Dias perdidos

Dias perdidos Lúcio Cardoso




Resenhas - Dias Perdidos


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KakauSoares 10/08/2022

Encontros e Despedidas
Eu poderia descrever esse livro cantando Encontros e Despedidas de Milton Nascimento. Tanto pela melodia quanto pela letra.
Não é um livro arrebatador, não espere reviravoltas. Mas é um livro imersivo, com certeza. É a descrição da rotina e sentimentos... em dado momento você chega a sentir raiva pela reflexão excessiva e falta de diálogo das personagens. Se tudo o que se refletiu fosse expressado em conversas francas, muita coisa seria resolvida. Mas enfim...destaque para Clara, cuja personagem realmente me cativou. Uma mulher incompreendida e vítima do egoísmo do marido e filho.
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kiki.marino 20/08/2020

DIAS PERDIDOS
A verdade é que não sei o que senti sobre "Dias Perdidos" , é uma torrente de consciência , sentimentos,palavras que correm em silêncio, distancias íntimas, ser escravo de desejos,loucura,subjugar e se sacrificar , devoção e egoísmo humano .Sobre como "viver" inevitavelmente machuca os outros a que amamos. Um funeral de pessoas ainda vivas. Na linguagem química, seria uma corrosão ,lenta e irrecuperável, de três vidas, fantasmas que ainda sentem as feridas ,incrustadas na alma.
Uma família de três Jaques,Clara e Silvio,unidos por um fio de co-dependência,não podem estar juntos,mas também não podem se separar.
Clara é abandonada pelo marido Jaques com um bebê pequeno: Silvio. Essa sucessão de abandonos físico e emocional gera uma catástrofe que é descrita de forma densa,desesperadora,venenosa,às vezes insuportável , por Lucio Cardoso,um escritor magistral.
E temos uma espectadora silenciosa,que tudo vê e não interfere assim como o leitor: Áurea .
Ao longo dessa estória há momentos de claridade, esperança mas logo sufocados pela realidade assim como a esperança. Não há catarse, só a escuridão, decadência ,morte, o fim que chega à todos.
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Matheus 01/05/2020

Dias perdidos
Já o rudimento do que viria a ser a imersão no desespero, na derrelição, na decadência final que chegaria ao ápice com o monumental romance chamado "Crônica da casa assassinada".
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Pandora 29/10/2019

“Dias Perdidos” conta a história de Clara e de seu filho Sílvio e de como de certa maneira suas vidas tiveram inquietações semelhantes. Não há grandes ações ou acontecimentos. É fluxo de consciência.

Clara é apaixonada por Jaques e Jaques é apaixonado pela liberdade. Quando Sílvio nasce, ele vê a oportunidade de ganhar o mundo, já que agora ela tem o filho. Ela sofre e passa por períodos os mais diversos: negligencia Sílvio, vive absorta de tudo, se apega à religião, se afasta, trabalha incansavelmente, agarra-se ao filho, se acalma. E Sílvio, vivendo naquele ambiente sem regras, mimado e superprotegido não só por Clara, mas por Áurea, uma espécie de tia postiça e empregada, não encontra motivações e ambições de vida, se deixando levar pelos acontecimentos. Ele acaba projetando em Diana, a primeira namorada, seus ideais de felicidade.

Eu não me lembro exatamente quando comecei a ler este livro. Ele tem três partes; depois da segunda senti necessidade de um respiro - que durou longos meses - pois estava repleta de sentimentos densos como nuvens carregadas de chuva.

Tudo converge para que este livro pese: a narrativa, as emoções, as angústias dos personagens, os parágrafos extensos, os recuos mínimos, as páginas totalmente preenchidas com texto, sem espaço em branco. É uma narrativa recheada de dúvidas, aflições e questionamentos. Lúcio Cardoso entra na cabeça dos seus personagens e traz à tona toda a vastidão dos seus pensamentos. Sei que é uma definição estranha, mas isto é maravilhosamente cansativo. Cansativo porque é impossível se distrair da leitura e não perder alguma coisa; cansativo porque o pensamento tem uma velocidade que a ação não acompanha, então cada frase, cada parágrafo compõe um turbilhão que alimenta a mente do leitor. Não há descanso. E maravilhoso porque como é interessante desbravar a mente humana!

