Cesinha 30/09/2020
Excertos de "A Vida Humana - Perdas e Consequências"
O objeto pode ser renunciado, mas o amor por ele não. Quando esse amor se refugia na identificação narcisista, o ódio entra em cena, degradando esse objeto e satisfazendo-se sadicamente de seu sofrimento. Esse sadismo pode justificar a tendência ao suicídio por parte do melancólico. O amor do Ego por si é tão grande que se pode reconhecer aí o estado primeiro de onde provém à vida instintual. A quantidade de libido narcisista liberada em uma situação de ameaça a vida é tão grande que se torna inconcebível o fato desse ego consentir seu próprio aniquilamento.
O amor sozinho não se suporta. O único amor que sozinho se sustenta é aquele pelo que não é ligado fisicamente a mim.
Quando meu medo de perder é insuportável, se busca motivo para haver a perda. Mas quando se perde, o amor sem medo se torna melancolia.
Indiferença é o ato psicopático de não-investir, evitando o dor-da-perda (se eu não gosto, a perda não se transforma em dor).
A indiferença promove a troca do ético pelo estético, como o medo de envelhecer e o desinteresse pelas gerações futuras intensificam a angústia da Morte enquanto que o culto narcísico à beleza, ao encanto, tornam a perspectiva do envelhecimento intolerável.
Nosso mundo mascara as perdas através do uso massificante, pela mídia ou meios informais, do Sentimento Paradoxal (imagens, falas, textos e sons), gerando um processo de indiferença frente à morte
Se não houver a dinâmica do Luto, podemos iniciar o desencadeamento de doenças físicas ou psíquicas.