A libélula dos seus oito anos

A libélula dos seus oito anos Martin Page




Resenhas - A Libélula dos Seus Oito Anos


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Sabrina 12/03/2024

Quando se compra o livro pela capa...
Não creio que haja um livro ruim, mas sim um livro ou momento que não se encaixa com aquele leitor. Eu e esse livro estamos em órbitas opostas.

Mame e os pais de Fio foram o ponto alto da leitura. Fiquei intrigada para saber mais deles; porém, muito pouco foi abordado. Os demais personagens não se diferem uns dos outros, todos com a mesma personalidade excêntrica de odiar a tudo e a todos.

Houve poucos acontecimentos e muita divagação vazia. Não houve profundidade; para mim, ficou apenas massante. Cito um trecho:

"Os convidados se observavam uns aos outros e espionavam os segredos de sua banalidade dourada. Vestiam elegantemente tudo aquilo que diziam, a lingua moldada em couro macio, unta- da com uma camada resistente às ranhuras da humildade. Suas
ideias siliconadas eram protegidas em estojos de aço escovado de linhas angulosas e sóbrias, e revestidas com arabescos ou strass no caso das mais belas. As mulheres passavam base no rosto de suas frases; acrescentavam um toque de batom nos lábios de seus pensamentos mais tristes; alguns jatos de desodorante eliminavam
as bactérias de uma realidade excessivamente suja. Suas conversas
possuíam a fragrância de um perfume nobre, com uma onda de bergamota, coentro e cereja seguida de um trio de flores--jasmim.
rosa-búlgara e íris - que não passava despercebido. A atmosfera dos discursos se aquecia um pouco com o surgimento de comentários acrescidos de ambar e mirra em cada verbo que empregavam."

Tudo muito poético, mas a história não andava. Porém, não posso dizer que o autor não foi claro com seus objetivos, pois na contracapa há a frase:

"...como os outros romances de Martin Page, é uma espécie de rio absurdo para o nada."

Acredito ser o estilo de escrita dele e que o propósito do livro seja justamente esse.

Já a capa, que maravilha (a culpada que me induziu à aquisição), uma arte linda de Suiá Tauloi!
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Juliana 18/05/2023

Nada de clichês por aqui
É um livro que iniciei sem muitas expectativas e que se mostrou de uma beleza impressionante.
O modo como as pequenas coisas da vida são valorizadas e mostradas são tocantes.
O final é algo que não esperava, mas que entendo completamente.
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Pandora 27/12/2019

Martin Page havia escrito sete livros recusados por todas as editoras de Paris, quando, rindo de seu infortúnio, resolveu criar um personagem baseado nele mesmo e lançou “Como me tornei estúpido”, que foi um sucesso não só na França, mas em toda a Europa. No Brasil, a 1ª edição esgotou-se em pouco tempo.

Lendo A libélula dos seus oito anos dá para entender um pouco o porquê de Page não ter tido sucesso imediato em suas primeiras tentativas: sua escrita é única e inteligente, mas também muito esquisita.

Esta é a história de Fio Regále, que levava uma vida anônima e discreta até que, por causa de uns quadros que pintou - e que caíram nas graças de um grande mecenas - é alçada de um dia para outro ao status de celebridade: galerias, entrevistas coletivas, matérias nos jornais, artistas e críticos, enfim... fama. O enredo pode parecer bem banal, mas nas mãos de Martin Page nada é banal.

Para começar, Fio é filha de uma assaltante de bancos e de um ex-policial que largou a farda para ser criminoso junto com ela. Como os dois vão parar na prisão, Fio vai morar com a avó, uma cigana excêntrica e amorosa, num trailer; quando esta morre num incêndio, a menina, então com nove anos, vai para o orfanato. Já adulta, ela passa a morar num edifício de 24 apartamentos, onde 23 são ocupados em sistema de rodízio aleatório pela dona do edifício e sua melhor amiga, Zora. Fio tem que se virar pra ganhar dinheiro e o faz de forma ilícita, até que conhece Ambrose Abercombrie, o homem que muda sua vida.

Martin Page faz de uma forma entre melancólica e irônica um retrato do mundo das artes e suas figuras megalomaníacas, esnobes e vaidosas e os efeitos desse universo na jovem sensível e discreta que é Fio.

O título se refere a um momento que Fio teve quando criança, numa pré tempestade, quando uma libélula pousou em sua mão, deixando-a encantada. Sua avó tinha lhe dito um dia: “(...) é preciso encontrar uma forma em função da qual se possa viver. Pode ser uma canção, uma imagem fluida, pode ser qualquer coisa, a música do sorveteiro, uma lembrança, um perfume, mas é preciso encontrar essa forma.” A de Fio era esse instante com a libélula.

