Luhran 09/12/2020Nado ao Nada?
Repleto de promessas que enchem qualquer leitor voraz de poesia com esperança, Nado livre é só mais um mergulho no enorme vazio da decepção.
Com frases quebradas que beiram a imaturidade e o amor raso, Lili Reinhart desmancha o conceito de amor próprio e carrega páginas e mais páginas de textos desconexos e contraditórios com a atualidade da luta feminista.
?vendo de fora
é difícil imaginar por que
alguém resolveria ficar.
Como é que ela sobrevive
depois de ser dobrada em tantas
direções?
Ela não se curva assim.
Mas ela se curvará, sim.
Por ele?
O amor próprio e a construção por uma mente saudável vem sendo uma pauta enorme nos últimos tempos. Onde a prioridade pela saúde mental e a gratidão por si mesmo quebram os conceitos doentios e dramáticos que ?a decepção amorosa é uma doença? e que se desdobrar para caber em outro alguém é algo bom.
Nado livre é um desserviço aos poemas contemporâneos que repudiam a idolatria fanática de relacionamentos abusivos e visam o crescimento pessoal como a melhor forma de descrever o amor.
?Ou encontre alguém
Que me ajude a desligar
Minha mente.
Ninar minha ansiedade
E a colocar
Para
Dormir"
A procura nunca deve ser por outro alguém como escrito neste poema. Sua paz e sua tranquilidade interior precisam de apenas um cuidado: o seu. A dependência de relacionamentos amorosos para depositar suas frustrações e seus problemas é um ato extremamente egoísta.
Este livro realmente faz jus ao título, pois a ordem de seus textos são bem aleatórias e contraditórias. Um verdadeiro Nado livre em direção ao grande e imenso nada.
Não caiam na ideia de precisar de outro alguém para ser completa.