O Leitor 07/10/2010
Um livro bom, sem muita história com ótima descrição do submundo do crime.
O livro não é muito pretensioso, o autor não escreve um romance com aquelas histórias intrincadas que vão se resolvendo, ou não, até o desfecho do livro. Ele descreve uma situação, no mínimo, embaraçosa para o personagem principal, Hart (ou All) que entra de gaiato em uma organização criminosa. A situação do livro é pouco interessante, porém o que vale é a descrição da convivência daquele grupo de ladrões em uma época da decadência americana. Ao som do jazz tocando alto, a jogatina de pôquer no salão até altas horas, os cigarros, as bebedeiras e discussões, ou seja, todo esse clima de banditismo e malandragem fica mais envolvente no livro do que propriamente a história do assalto na mansão em uma sexta-feira 13. Nesse quesito o autor me levou a estar na cena, foi bem legal, parecia que estava entre eles. Também excelente descrição da cena do esquartejamento do Paul e da fornalha no capítulo 5, aliás as cenas de violência, típicas desses grupos marginais, são bem escritas, o final também mostra essa decadência, sem perdão ou misericórdia.
Para terminar, algo que não me passou despercebido foi o deslize do autor no final do livro. Quando o assalto a mansão foi mal-sucedido, os bandidos tiveram a preocupação em trocar as placas do carro caso alguém anotasse, e na página 184, 6° parg, os policias estavam verificando a numeração das placas de todos os sedans pretos que passavam por perto, porém me surpreendo na atitude dos policias em não conferir os motoristas, já que alguém da mansão, o caseiro ou o proprietário, certamente passou a descrição da figura dos bandidos. Engraçado, os policiais checavam as placas dos carros, mas não viam se quem estava dentro batia com a possível descrição dada dos assaltantes.
Bom, outra coisa também é o fato do chefe do grupo considerar que para entrar na equipe a pessoa teria que ser um profissional, não sei o que ele entende por "profissional do crime", mas nosso amigo Hart havia matado seu irmão, por um motivo "nobre", mas mesmo assim cometera um assassinato e roubado um sobretudo, além de ser um foragido da polícia. Os motivos de Charley não me convenceram muito, pág.188, prgs 3° e 6°.
Bom, no geral, pessoalmente achei um livro bom com ótima descrição do submundo do crime. Não li muito sobre a temática gângsters + ambiente "noir".