Resenhas - Fé em Deus e pé na tábua

Morg 17/11/2021

Fé em Deus e pé na tábua
O livro se trata de uma reflexão sobre as distorções e desigualdades sociais,
provocadas pela hierarquização, abordados através da relação entre condutores de veículos e pedestres, demonstrando os impactos causados
pelo trânsito na sociedade.
É possível deduzir através da leitura que o comportamento muitas vezes
agressivo dos brasileiros no trânsito, não está ligado somente a falta de
educação, mas é um reflexo do sistema hierárquico de matriz aristocrata que
permeia a sociedade brasileira, dificultando a internalização e consolidação
de um sistema igualitário, apesar do mesmo ser algo tão desejado.
No livro também é citado sobre o ?jeitinho brasileiro? usado pelos motoristas no trânsito no dia a dia, e suas consequências, quando não
respeitam as leis de trânsito e agem com total desrespeito e
irresponsabilidade, além de ser abordado também sobre a dificuldade do brasileiro em cumprir leis, assim como sua resistência contra elas quando são recém
criadas.
Li o livro para um trabalho da faculdade, e apesar de algumas vezes achar o livro repetitivo, acho que ele aborda assuntos bem interessantes de forma sociológica.
É uma interessante leitura.

Felipe1503 02/05/2011

Discutir o trânsito brasileiro hodiernamente parece ser uma tarefa das mais dispendiosas e cansativas, exigindo paciência, compreensão e um tanto de psicologia. Por isso, comumente diz-se que a análise do tráfego é destinada a poucos. Estes tentam mostrar a face obscura dos impactos do trânsito sobre a sociedade - mortes por imprudência, excesso de bebida, a imperícia de alguns condutores, etc. É verdade que toda regra tem sua exceção: a figura imaculada de alguém que tenta seguir as regras de trânsito no Brasil luta para tentar sobreviver às buzinas e à falta de educação daqueles que acham erroneamente que a rua é um espaço privado e hierarquizado.
Entre os poucos que se dedicaram ao debate que envolve o trânsito, Roberto DaMatta notabilizou-se pela pesquisa que deu origem ao livro "Fé em Deus e pé na tábua". Seguindo o fio condutor de algumas outras obras, DaMatta discute a problemática social, só que agora a partir do trânsito : a questão da superioridade e hierarquia dos carros individuais, vistos como totem de superioridade pessoal, a impaciência dos motoristas com os pedestres e ciclistas, a visão do outro condutor não como cocidadão, mas sim como um inimigo, etc. Em suma, DaMatta mostra uma sociedade brasileira possessora de um trânsito distópico, ou seja, uma ‘utopia negativa’, caracterizada pelo totalitarismo (o estilo fascista de dirigir, expressão cunhada pelo autor), assim como uma sociedade corruptível, onde as normas referentes a todos mostram-se flexíveis (o famoso 'jeitinho' e o ríspido 'Você sabe quem com está falando?'). Assim, DaMatta conduz com maestria um assunto que muitas vezes é tratado com indiferença e deixado de lado pela maior parte dos motoristas e pela própria população.

Edgard7 15/02/2022

O tema é fantástico. Acho que todos que participam do trânsito caótico do Brasil tem curiosidade de entender por quê é assim, e o que poderia ser feito para melhorar.
O livro, infelizmente, é repetitivo e constitui apenas um amontoado de opiniões anônimas e desordenadas, sem qualquer conclusão inteligível.

Eduardo 16/07/2011

Uma abordagem sociológica sobre a questão do trânsito no Brasil, as relações de poder e sociais constituídas por motoristas, pedestres, ciclistas e motoboys na disputa e direito à cidade.
Para mim, um estudioso na área dos transportes públicos, contribuiu para que eu fizesse uma reflexão sobre a relação entre as mazelas e distorções de uma sociedade escravocrata, fortemente marcada pela hierarquização e a desigualdade social, e as tensões existentes em uma sociedade contemporânea onde prevalecem as discrepâncias que determinam a concessão à circulação em nossas cidades.
Recomendo a sua leitura.

Marlon 04/06/2022

Um livro com diferentes perspectivas
Fé em Deus e pé na tábua é um livro que traz diferentes olhares sobre o trânsito. É curioso perceber as visões de diferentes personagens sobre as estradas, algo de todos, mas que cada ator desse meio se acha "dono".
O livro é um pouco repetitivo entre os capítulos, mas isso é algo que o próprio já enfatiza em seu início. Não é um problema, mas a partir do segundo capítulo, a mesma ideia é trabalhada em formas diferentes.
Recomendo a leitura.