, resolve contratar os serviços de uma biógrafa inexperiente e praticamente desconhecida.
Margaret Lea é a profissional que Vida Winter deseja para contar ao mundo como sua vida realmente se deu. Margaret é filha de um livreiro conceituado, trabalhando com o pai em seu antiquário, uma livraria especializada em edições raras. Sem entender o motivo da afamada escritora a ter escolhido para ser sua biógrafa, Margaret se dá conta o quão pouco sabe a respeito da celebridade, jamais tendo lido nada escrito por Vida Winter. É quando se recorda da existência de um livro dela na loja de seu pai, "Treze histórias de transformação e desespero", e resolve lê-lo. Intrigada por que tal livro seria uma obra rara, descobre que a edição tem um erro, contendo somente doze histórias, contrariando o próprio título. Quando o equívoco foi descoberto pela editora, tentou-se um recolhimento completo dos volumes que chegaram a ir para o mercado, mas alguns poucos exemplares permaneceram nas mãos de uns sortudos, dentre os quais o pai de Margaret. Curiosa para saber o motivo do convite que recebera e instigada pelo mistério de qual seria a história faltante jamais contada - a décima terceira história - decide aceitar a proposta para elaborar a biografia de Vida Winter e, para isso, muda-se para a casa da escritora.
A princípio, o relacionamento entre as duas mulheres não é fácil: Vida Winter é cheia de excentricidades e seu passado é um enredo nebuloso, constituído por relações familiares complicadas e trágicas, repletas de enigmas. Pouco a pouco, Margaret vai conseguindo desvendar os fantasmas que vem assombrando a escritora durante toda a vida, chegando a revelações surpreendentes e chocantes. O que Margaret não poderia prever é que tal viagem de descobrimento iria afetar sua própria história, ajudando a compreender e aceitar melhor algumas angústias que sempre a atormentaram.
"A décima terceira história" foi o romance de estreia de Diane Setterfield, autora inglesa, e que, segundo consta na capa do livro, se constituiu no "maior fenômeno editorial de 2006", figurando em primeiro lugar na lista de mais vendidos do New York Times.
Minha avaliação é de mediana para boa. Aliada a um componente de mistério razoável, a trama passeia por vários aspectos interessantes do universo dos livros: edições antigas, bibliotecas, várias referências literárias, como "Jane Eyre", "O morro dos ventos uivantes" e outras mais. Isso certamente confere um charme à história. Entretanto, a narrativa dá muitas voltas, ficando confusa em determinados momentos. Além disso, o texto às vezes custa a fluir, talvez por ser rebuscado em demasia, até mesmo pretensioso. Também me pareceu haver um certo exagero nas tintas das personagens principais, tornando ambas algo fantasiosas ou inverossímeis. Em resumo, a leitura me proporcionou bons momentos de prazer, embora no todo tenha deixado um pouco a desejar.