Uma noite em Curitiba

Uma noite em Curitiba Cristovão Tezza




Resenhas - Uma Noite Em Curitiba


9 encontrados | exibindo 1 a 9


Lucas1429 19/03/2024

Excelente
Já tinha ouvido falar de Tezza, contudo nunca tinha lido um livro de sua autoria.

E a surpresa foi muito grata.

Em regra, é a história de um professor intelectual que, ao chamar uma atriz famosa para um congresso em Curitiba, relembra momentos de sua juventude e reflete sobre sua própria vida.

O livro é contado por seu filho, embora haja momentos onde as cartas apareçam, e são a força motora da história.

A relação do filho com a mãe, com a irmã sumida, com o pai, com Sara... é tudo tão tocante.

O livro tem um vocabulário rico e uma narrativa interessante. Você quer saber o que acontece a todo instante. Você vê uma história tão comum se repetindo na sua frente, mas ainda assim, tende a acreditar que isso não está acontecendo...

Acho que parte do brilhantismo da obra advém disso: Tezza tece uma história muito simples, mas com uma riqueza descomunal. É forte. Tu sente a ideia de Rennon, tu sente o filho, sempre próximo, um retrato do pai quando jovem, tentando alterar o rumo da história, mas, no último momento sempre desistindo....

Enriquecedor. Um livro que traz reflexões sobre o destino e sobre as escolhas que você faz... sobre o tempo certo de tentar consertar e sobre a nossa memória: como ela remonta e cria toda uma conjuntura a partir das nossas impressões que muitas vezes se distanciam da realidade e tomam uma proporção abismal em nossas vidas...

Depois dessa, com certeza lerei mais obras do autor.

Livro tranquilo para iniciantes e para aqueles curiosos com uma literatura brasileira não tão conhecida assim... Recomendo forte. Uma surpresa muito bem vinda nesse ano de 2024.


Ah, o título é uma alusão a uma noite em Curitiba na qual o travado prof. Rennon reencontra Sara, que conheceu em sua juventude como Maria. Mas, mais do que isso, na qual ele realmente se conhece e entende quem é o Prof. Rennon e, também, quem ele não é.
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Daniel Andrade 24/08/2023

Gênio subestimado da literatura nacional
Que livro maldito, no bom sentido. Sério. Li muito rápido, talvez em 4h somadas. É instigante desde a primeira linha e continua assim até a última frase (literalmente). A ambientação do Tezza é espetacular, ainda mais para um curitibano apaixonado pela cidade como sou.
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Erih 12/10/2021

Cidade linda maravilhosa.
É impressionante a forma como ele mostra a minha cidade, Curitiba, ao ler foi como se eu fosse uma borboleta sobrevoando tudo por aqui, inclusive, locais que nem mesmo frequentara.
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Bruno 01/06/2014

Pais e filhos
Percebo que um tema recorrente na literatura é a relação entre um pai e seu filho. Ou, melhor ainda, entre o filho e seu pai. Presente desde em obras como A invenção da solidão (Paul Auster), passando mesmo por ficção considerada mais "de gênero" como Os filhos de Anansi (Neil Gaiman), até a literatura clássica de Sófocles em Édipo... Talvez o arquétipo do filho contra seu pai, o embate de gerações, tenha muito a nos dizer.

Pudera! Temos grande material a ser aproveitados da relação: infância, possível rejeição, o período frágil da relação na criação paterna; a figura de autoridade, que é vista como ídolo e que é desconstruída na adolescência, que pode se desenvolver para uma amizade ou um embate; a quebra do convívio familiar, o confronto final entre a geração que vai e a que fica. O que foi, o que é, o que será, o que está batido, precisa ser renovado, e o impulso incontrolável por liberade que transfigura o comportamento. Quando o pai esbanja autoridade ou fama, então, torna-se quintessencial a ruptura, a fuga da sombra; deve-se aspirar pela libertação do titã que o precede, livrar-se dos grilhões de uma expectativa elevada. A figura do pai, do predecessor, torna-se importante não apenas no âmbito particular e íntimo, mas também na arte e, por consequência, na literatura.

