Mada, INFJ 1w2 10/04/2022
Ninguém esperava esse final
O Idiota conta a história de Liev Nikoláievich, um jovem órfão, que perde os pais na infância, sendo assim, teve que se mudar para a Suíça e morar de favor na casa do senhor Pavlischov, um médico.
Seu tempo com Pavlischov na Suíça foi uma simples e humilde vida no campo, o que fez bem para o tratamento da sua doença (epilepsia), e Liev também se influencia muito com traços da personalidade de Pavlischov em alguns sentidos: sendo muito empático com os outros e, até mesmo, um pouco inocente demais.
Pavlischovf se preocupava muito com Liev, e cuidou da sua educação porque tinha muito medo de que ele acabasse se perdendo, por conta de sua história triste.
Após a morte de Pavlischov, Liev vê-se obrigado a contatar seus parentes, já que não tem nenhum dinheiro nem casa para ficar e, sem resposta deles, Liev vê-se obrigado a retornar para a sua antiga cidade, Petersburgo, a fim de encontrá-los.
Na sua viagem de trem de volta a Petersburgo, Liev conta para outros passageiros que é filho de um príncipe, e um dos passageiros resolve ajudá-lo a entrar em contato com seus supostos parentes, por terem o mesmo sobrenome.
Liev também carregava uma carta que, mais tarde, descobriria que lhe revelava uma herança.
Em uma das casas em que visitava, o príncipe admira uma moça em um retrato, e descobre que a jovem é muito conhecida na cidade: Nastácia Filíppovna.
Ao decorrer da história, Liev acaba encontrando Nastácia e se vê muito apaixonado por ela. A ponto de propor se casar com ela.
Nastácia era muito cobiçada por muitos homens. Vários ofereceram muito dinheiro a ela, mas ela não queria se casar com nenhum. Ela, na verdade, debochava de todos. E de um, em particular, muito mais: Gania (este que queria casar-se com ela, apenas por interesse em sua fortuna).
Nastácia e o Príncipe Liev acabam se conhecendo melhor e, ao saber que o príncipe estava totalmente apaixonado por ela, ela começa a fazer desdém dele ao ponto do príncipe ir embora da cidade.
Mais tarde, descobre-se que, quando o príncipe sumiu por um tempo, ele estava, na verdade, com Nastácia. Passaram 1 mês juntos, vivendo sob o mesmo teto. Ambos acabam chegando a conclusão que o príncipe não a amava, mas sim, só sentia compaixão por ela. Nastácia fazia, por muitas vezes, desdém e debochava dos outros. E quando o príncipe viu que não podia a salvar dessa sua má índole, ele desistiu dela. Nastácia não pôde suportar isso e acaba fugindo para Rogojin.
Minha visão sobre o que aconteceu: Nastácia não conseguia aceitar que podia ser amada e podia ter um amor tão puro e belo como o do príncipe (sem interesse no que ela tinha ou pelo seu corpo/beleza) e começou a sabotar a visão que o príncipe tinha dela de forma irreversível, surtando com ele e o magoando fortemente. Tudo isso porque ela o amava demais. Ele também a amava, não era só compaixão, como os dois pensavam.
O livro gira em torno do príncipe e seu romance com Nastácia. Ele indo atrás dela e ela fugindo dele por não suportar o quanto o amava e por achar que nunca seria digna de seu amor. Quando o príncipe está gostando de outra pessoa, Aglaia, essa que é totalmente diferente de Nastácia, sendo muito educada, Nastácia fica com tanto ciúmes do príncipe, que volta imediatamente para ele.
No dia, finalmente, do casamento dos dois, Nastácia foge, novamente, para seu antigo pretendente, Rogojin, e o final do livro (ALERTA SPOILER MAXIMO) é um horror: Rogojin, por não aguentar mais esse "vai e vem" da Nastácia e para tê-la só para ele, acaba a assassinando. Rogojin mostra para o príncipe o corpo morto de Nastácia dentro do seu próprio quarto, o quarto totalmente fechado, cortinas fechadas para ninguém desconfiar que ele estava em casa. Foi extremamente perturbador.
Eu "shippei" muito o Liev com a Nastácia durante o livro, mas depois eu percebi o quanto a Nastácia era problemática e tóxica, tanto que eu simplesmente peguei "ranço" dela e fiquei desejando o melhor pro Liev - mas mesmo assim a morte dela, me deu um aperto no coração. Creio que essa cena foi muito forte para leitoras mulheres.
O título do livro é baseado no fato de que Liev é um menino bondoso, ingênuo, que não explora as pessoas, e por isso, teve que viver até mesmo de esmola. A sociedade que o Liev se encontra é completamente diferente da personalidade dele, e todos o encaram como tolo, tentando até mesmo enganá-lo para tirar parte de sua herança.
No meio do livro, eu percebi que na verdade o que tinha me feito ficar apaixonada era como eu me identificava muito com o personagem principal e com a visão dele de mundo. Eu colocaria facilmente esse livro como meu favorito por esse simples fato de me identificar muito com o Liev, INFJ 2w1 (sendo eu INFJ 1w2) e, por isso, o livro foi muito divertido pra mim. Ele é uma pessoa extremamente bondosa, empática, caridosa, que gosta e tem uma ligação muito forte com as crianças; e, para mim, ao contrário do título do livro e da opinião de todos as pessoas ao redor de Liev, ele não tem nada de idiota. Ele é muito inteligente, principalmente emocionalmente. Ele pode, sim, ser inocente, por esperar cegamente o bem nas pessoas, mas só ele consegue entendê-las até mesmo em atos imperdoáveis, e isso o faz ser raro. Inclusive, a criação do Liev foi inspirada na personalidade de Jesus mesmo (INFJ 1w2).
Dostoievski, como INFJ, consegue como ninguém passar as reais emoções das pessoas. Há detalhes que somente um INFJ consegue perceber e descrever perfeitamente. Nossa intuição e julgamento sobre as pessoas, suas ações e sentimentos é muito boa.
Também percebe-se um apelo muito forte de opiniões próprias do autor no livro. Tanto por conta do relato de suas próprias experiências,
(como, por exemplo: a sua, quase executada, sentença de pena de morte; ou a morte de seus filhos (esses relatos muito interessantes); ou sobre nilismo; ou até mesmo com a epilepsia do personagem (que são experiências própria do autor, que também sofria com a doença)
quanto para suas crenças e questionamentos religiosos, e entre outros temas que não tinham tanta ligação com a história principal, mas, sim, opiniões próprias.
A escrita de Dostoievski tem como característica ser mais para situações concretas, e não muito para fantasias. Também tem um dom para ler psicologicamente as pessoas e relatar isso em obra.
Apesar de ter algumas partes terríveis, O Idiota, em sua maior parte, é um romance/drama bem leve e até mesmo engraçado. A leitura do livro foi muito instigante.