É uma narrativa carregada de melancolia constante, como se a felicidade não fosse permitida àqueles personagens. Uns poucos momentos de alegria; mas só.

Um bom livro. Triste, profundo, denso. Mas depois uma leitura leve é bem vinda.

Nota: Lúcio Cardoso também escreveu para o teatro e o cinema (sua grande paixão) e chegou a roteirizar e dirigir um filme inacabado; após um AVC que paralisou o lado direito de seu corpo impedindo-o de escrever, dedicou-se à pintura, chegando a realizar duas exposições. O livro “Crônica da casa assassinada” é considerado sua obra-prima e foi traduzido para o francês, inglês e italiano. Em 1966, dois anos antes de morrer, Lúcio foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Fonte: Wikipédia.
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Orochi Fábio 07/07/2019

Dias perdidos
Este livro de Lúcio Cardoso, descida vertiginosa à depressão, descreve em suas mais de quatrocentas páginas, denso sofrimento! Habilidosamente, o autor usa de seus personagens para nos arremessar na total inabilidade para ser feliz: toda a felicidade aqui é falsa, mentirosa, imaginária...com pontos de conexão em relação à obra da também profunda Clarice Lispector, que, embora deixando espaço para o sonho (Macabéa de "A Hora da Estrela", por exemplo, vive e sonha com a "despercepcão" de uma espécie de bicho), devassa a melancolia, Lúcio parece afirmar que a alegria somente é possível de maneira fugaz ou no domínio do engano induzido, percebido como satisfação... não aconselho a leitura para pessoas depressivas.
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Danilo 03/05/2018

Uma história vivida e revivida por todos.
Desde o meu primeiro contato com a literatura do Lúcio Cardoso, me fiz uma promessa de lê-lo com um intervalo de dois ou três livros de leitura leve, sem muita profundidade, tudo para poder digerir todo o sentimento pesado que carregava depois de terminar alguma obra sua.

Dessa vez não será diferente.

Dias Perdidos é uma história difícil de se vivenciar, de um desespero triste na alma dos personagens, cada um tentando se agarrar em algo seguro e salvador no naufrágio constante de suas vidas.

Divida em três partes, temos em seu primeiro momento a história de Clara ao se ver separada de Jaques, seu marido, que a trocou pela salvação na ilusão da liberdade oferecida pelo mundo. Após o nascimento de Silvio, seu filho, Clara entra em um estado de perdição de si mesma, sendo incapaz de continuar a vida sem aquela presença que a enchia de vida. Com todo esse sentimento, sua relação com Silvio é marcada por um distanciamento, algo como uma culpa por ele não ter sido capaz de vingar sua única missão de nascimento: a de reter Jaques no ambiente familiar.

Com o passar dos anos, vemos o crescimento de Silvio, seus primeiros contatos com o mundo, a criação de seus sentimentos intimos e memórias, das quais iriam marcá-lo por toda a vida, tais como a presença da sua "empregada-mãe" Áurea, seu doente amigo Camilo, Chico e por último: Diana. Uma presença marcada por uma energia tão singular, que se transformaria numa memória de salvação (em uma idade mais adulta da vida de Silvio) de um tempo onde a maldade do mundo não havia permeado todo seu coração e mente.

Ainda presa em um passado tão distante, Clara é confrontada pela volta de Jaques ao lar. Um homem com uma presença oposta da imagem que ela guardou com muita relutância dentro de si. Todos na casa são modificados por essa nova presença, trazendo a tona uma união fraternal entre mãe e filho contra um inimigo que se faz presente na vida familiar, estreitando ainda mais a relação entre os dois.

E a vida vai seguindo seus rumos, levando e trazendo pessoas preciosas na vida de Silvio, Clara, Jaques e Diana, fazendo crer que cada presença vem como uma promessa de salvação, uma esperança de uma vida marcada por felicidade, mas que no final, a presença se revela como uma nova descida ao abismo do desespero da alma.
Orochi Fábio 02/07/2019minha estante
Estou lendo no momento: li "Maleita" e "Crônica da Casa Assassinada"(duas vezes, no caso). Lúcio tem uma obra que nos arremessa a lugares sombrios...


Orochi Fábio 07/07/2019minha estante
Pesado, acabo de ler. Deixa convite para reflexões sobre se não estamos vivendo realmente os "dias perdidos"...




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