Sei que é pedante dizer que algo não é para todo mundo, mas tenho que ser sincera: este livro é muito interessante, poético e original; é uma leitura que eu amei ter feito, mas é para poucos.

“Até os nove anos de idade Fio achava que morava num palácio. Depois, a experiência com o mundo e com seus colegas ensinou-lhe que seu castelo se chamava B, A, R, R, A, C, Ã, O, e, sem querer, começou a sentir vergonha daquele reino cuja luz não conseguia nem fazer as pálpebras das pessoas de bem se levantarem. (...) Ela chorava longamente e fortemente, não porque descobrira que era pobre, mas por ter vergonha de sua vergonha de ser pobre.”

“Agora, sentia falta de sua pequena infelicidade intermitente, tão normal e mesclada com risos. A nova e enorme felicidade não tinha o mesmo valor.”
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Dias 06/11/2018

Medio
Gostei muito da construção das personagens e da própria escrita, que tem momentos deliciosos, mas a história em si pareceu-me pobre.
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Ruh Dias (Perplexidade e Silêncio) 16/06/2017

Já Li
A protagonista de "A Libélula dos Seus Oito Anos" é Fio Régale. Ela é uma jovem na casa dos 20 anos que mora sozinha em um apartamento praticamente sem mobília e passa a maior parte do tempo curtindo sua solidão. Os trechos iniciais do livro mostram Fio lidando com o vazio de um domingo tedioso, quando a única coisa que ela tem para fazer é ir ao mercado no fim da rua.

Fio é, então, surpreendida pela presença de um completo desconhecido que entra no seu apartamento. Ele é Charles, assistente pessoal de Ambrose Abercombrie, um mundialmente famoso mecenas das Artes. O leitor fica tão confuso quanto Fio, que é colocada em um carro e levada à uma festa sem ter a menor noção do que está acontecendo.

Aos poucos, Martin Page introduz os elementos centrais do passado de Fio. Este clima de mistério sobre quem ela é e sobre o que está acontecendo aparece até a metade do livro. Fio é orfã e morou com sua avó depois da morte dos pais, avó esta que também já faleceu. Para conseguir o seu sustento e poder pagar a faculdade de Direito, Fio chantageia empresários, políticos e homens ricos e poderosos enviando cartas anônimas dizendo que ela sabe dos seus segredos e pedindo dinheiro em troca de silêncio. Na realidade, Fio não sabe absolutamente nenhum segredo sobre ninguém, mas ela parte do princípio que todas as pessoas fizeram coisas das quais se envergonham ou se culpam - e ela estava certa, pois consegue ganhar dinheiro para sobreviver desta forma.

Abercombrie foi uma destas pessoas, mas ele descobriu Fio. Como Fio pintava quadros no parque enquanto esperava pelo dinheiro, Abercombrie encantou-se pelos quadros dela e prometeu ajudá-la, de forma que ela não precisasse mais chantagear as pessoas. Abercombrie, ao morrer, deixou a responsabilidade de cuidar de Fio para Charles, que tem a incumbência de introduzí-la ao mundo das Artes.

Daqui em diante, o livro é uma crítica a este mundo, Diversas personagens coadjuvantes são inseridas ao longo da trama, que reforçam o caráter superficial e hipócrita dos artistas. O próprio Charles, que teria potencial para trazer conflitos interessantes à trama, é uma presença apática e passageira como as demais personagens. Todas elas acreditam que conhecem Fio profundamente, apenas por ela ser apadrinhada de Abercombrie, mas muitas destas pessoas nem sequer a viram pessoalmente. Fio precisa lidar com boatos e mentiras a seu respeito.

O ponto alto da estória é Zora, a única amiga de Fio e dona do prédio onde ela mora. Zora é amarga, sente ódio de todos e é um contrasenso ambulante. Na minha opinião, o enredo deveria ter sido mais focado no relacionamento das duas, e menos no mundo das Artes.

No começo, a leitura me empolgou. Fio é uma personagem interessante, bastante silenciosa e introvertia, com características incomuns. O clima de mistério que mencionei anteriormente também serviu para me deixar entretida. Porém, da metade para o fim do livro, acredito que Page tenha se perdido: a estória ficou chata, as personagens são maçantes, não acontece nenhum conflito e nenhum aprofundamento. O final - trágico, por sinal - recobrou minha atenção, mas não o suficiente para que eu gostasse da leitura.

