Resenhas - O Despertar da China

Raul Maciel 21/09/2010

O Despertar da China
Publicado primeiramente em 1990, o livro até então apresentava dados e fatos que, em geral, indicavam um futuro crescimento acelerado - mas naquele momento, pode se dizer que se tratava de uma potência ainda em construção (é claro que, devido ao tamanho e à influência da China, o país sempre fora, de certa maneira, uma potência). Com a segunda edição sendo publicada em 2002, não se tratava mais de um projeto ou previsão de algum economista, a China se consolidara definitivamente como um dos países mais importantes no cenário mundial.

O livro é dividido em três partes. A primeira trata um pouco da história da China e das medidas adotadas para a abertura econômica, a segunda já apresenta os resultados das mudanças ocorridas e na terceira parte (que é o que diferencia a 2ª da 1ª edição) o autor trata do período entre 1990 e 2002.

O período que realmente importa, para a idéia do livro, é a partir do fim da década de 1970; de grande importância é o momento a partir do qual a China passa a ser comandada por Mao Tse-tung, em 1949. No início da década de 1970, aparece Deng Xiaoping, primeiramente como vice-primeiro-ministro, em 1976 como primeiro-ministro e após a morte de Mao, ainda em 1976, ele se torna vice-presidente do Partido e Chefe das Forças Armadas. O programa, projetado por Chou En-Lai, das Quatro Grandes Modernizações começa a ser posto em prática com Deng Xiaoping - as quatro áreas seriam: agricultura; indústria; defesa nacional; e ciência e tecnologia.

(Ao longo do livro, Carlos Tavares de Oliveira apresenta algumas cartas e entrevistas de importantes figuras no contexto, que, sem dúvida, são de grande importância.)

Em 1980, ocorre a criação das chamadas Zonas Econômicas Especiais: objetivando, principalmente, atrair investimentos externos (atração possível através de preferências fiscais, autonomia e concessão de crédito) e transferência de tecnologia para o desenvolvimento agrícola e industrial. Essa abertura ao capital estrangeiro, que pode também ser representada pelas Zonas Econômicas Especiais, porém não somente por elas, é a chave para crescimento chinês. Os resultados começam são bem visíveis no final da década de 1980: presença em território chinês de diversas empresas de diversos países e forte crescimento da produção industrial.

Em meio a várias reformas, principalmente econômicas, chama a atenção a reforma educacional, que possibilitou à China grande salto na quantidade - e também na qualidade - de instituições de ensino e de alunos matriculados.

Quanto à agricultura, fora, em 1979, criado um sistema de "contrato de responsabilidade": um sistema com mais de 800 milhões de pessoas concentradas na agricultura - aumentando a produção, aumentando a exportação.

(O livro tem capítulos que tratam das principais cidades/províncias chinesas, como Pequim, Jiangsu, Xiamen e Xangai, entre outras; e outros que são específicos para falar das relações da China com Hong Kong, Taiwan e EUA, por exemplo.)

Ainda na Parte II, são analisadas de maneira mais detalhada as questões que dizem respeito ao petróleo, à indústria siderúrgica (crescente importância da China enquanto produtora de aço) e ao turismo.

Na Parte III há, mais uma vez, um capítulo que fala da relação EUA - China, que é importante para ambos, uma vez que não há como um ver o outro de outra maneira se não como um grande mercado a ser explorado. Nessa parte do livro, de grande destaque é a entrada da China para a OMC (Organização Mundial do Comércio), em 2001.

A apresentação dos dados econômicos da China do início da década de 1980 comparados com seus dados do início dos anos 2000, e feita a mesma apresentação, e comparação, dos dados do Brasil no mesmo período, demonstram o quanto a abertura econômica (à qual o Brasil não se dispõe um décimo do que a China se dispôs e se dispõe) é essencial para a consolidação de uma economia forte e o conseguindo em poucas décadas.