Kramp

Kramp María José Ferrada
María José Ferrada




Resenhas - Kramp


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Ju Arrais 10/01/2024

O que há com livros curtinhos? Sempre fascinantes.
Kramp conta a visão de mundo de uma garotinha que cresceu e se desenvolveu nos anos 70 a partir de suas vivências com seu pai, que é caixeiro viajante.

A narração do livro é hipnotizante, acompanhamos aquele mundo se constituindo, cheio de associações, insights e mesmo com toda a esfera melancólica, ainda tem algo que nos tira um sorriso de canto.

Ao passar do tempo e decorrer do livro, a melancolia e desvanecimento toma conta. As relações, a identidade, as memórias se misturam e viram fantasmas, deixando o leitor com uma espécie de sentimento desconfortável, intangível e também melancólico.

Um livro com menos de 100 páginas e primeiro romance de María José Ferrada que me arrebatou com uma potência extraordinária.
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Lili 20/08/2022

Buraco
Com frases curtas, poucas, todavia, certeiras palavras e feita 95% com produtos Kramp, estreia da chilena na ficção para adultos deve cair na probabilidade, resistir a terremotos e tornados para permanecer através do tempo ao escolher M, uma garotinha de sete anos, para ser protagonista de um drama familiar dentro de um cenário assombrado pelos fantasmas deixados por Pinochet e seus demônios.
Filha de um caixeiro-viajante e de uma mãe ferida de múltiplas formas pelo regime de terror do seu país, M fica encantada com a história do pai, e deixa a escola, secretamente, e a mãe, algumas vezes por semana, para acompanhá-lo como ajudante no ofício percorrendo cidades e vilarejos vendendo produtos de serralheria da marca Kramp.
“Aos sete anos [...], escutei pela primeira vez a história da alunissagem e sua moral: com os sapatos bem lustrados e o traje adequado, tudo é possível. E, acho que para me prevenir sobre a natureza da vida, D acrescentou que também era necessário ter um pouco de sorte.
Nessa mesma tarde limpei meus sapatos de verniz com uma escovinha, coloquei um vestido verde combinando com meias verdes e decidi que seria a ajudante de D.” (p.14)
O ingresso precoce de M no mundo dos adultos, sua chamada educação paralela, nos dá acesso com uma visão singela e uma linguagem bonita, metáforas divertidas em boa parte, às dificuldades do ofício do pai, às artimanhas para conseguir o suficiente para terminar o mês e ao buraco deixado por quem regou com sangue e poluiu com o medo o solo e o ar do Chile.
Essa linguagem mostra sua conexão com o pai, são dos momentos com ele que surge sua forma tão singular de expressar, entretanto o próprio uso da inicial D para falar do pai, e o fato da mãe ser chamada apenas de mãe, pareceu indicar que ela enxerga essas relações de forma bem distinta, ambas tem distanciamento, contudo ela descobre, e verbaliza isso, que a distância da mãe tem um bom motivo (“uma mãe inteira teria notado”), enquanto a do pai é por “ele não ser grande coisa como pai, mas um excelente patrão.”.
“O que quero dizer é que cada pessoa tenta explicar o mecanismo das coisas com o que tem em mãos. Eu, aos sete anos, tinha entendido a minha e topado com o catálogo da Kramp.” (p. 18)
O ponto mais importante talvez seja o espaço-tempo. Nós não podemos esquecê-lo, o uso de palavras e construções fáceis de entender, os capítulos super curtos assim como o tamanho da obra talvez leve muitas pessoas a embarcarem em um avião a jato, a concluir em uma sentada, há uma composição que permite isso, essa velocidade, mas não o faça, aceite seu barco a vela simples para viajar nessas páginas. Lembre-se que é narrada por uma menininha, lembre-se que as pessoas evitam normalmente contar coisas da mesma forma que contariam a outras pessoas e perceba todos os sinalizadores mais sutis, mais mascarados para compreender, antes do momento em que será impossível mesmo para uma leitura descuidada descobrir que tipo de livro é Kramp: duro, dolorido, profundo.
Tenho minha epifania, perto do fim. Percebo diante dos olhos minhas partes fragmentadas unidas com tachinhas, pregos, parafusos e porcas da marca Kramp tentando formar uma unidade e conseguindo resistir por quase toda obra por sua dicotomia: momentos de luminosidade, uma linguagem divertida, dividindo lugar com uma sombra densa, os buracos. Essa estrutura cheia de vazios que ficou não resistiu ao último tremor de terror, a última ventania. Encerrei Kramp com uma alma remendada 80% por peças do catálogo, caio na improbabilidade com M, tudo se solta, somos um amontoado de palitos.
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csartoretto 02/08/2022

Um livro curtinho, que trata de forma aparentemente simples de temas sensíveis como amizade, relacionamentos parentais e suas responsabilidades.
A protagonista é uma criança sensível e observadora com uma percepção do mundo e das pessoas que a meu ver em muitos momentos parece mais adulta que alguns adultos ao seu redor.
O único de defeito é que acaba muito rápido, gostaria de passar mais tempo na companhia desses personagens.
Luciana 02/08/2022minha estante
Ah que bom que gostou, vamos ver se no novo ela mantém a qualidade da escrita ??




Vi 27/12/2021

Kramp é um um romance curtinho e autobiográfico da escritora e jornalista chilena Maria José Ferrada. A protagonista "M" é uma criança de sete anos que narra suas viagens atravessando cidadezinhas com seu pai "D", que era vendedor de ferramentas da marca Kramp.

"M" conta como funcionava os pensamentos do seu pai e a forma meio imprudente como foi criada, tudo com um olhar leve e livre de ressentimentos. É um livro muito fácil e divertido de ler, em que você se envolve naquela vida peculiar que os caixeiros-viajantes adotavam nos anos 80. Mas também é pautado em um pano de fundo triste, em que a ditadura de Pinochet, no Chile, fazia desaparecidos políticos.