Por isso, este não é um livro que recomendo.

site: http://perplexidadesilencio.blogspot.com.br/2017/06/ja-li-44-libelula-dos-seus-oito-anos-de.html
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Soares 18/01/2017

A Libélula dos seus oito anos
Através da história de uma garota excêntrica chamada Fio, várias críticas e reflexões são tecidas ao mundo da arte, da mídia, das aparências. Não existem muitos diálogos e por isso o livro parece ser mais "arrastado". Mas vale a pena a leitura. Gostei bastante.
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Bernardo 17/06/2014

Faltou um eixo central que ligue o início, o meio, e talvez o fim...
O autor escreve bem, tem uma prosa profunda e poética, mas o enredo do livro deixa a desejar. Não senti que há uma história consistente, com um eixo central que perpasse o livro, e achei os personagens mal delimitados.
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Pedro Bastos 17/04/2013

Para ler com atenção
Quem sou eu? Em que lugar vim parar? O que querem de mim?

Esses três questionamentos norteiam a trama de "A libélula de seus oito anos" e se codificam em situações ficcionais embora não menos interessantes como reflexão. Fio Régale, a heroína, se vê famosa de um dia para o outro após uma sucessão de fatos que nem ela mesmo conhecia. Ou melhor, que ela própria julgava como obscuro e passível de julgamento. Eis que um belo dia tudo se transforma, as razões para tal vem à tona sutilmente e o conflito psicológico se inicia: como lidar?

"A libélula de seus oitos anos" poderia traçar um paralelo, se não for muita pretensão da minha parte, com o mundo das subcelebridades, essas que saem de reality shows e viram pessoas muito importantes por nada. Fio Régale, apesar de ter um talento nato para a arte - ou pelo menos como avaliou seu "padrinho" -, perde-se no meio de tantos paparicos, regras comportamentais, abordagens efusivas e adorações fora de contexto. O que para uns poderia ser a glória, para Fio, este contexto nada mais seria do que um destruidor da sua liberdade e da sua identidade, ainda que não se importasse tanto para rótulos ou estilos de vida. Sua vida era assim e pronto. Por que tanto alarde?

Não tive a oportunidade de ler nada mais do francês Martin Page, mas percebe-se uma incrível delicadeza no modo como a estória de Fio Régale é contada e no desenrolar dos fatos. Aliás, não há muito desenlace, uma sucessão de acontecimentos pré-determinados; eles simplesmente acontecem, o que confere uma certa fluidez no modo como Fio encara a sua nova realidade e a relação com os seus antepassados.

Não chega a ser uma obra-prima, na minha opinião, embora seja um livro para ler com atenção; há boas mensagens contidas ali, e uma dose bastante velada de sarcasmo.
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Aline T.K.M. | @aline_tkm 25/10/2011

Encantador; uma das melhores leituras do ano!
Imaginem uma leitura deliciosa... Pois bem, ler A Libélula dos Seus Oito Anos foi para mim uma delícia até difícil de ser explicada, tamanho o encanto que me proporcionou.

São 175 páginas que dizem muito e que prendem do início ao fim. A narrativa traz uma boa dose de sarcasmo e é recheada de frases incríveis (e muito verdadeiras!), e mais incríveis ainda são os acontecimentos, que beiram – e mesmo adentram – o campo do absurdo. Um humor genial e que foge do óbvio está sempre presente. Sem pecar pelo excesso (característica tão comum de encontrarmos por aí), muitas passagens são bem capazes de arrancar risadas dos leitores.


LEIA O REVIEW COMPLETO AQUI:
http://escrevendoloucamente.blogspot.com/2011/09/libelula-dos-seus-oito-anos-martin-page.html
Fabiana.S 10/03/2016minha estante
"A falta de apetite para competir, como todo mundo, pelo emprego que se quer, pelo homem desejado, pelo croissant mais quentinho do balcão da padaria, para ser a amiga preferida, o colega respeitado. Havia tanto esforço para se fazer existir aos olhos dos outros, tanta energia por gastar para se sentar no trono do seu pequeno e apreciado valor, tanta força desperdiçada...Quem se recusasse a fazer isso tudo era um fantasma." Pág 151

Amei :)




Samy 30/11/2010

Saindo das nuvens ...


Mais uma vez o niilismo de Martin Page não deixa a desejar ...

Ele começa contando a dolorida hitória da pequena Fio, que aprendeu a se refugiar dentro de um vazio imposto pela vida, se construindo enquanto pessoa, nessas marcas dolorosas.

O destino de Fio muda, levando-a para um mundo novo, doce, misterioso.
Será que esse mundo vai encantar a menina sofrida, e leva-la para uma felicidade fabricada e hipócrita que abriga todos os seres humanos que por falta de opção, se esconde atrás dos muros legitimados pela sociedade?

Martin Page, com sua pitada ironica caracteristica, surpreende mais uma vez, com um final daqueles que se fica pensando e pensando e pensando .... até pegar no sono.


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