The Sandcastle

The Sandcastle Iris Murdoch




Resenhas - The Sandcastle


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otxjunior 06/09/2021

The Sandcastle, Iris Murdoch
Este livro tem um pouco de tudo: naufrágio de carro, pintura de retrato, escalada em torre, aprendizes de bruxos e ciganos taciturnos. O que claramente eu não estava esperando de um romance realista, puramente inglês, de ideias e implicações filosóficas, que gira em torno de um triângulo amoroso numa comunidade acadêmica nos arredores de Londres nos anos 50. Iris Murdoch inclui uma série de excentricidades num cenário convencional, o que estabelece um ritmo irresistível à narrativa. Sendo a maior delas, a chegada da jovem pintora estrangeira no mundo monocromático de nosso protagonista, que passa a debater as consequências morais dos atos que sua paixão recíproca inspira. O beijo adúltero não ocorre antes da metade do livro, quando se torna impossível parar a leitura até seu final previsível e satisfatório.
A ação decorre basicamente de aulas, reuniões, refeições e outros eventos sociais; mas é no interior das personagens que a energia que impulsiona o enredo é gerada. Do fraco e egoísta Mor, que não é mais repugnante do que quando diz odiar sorvete!, a sua implacável e prática esposa, ambos em conflito geracional com seu casal de filhos adolescentes, Murdoch imbui seus personagens de complexidade e desalento. O papel do acaso é determinante para as soluções dos dilemas expostos, equilibrando opções trágicas com episódios cômicos, que talvez eu gostaria que tivessem assumido mais consistentemente seu teor de absurdo.
O que certamente não mudaria são os diálogos acerca de pintura e representação artística. A autora parece definir os personagens como recipientes de suas ideias, fazendo do romance um verdadeiro retrato. A descrição deste, dispositivo central da trama, é tão boa como em O Pintassilgo, de Donna Tartt. Murdoch, como um mestre em chiaroscuro, cria imagens opostas como estratégias de interpretação, como por exemplo quando um personagem usa preto em contraste com outro usando branco; ou um se diz pássaro em oposição a uma árvore enraizada; ou ainda quando alguém decide tomar a estrada ao invés de atalhar por campo aberto. Eu adiciono o símbolo de assistir tinta secar no sentido de distanciar ao máximo da experiência deliciosa e cativante de ler The Sandcastle. Seguramente não devo parar por aqui dentro da bibliografia da escritora.
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