Gostei muito dele, li em dois dias. A autora tem uma maneira peculiar de narrar que deixa a leitura bem fluida.
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ana 02/01/2022

não é resenha vou só colocar as frases que gostei (mas tenho que dizer que amei o livro, foi uma leitura que por mais que curta falou muito

?todo lo que siguió fue posible gracias a que mi madre estaba ausente. no porque saliera mucho de casa, sino porque uma parte de ella había abandonado su cuerpo y se resistía a volver.?

?mi comprensión del mundo se expandía como una esponja, si a eso se sumaba todo lo que iba escuchando en los mesones de las ferreterías, en cafeterías, los hoteles.?

?nos habíamos vuelto argollas de humo. y nos desintegrábamos al cruzar el cielo de la ciudad.?
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Giselaine 05/03/2022

"coisas que eram simplesmente como eram"
Kramp é um livro narrado por uma menina de 7/8 anos e com um passagem de tempo para 13/14. Um livro pequeno pra tantos temas importantes, a começar pela lógica das crianças, pela ingenuidade e sagacidade dos pensamento e conexão de idéias. Pela paternidade irresponsável e com pouco afeto (ou afeto de uma forma não convencional???). Pela depressão materna. Pelos anos de chumbo de Pinochet. E pela quebra do encantamento , da visão mais adulta das situações. Confesso que o final me deixou um pouco surpresa, mas sem perder o encantamento pela obra! Recomendo muitíssimo a leitura, literatura chilena da melhor qualidade!
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@estantedamarcia 18/01/2024

A história é narrada a partir da ótica das memórias de M., qd tinha 7 anos e nos guiamos pelo encantamento dela pelo mundo do seu pai D.
Ao longo da narrativa vai se descortinando o período da ditadura de Pinochet e o desaparecimento de pessoas, de forma muito sutil e poética. Outro aspecto que vamos tendo acesso é a percepção dela sobre a relação de seus pais. E como ele é quase um super-herói, e a mãe uma pessoa apática e sem vida, que vive dentro de casa. Nos deparamos, ainda, com um rompimento implícito da educação formal de M. em contrapartida a uma educação de ordem prática e que se dá no cotidiano vivenciado (mesmo que com algumas passagens questionáveis).
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FelCuesta 14/01/2023

Belo e cativante!
O livrinho Kramp parece, a princípio, despretensioso.

Uma história contada por uma adolescente, sobre a vida em comum que teve desde cedo com seu pai, um caixeiro viajante que percorre vilarejos remotos vendendo produtos de casa e de construção com a marca do título. Até aí nada demais. A mágica acontece sem que a gente perceba, pela forma de contar e de interpretar a sequência de acontecimentos quase banais, cheia de simbolismos e de descobertas sobre a vida, pelos olhos infantis da narradora. O que colore de tinta vibrante a paleta da narrativa é a linha de afeto tênue forjada entre ela e o pai, medida segundo padrões pouco ortodoxos, conquanto bastante verdadeiros, e que vão tornando cada vez mais indissociáveis os dois protagonistas da obra, malgrado a passagem do tempo possa ir lhes separando por circunstâncias outras que o livro trata de apresentar, através de pequenas parábolas, paralelas ao tempero oscilante entre a ausência e a presença da mãe da protagonista, uma personagem coadjuvante que assume um papel decisivo na resolução do enredo.

Belíssimo. Para ler em um dia e refletir por semanas.
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Vicente 05/11/2022

Excelente
Kramp da escritora chilena Maria José Ferrada foi uma grata surpresa. O livro já consegue encantar o leitor logo nas primeiras páginas.
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16/02/2023

Uau!! Que história!!
Despertou muitas sensações, principalmente aquelas que são disparadas pelas memórias da infância?
Impossível não se envolver com a história e as lembranças de M.
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Martony.Demes 09/04/2023

A história de uma menina M que acompanha seu Pai D em sua jornada como trabalhador caixeiro-viajante. E nessa saga, ela aprende precocemente muitos sobre os percalsos da vida, do tempo entre outros

Eu li que é uma obra autobiográfica da vida do pai da autora, que viveu nesse ofício de caixeiro-viajante nos anos de 1980 e 1990, no Chile. Parece-me uma narrativa simples, comum, mas em poucas páginas ela cita temas como a Ditadura Militar, desaparecimentos políticos no país, violência de Estado, relação entre pais e filhos, a depressão da mãe, infância negligenciada; a precariedade da vida entre outros.
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AAnacruz 02/05/2023

A história é contada sob a perspectiva dessa menina que viaja com o pai que é caixeiro viajante e vê tudo pelo seu olhar infantil, sem muitas vezes perceber a gravidade do que acontece. Começa a entender as coisas da vida com a ferramentas que tem em maioria materiais de construção. Tanto que se refere a Deus como O grande construtor (o que não deixa de ser vdd). No final ela já crescida começa a vê a realidade.
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Debora.Oliveira 05/05/2022

Não julgue o livro pela capa!
Livro lido graças a recomendação do Leia Mulheres Niterói, até então uma autora que não conhecia e uma capa que me intrigou.

A narrativa surpreendeu demais ao trazer uma criança passando por uma trajetória tão fora dos padrões com seu pai que é caixeiro viajante e uma mãe depressiva. Que livro potente e narrativa forte!

Quote: "O que eu quero dizer é que cada pessoa tenta explicar o mecanismo das coisas com o que tem em mãos."
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Rodrigo Leão 13/04/2024

Emocionante
Leitura muito boa, da pra dar aquela fita da ressaca, recomendo muito. Tem um pano de fundo muito bom.
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