Eu e Outras Poesias

Eu e Outras Poesias Augusto dos Anjos




Resenhas - Eu e Outras Poesias


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Marcela 01/08/2013

Não me esqueço
[SOLITÁRIO]
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços -

Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
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Daniel 02/03/2013

Augusto é dos grandes. Com uma capacidade única de manter o padrão clássico da métrica e da rima enquanto dessacraliza a poesia tradicional, ele é um monstro dos versos.

Em Eu e outras poesias vemos a repetição e afirmação de temas de sua obra. A morte inevitável, o materialismo em dualidade simbolismo, seu vocabulário científico e seu onipresente pessimismo.

Vários dos poemas são clássicos por si só e demonstram a genialidade dele que, não é de se espantar, é quase inclassificável. Um verdadeiro macabro, ele muitas vezes passeia entre a resignação e a explosão, a apatia e a afetividade. Muitos dos poemas são completamente perturbadores enquanto outros são melancólicos e até amorosos, na sua estranha visão de mundo.

Também é nitidamente centralizado nas suas próprias experiências e destino. Ainda que trate da morte, que está aí para todos, ele sempre a aborda de maneira intrínseca e pessoal.

O melancólico é, além de talentoso, erudito. Estudou e demonstra isso seja nas suas passagens mais parnasianas, simbolistas ou expressionistas. Ele sabe subverter e tirar o máximo da métrica clássica. Consegue misturar um vocabulário apoético em sonetos irretocáveis. Não lhe falta domínio linguístico.

Talvez por conta de tamanha originalidade, Augusto é muito sozinho. A solidão seja factual ou poética é marcante em sua obra e vida. Não há um momento em que o eu lírico não passe uma grande impressão de isolamento, até em certos pontos auto-imposto intelectualmente.

Só não dou 5 estrelas ao livro por achar que, por seu tamanho, acaba tornando-se repetitivo. Augusto muitas vezes bateu na mesma tecla e, por mais que ele seja genial, há um limite de "repetição" para todos.

Ou seja, Augusto, individualmente, poema por poema, é mais que cinco estrelas. Para seu melhor aproveitamento, leia em pequenas doses. Recomendo também fazer anotações, facilitam muito a percepção da volta dos temas recorrentes.

Fecho essa curtíssima resenha com meus versos favoritos, cortesia do poeta: "Para iludir minha desgraça, estudo/intimamente, sei que não me iludo."
tiago_costan 04/03/2020minha estante
Por que 4 estrelas?


Biel 11/04/2021minha estante
Em pequenas doses, a leitura realmente se torna mais agradável. Um excelente poeta!


Leandro.Bonizi 19/12/2022minha estante
Concordo que deve ser lido devagar, principalmente pelas palavras difíceis, muitas com nome de doença e muitros termos científicos.




Marcos 11/12/2012

A única certeza
Dizem que a única certeza é justamente aquela que nunca gostamos de pensar a respeito. Dizem também que é o único assunto relevante da arte. Possivelmente Augusto dos Anjos concordasse com tudo isso e seu livro de poesias é justamente uma imensa reflexão sobre a morte inevitável. Uma morte eminentemente material como descreve com riquezas de detalhes, o que nos leva a grande reflexão: se nosso corpo vai apodrecer debaixo da terra, porque damos tanto valor a ele? As respostas não estarão nos belos sonetos de Augusto dos Anjos, mas são um bom ponto de partida.
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Joachin 04/12/2012

É preciso ainda desvendar os vários símbolos semânticos e os significados da poética soturna engendrada pelo paraibano Augusto dos Anjos, que é, sem dúvidas, um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Mais do que os versos clássicos, me chama a atenção esse trecho de "Solilóquio de um visionário":

Para disvirginar o labirinto
Do velho e matafísico Mistério,
Comi meus olhos crús no cemitério,
Numa antropofagia de faminto! (p. 62)

Segundo as palavras de Orris Soares, o adolescente Augusto dos Anjos, de tão enfermiço e tímido, lembrava "um pássaro molhado, todo encolhido nas asas, molhada na chuva". Augusto dos Anjos representa o lado sombrio do cientificismo finissecular e apresenta uma enorme intimidade com uma angústia de implicações existenciais profundas, na qual é notável sua obsessão pelas imagens da carne sendo submetida aos mais variados processos de putrefação após a morte.

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21eyes_ 02/11/2012

Augusto dos Anjos vem para escancarar na cara da sociedade que poesia não é só entretenimento.
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Raphael 23/08/2012

Genial e bizarro
Ótimo livro, parece coisa de doido, mas quando se lê com atenção, você fica tão imerso que, depois que acabar de ler, precisa de um pouco de contato humano pra ter certeza que você ainda está vivo.
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Valéria 12/03/2012

Delicioso de ler em voz alta, bem teatralmente. Escatológico, autêntico, clássico.
Erânio 06/05/2019minha estante
Esse é o típico livro para se ler em voz alta. Sem dúvida!
Cada verso torna-se uma espécie de mantra, invocação mágica ou mística! Singularíssimo!




Anna Duzzi 17/05/2011

"Eu e Outras Poesias" ilustra porque Augusto dos Anjos é um dos maiores tesouros da literatura em versos no Brasil.
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joedson 15/12/2010

EU
verme maior que marte e vênus
o eu ergue-se do seu cadáver
mostrando o mais que é menos
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gothmate 24/04/2010

Livro de Cabeceira
Leio todos os dias um dos poemas, sem nunca cansar.
Sem dúvida alguma, o melhor poeta já nascido em solo brasileiro.
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JosivalJunior 12/02/2010

Poesia transgressora
Eu e outras poesias é uma coletânea dos melhores poemas de Augusto dos Anjos, um poeta que foi por vezes considerado transgressor pela academia por utilizar em seus poemas uma linguagem forte, carregada de simbolismo e palavras 'nao líricas', como: escarro, verme, putrefação. Porém, sua poesia é carregada de significado, cheia de emoção e realismo, além de ser autobiográfica em alguns poemas, como: "Ao meu filho morto" e "Debaixo do Tamarindo". Ele consegue, em sua poesia, expôr o ser humano em toda sua essencia, o mesmo sendo tido muitas vezes como 'monstro'. É uma poesia diferente de todas as poesias convencionais, mas apaixonante da mesma forma.
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Luciana Mara 23/12/2009

Li porque fui obrigada a ler na escola há uns 7 anos atrás.

Desculpe, mas não gosto de poesias.
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