A figura do pai é não apenas presente mas fundamental neste romance de Cristovão Tezza, publicado pela primeira vez em 1995 e reeditado pela Record agora no começo de 2014. Em Uma noite em Curitiba, somos apresentados ao excelentíssimo professor Frederico Augusto Rennon, historiador com uma bibliografia da escravatura e ciclos do café sobre as costas. A apresentação é feita por seu filho, o jovem anônimo que deseja compilar a correspondência de Rennon relacionada a um causo de vergonha: epístolas de seu pai à nacionalmente famosa atriz Sara Donovan. As cartas se iniciam com um cunho estritamente oficial, convite a um colóquio. De maneira não tão sutil, transfiguram-se em algo de textura muito mais pessoal, em uma íntima correspondência entre duas figuras, agora relevantes, que se conheceram em uma época distante, uma revolta escancarada durante o ano de 69 no período de ditadura militar.

Tezza esbanja dualiades ao construir as duas vozes que se emparalelam em duelo neste romance: o filho, irônico e azedo, já dá razão ao existir do livro nas primeiras frases: "Escrevi esse livro por dinheiro". Compila o drama epistolar de seu genitor, comenta, e aparentemente se aproveita de uma suposta polêmica envolvendo o requisitado professor Rennon para levar o livro à luz. Este filho e narrador já assume que será julgado pelo livro oportunista; já aceita a vergonha, expõe que já foi taxado de mentalmente problemático a vida todo, devido a um acidente que lhe deu uma placa de platina no crânio. Em paralelo, as cartas do professor Rennon à srta. Donovan, com um formalismo palpável, tornam-se crescentemente líricas e ardentes, de uma paixão insegura que em simultâneo apresenta a fragilidade de seu ego e a pompa de seu status.

Assim, constrói-se o retrato duplo: Frederico Rennon a cada carta desconstrói e reconstrói a noite em Curitiba do colóquio e seu reencontro, quando ambos se entregam a uma paixão que parece remontar a longe. Sua desilusão com a vida que tem de manter se torna cada vez mais palpável: a mulher, encamada de uma doença psicossomática, o filho, que considera um desajustado, idiota robótico que só serve para ficar perambulando o ambiente noturno da casa. Construiu sua figura e seu montante, como professor bem respeitado, catedrático de status orgulhoso, rígido, metódico, meticuloso. Um homem "travado", termo recorrente na narrativa, e Tezza tem sucesso em alcançar a caracterização almejada: mesmo em seus mais delirantes anseios de paixão, não dá para deixar de pereber que ele tem certo receio, uma pose, desejo de se entregar que jamais chega a se concretizar completamente em seu âmago pela sua própria natureza.

À figura do professor temos as duas figuras com as quais interage principalmente: a atriz Sara Donovan, a figura pululante de um talento artístico latente, pessoa que se entrega aos desejos e impulsos do momento, sem grilhões, é quem lhe tira do seu marasmo acadêmico para redescobrir as cores da vida, quem lhe causa o impulso de jogar não apenas o rigor, mas a família também, para o alto. Desta jamais ouvimos um pio, temos de confiar em seu retrato pintado por Rennon. Explica-se: ele lhe manda cartas, ela lhe responde em telefonemas. Como diz o professor em um trecho: "você é uma voz, eu sou um texto", justificando-se na sua falta de jeito com a palavra oral, com o conforto da página sendo completa pelas letras, preto no branco.

Do outro lado, temos seu filho, que comenta as cartas, entremeia seu texto com o do pai e causa o confronto geracional. É o novo, é o rapaz que parece ter desistido da vida. Segundo o que é dito, muito inteligente, mas muitíssimo pouco esforçado, passa seus dias por tentar criar uma carreira de poeta, compondo constantemente. Como um flâneur dos espaços pessoais, apenas vaga sem propósito no espaço de sua casa, mais tarde, sob a suspeita das saídas de seu pai, para vigiá-lo, segui-lo, destrinchar seus malfeitos. Seu texto é diferente: mais seco e ácido. Com o tempo e a leitura das cartas, não obstante, as figuras literárias de seu pai pai começam a transbordar e infectar o próprio texto; ele mesmo o reconhece. Vê esta pessoa que o precede, a bem respeitada figura paterna com glacial frieza no começo. Com o tempo, caem por terra as distâncias. Busca compreender o pai, sem deixar de sentir uma raiva mista à pena. Vê-o com o olhar inferior de filho sob sombra de Rennon, ao mesmo tempo que mesclado à condescendência para com um homem que, vê, cometeu erros, reconhece que viveu uma vida infeliz.

