Léia Viana 01/06/2015
“Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver.”
Tenho fascinação pelo modo que Caio se expressava, seja em um poema, uma carta, conto, ou, um simples texto, fico encantada com o bom uso feito das palavras, que se transformam em sentimentos e nos levam a reflexão, mesmo não vivendo o exposto, ou passando perto daquilo que foi escrito por ele, Caio faz o leitor mergulhar nas palavras e se envolver com sua escrita e a situação ali exposta.
“...eu queria tanto conhecer alguém. Talvez o tempo traga uma pessoa, uma pessoa especial. Talvez eu resolva isso aos poucos, sem sentir, depois de resolver a mim mesmo. Talvez eu esteja demasiado perto da adolescência ainda – dentro dela, até - e seja difícil, por enquanto, me libertar de todas as idiotices que ouvi.”
“Limite Branco” é a descoberta de si, do mundo, do que importa e do que não nos faz falta. É um livro de descobertas, desencantos, maturidade, incompreensão, solidão, mudanças e da tentativa de se tentar programar a própria vida, esquecendo-se que a vida, ah, a vida apenas acontece, bastando apenas que a gente a viva.
Escrito por um Caio muito jovem, talvez em processo de entender o mundo e a si próprio, o começo da narrativa me deixou um pouco confusa, pois demorei a reconhecer o estilo literário de Caio, e achei que pela primeira vez teria um livro do qual desconhecia por completo seu autor e me levasse a não seguir adiante com a leitura. Passado a estranheza inicial, comecei a encontra-lo e a leitura foi me conquistando.
“Não sei como me defender dessa ternura que cresce escondido e, de repente salta para fora de mim, querendo atingir todo mundo. Tão inesperada quanto a vontade de ferir, e com o mesmo ímpeto, a mesma densidade. Mas é mais frustrante. Sempre encontro a quem magoar com uma palavra ou um gesto. Mas nunca alguém que eu possa acariciar os cabelos, apertar a mão ou deitar a cabeça no ombro. Sempre o mesmo círculo vicioso: da solidão nasce a ternura, da ternura frustrada, a agressão, e da agressividade torna a surgir a solidão. Todos os dias o ciclo se repete às vezes com mais rapidez, outras mais lentamente. E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e se sucedem e deixam sempre sede no fim.”
Leitura recomendada!