Resenhas - Eugénie Grandet

Mario Miranda 22/09/2018

Shylock Balzaquiano
Eugénie Grandet foi uma das primeiras obras Balzaquianas a atingirem uma popularidade absoluta. Escrita em 1833, anos antes a Ilusões Perdidas (1843) e A Mulher de Trinta anos (1842), em um raro momento de felicidade do Escritor (que conhecera sua amante e futura Condessa Hanska), foi amplamente traduzida imediatamente após sua publicação, tendo sido traduzida para o russo por ninguém menos que Dostoiévski.

Eugénie Grandet narra a história da família Grandet, milionários produtores de Vinho no interior Francês, cujo círculo familiar gira em torno do Sr. Grandet, típico Burguês do universo Balzaquiano, um ignorante que após sucessivas decisões acertadas, torna-se uma das maiores fortunas do universo de A Comédia Humana. A situação familiar se deturpa com a chegada do primo de Eugénie, Carlos, que é enviado pelo pai após este falir em Paris. Decidido a reconstruir sua honra, Carlos decide ir as Índias em busca de riqueza, deixando Eugénie esperando por seu amor.

Felix Grandet, ou Sr. Grandet, é um Shylock do universo Balzaquiano: um homem que apenas se importa com suas riquezas e seu ouro, capaz de trapacear contra sua própria filha (como no caso em que após fecharem o testamento materno, Grandet abstém-se de pagar a quantia acertada a sua própria filha), culminando em seus momentos finais, quando recebe a extrema unção, seu último olhar e pensamento refere-se a Prataria carregada pelo Padre ao ministrar-lhe o Sacramento.

Eugénie Grandet é uma obra rara na obra de Balzac. Apesar de compor os dois principais argumentos do autor, a crítica a burguesia e o pessimismo com as relações sociais, é uma obra com pouco ou quase nenhum contato com as demais obras Balzaquianas, sem aparições de personagens que compõem outros livros. Eugénie Grandet é uma obra que se encerra em si mesma, sendo provavelmente a melhor indicação àqueles que buscam ler apenas uma obra de Balzac e não sua coleção toda.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/