O jovem Rennon, não narrador, o personagem, busca alguma reconciliação: mão estendida. Inúmeras vezes estende a mão, pronto para chamar a atenção, para dizer: pai, estou aqui. Mas no que isso resultaria? No momento em que ambos estavam sozinhos, em uma clima razoável, face a face: "Sabe, filho, acho que não temos muita coisa sobre o que conversar". A distância torna-se um limite intransponível. Entre o pai e filho, cisão e ruptura, uma separação além das possibilidades de mera reconciliação. Rennon não vê nada de si próprio no filho. Quem sabe, ledo engano.

É nessa duplicidade de vozes, a dicotomia pai e filho, presos em uma relação intransponível, em uma diferença e indiferença marcante que dá o tom para este romance metade epistolar que Tezza constrói em Uma noite em Curitiba. Outros elementos: a filha / irmã sumida da família Rennon; o misterioso incidente de 69 que liga Sara Donovan e Rennon em uma conversa indizível; a brusca mudança em sua esposa, Margarida, após o início do caso. Mas é notável que são nessas três figuras outras, pai, amante, e filho, em suas particularidades e diferenças, em suas expressões e seus relacionamentos, em seus dilemas e vidas passadas e presentes que se fundamenta este romance.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/06/01/uma-noite-em-curitiba/
Lucas1429 15/03/2024minha estante
Estou lendo este livro atualmente. Sua resenha é irretocável. Uma das melhores que já li neste espaço. Abraços!




Cristiano.Vituri 05/05/2014

A decadência do Professor Rennon...
O relato de uma família desestruturada: problemas conjugais, filhos problemáticos e um amor "platônico" de 25 anos atrás. Através de cartas entre seu pai (Prof. Rennon) e a amante (Sara Donovan), e os acontecimentos que ele próprio presenciou o filho escreve um relato dramático e com pitadas sarcásticas sobre as relações e as posições sociais de cada um (inclusive ele mesmo).

A sensação ao ler o livro é de estar no apartamento ao lado, de cruzar com os personagens, tanto no hall do prédio, quanto nas ruas de Curitiba. Um livro a 200km/h. Cheio de referências externas (Madame Bovary e o Mersault de Camus) me fez lembrar a velocidade e a narrativa de Philip Roth.
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Aline 31/05/2013

Má-o-meno
Gosto muito do Cristóvão Tezza, principalmente pelos seus livros "Trapo", "O Fotógrafo" e "O Filho Eterno", além de sua coluna semanal na Gazdeta do Povo. Só que esse livro me decepcionou um pouco. Enfadonho. Só desperta a atenção no final.
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ValQueiroz 21/07/2011

Um livro muito bom do curitibano Cristovão Tezza. Para quem conhece a cidade do escritor, consegue caminhar junto com o personagem pela Boca Maldita, Rua XV, Reitoria e praças da capital paranaense. Um livro que inspira e sufoca amores. Muito bom!
Alice 31/10/2014minha estante
Ele é, na verdade, de Santa Catarina. rs




Noah 27/09/2010

http://www.mais1livro.com/?p=535
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Mais1Livro 11/09/2010

Mais1Livro.com
“Uma noite em Curitiba” não é uma história de amor. Certamente que apresenta todos os elementos que nos levam a julgá-la como tal. Os protagonistas apaixonados, as juras e cartas de amor, fugas na calada da madrugada, a superação de todos os obstáculos para a realização do ideal romântico, a doce, feliz anulação do ego do apaixonado em favor do outro…

Gostou? Leia a resenha completa em http://www.mais1livro.com/?p=535
Mais1Livro.com * Fascinados por livros.
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