Resenhas - Não-me-Toque em Pé de Guerra

Danny 16/12/2023

- Na pequena cidade de não-me-toque, onde todos os habitantes são conhecidos pelos seus apelidos, um tumulto se instala com a aparição de um monstro misterioso, que leva a um estado de pânico os não-me-toquenses, mas principalmente, aos políticos da cidade, que tentam a todo custo manipular as informações para manter a história encoberta. Sendo assim, seguiremos o menino Pedro Só, que tomado pela sua curiosidade, está determinado a desvendar tudo sobre o tal monstro, e contará com a ajuda de seu amigo Tec-Tec e seu avô Bons Tempos para realizar esse feito.
- Apesar de ser um livro infanto-juvenil, o autor não maneira no pano de fundo político onde essa história vai sendo construída, com abusos de autoridades, regime militar, censura e exilio, vamos caminhando junto com os personagens que estão determinados a bater de frente com tudo isso para levar a verdade a população, ao passo que torcemos para que o pai de Pedro Só consiga sua anistia e assim consiga retornar para casa e para junto de sua família.
- Gostei bastante da escrita desse autor, é o primeiro contato que tenho com o trabalho dele, e já fiquei curiosa para ler outras de suas obras, e conhecer mais e mais. Essa edição também está belíssima com as ilustrações delicadas feitas pelo Diego Rayck. Vale a pena fazer essa leitura.

soles0 13/12/2023

"Não-me-toque em pé de guerra" foi uma leitura impressionante, não esperava a direção tão bem elaborada que estória tomou, vejo esse livro como voltado para todas as idades, apesar de classificado em infanto-juvenil, até necessária, inclusive. Realmente adorei a narrativa e o desfecho, o modo como os personagens são referenciados, o conflito político típico do período de Ditadura Civil-Militar brasileira, envolvendo o combate à censura, a narrativa da família cujo pai é um exilado político e que, mesmo longe, é perseguida e vigiada por conta dos atos passados do pai em prol da liberdade de expressão... Essa leitura é um prato cheio, realmente incrível!

Epli 28/02/2022

Legal!
Um livro infanto juvenil com uma pegada de um assunto bem atual e realista. Assim o livro serve para variadas facha etária de idades.
Livro bem brasileiro com palavreados informais da fala marcado pela regionalidade rural.
História bem envolvente bem centrada no propósito de mostrar o cotidiano de uma cidade controlada por políticos corruptos que tentam esconder um segredo da população. Mas eles não contavam com a curiosidade do menino Pedro....

Educadora Lilian Silva 20/12/2015

Não tão infantil quanto promete
Não conhecia o autor nem outras obras suas. Enveredei-me, pois, por um novo caminho, que, com certeza, terá continuidade.
O que mais que chamou a atenção, a princípio, foi o trabalho visual e o próprio título do livro. Eu fiquei me perturbando o que diabos significaria "Não-me-toque em pé de guerra". O bom é que, na leitura, pude solucionar minhas dúvidas.
Neste livro, é meio difícil elencar personagens principais. Talvez o principal personagem, na verdade, seja a própria cidade, apelidada de Não-me-toque. A cidade é pequena, vive de turismo e pescaria. Todos os que lá vivem têm apelidos, e é dessa forma que são retomados ao longo do livro.
O intrigante é que a obra começa com uma pequena história de uma figueira. Diz-se que ela é amaldiçoada, por várias lendas diferentes. O livro, na verdade, termina em círculo, e eu adoro este tipo de coisa: o final explica o começo e vice-versa.
Logo após a pequena apresentação da árvore, romanos conhecimento do personagem Meio-Mundo, jornalista que foi exilado do Brasil, e que, por isso, já conheceu vários países. Sua mulher e filhos, após sua saída violenta do país, resolvem mudar-se para Não-me-toque, para morar com o pai da moça.
Nesta cidade, então, o menino Pedro recebe a alcunha de Pedro Só, pois os adultos, de alguma maneira, achavam que o pai era metido com comunismo e o menino sempre acabava sozinho em suas brincadeiras.
O conflito da história, porém, acontece quando dois pescadores aparecem machucados, depois de uma noite de pesca de siri, alegando que haviam sido atacados por monstros. Os políticos da cidade, então, não sabendo resolver o problema, ameaçam os dois pescadorws caso estes dêem com a língua entre os dentes. Mas Tec-Tec, o jornalista da cidade, e o menino Pedro S9 não deixam a história morrer.
Ao longo do livro, acabamos percebendo os motivos que movem a massa política, e os personagens ali são facilmente comparáveis a quaisquer outros representantes que buscam mais o lucro que o bem de alguém que não seja eles mesmos.
É da busca de Tec-Tec e de Pedro, então, que a cidade fica em guerra. No final, descobre-se a origem do problema, e também, anuncia-se a falta de compromisso da classe política.
Desta leitura, fiquei com a ideia de que, apesar da repressão pela liberdade de expressão, parece que a carga "jornalística" passou para o filho, o pequeno Pedro. Isso dá a impressão de que não importa o quanto se representa a comunicação e a divulgação de fatos, sempre haverá alguém que corra atrás da verdade e a propague.
Os temas tratados, então, não me parecem de todo infantis. Ou o livro é feito para leituras diferentes, quando feita por públicos diferentes. Os mais pequenos não se importação com as questões políticas, e irão prnder-se mais à pescaria, às cartas do pai, etc.
Outro item que não me parece muito infantil são as ilustrações. Eu as amei. Adorei a mistura dos tons, a representação das cenas mais complicadas, com tudo em escuro e traços incertos. A representação das pessoas me lembrou computação gráfica, o que também foi interessante. Mas, de forma geral, não são ilustrações que lembrem gravuras infantis.
Em suma, foi uma leitura interessante, mas que ainda devo fazer novamente para tirar mais impressões e conclusões. Recomendo a leitura.

Mário Jorge 31/03/2013

Lembrança de infância
Li este livro ainda criança, por isso não pude entender muito a crítica aberta ao regime militar e aos abusos das autoridades. Mas me divertiu bastante. Após seu pai ser obrigado a deixar o país por motivos políticos, Pedro e sua mãe vão morar no interior, na cidade de Não-me-Toque, onde todo mundo é conhecido pelo apelido. Com a ajuda de seu avô "Bons Tempos" e seu amigo jornalista "Tec Tec", ele vai desafiar os poderosos da cidade para desvendar o segredo do misterioso monstro que assusta a população.