Resenhas - A Herdeira

Franco 07/02/2020

Bom, mas meio que vazio
'A Herdeira' traz uma história que é simples e entrega seu conflito logo de início: uma moça com dotes que se vê cortejada por um rapaz de índole suspeita, o que arrepia o cético pai da moça. E a partir disso, e com poucos personagens outros além desses, a história se desenrola.

E o problema é que não se desenrola muito para além disso. Apesar de progredir (não chega a ser uma vai-e-vem enchedor de linguiças), a história só progride nesse conflito e não aprofunda nada mais. Poderia ter sido mais 'de época', por exemplo, permitindo um olhar mais detalhado sobre a sociedade daquele período e seus hábitos. Mas, em vez disso, a história se aprofunda somente na personalidade de cada personagem em torno daquele conflito central (a possibilidade/desconfiança/risco de um pretendente interesseiro).

E esse aprofundar na personalidade dos personagens é, na verdade, somente o explorar de uma única face deles. Portanto, não chega a ser um estudo psicológico ou algo que o valha. Fica mais quase como um exercício literário: 'como podemos ressaltar mais e mais o ponto central do caráter desses personagens?'.

Então, sim: o livro pode ser meio chato. Contudo, há uma grande riqueza contida nele, que é, sem dúvida alguma, a sagacidade com que autor vai desfiando a história. São tiradas sutis, breves gracejos, e diálogos muito bem encaixados no contexto pretendido. Em alguns momentos, lembra bastante aquele olhar sarcástico do nosso querido Machado de Assis, dotando de muito carisma a crítica (às vezes, a ofensa mesmo) ao personagem.

E esse detalhe (o jeitão da escrita) salva a história, que sozinha naufragaria.

Então não é propriamente um livro recomendável a torto e a direito. É bom, mas um tanto vazio - agrada mais aquele leitor sensível aos recursos da linguagem do que propriamente aquele mais sedento por tramas ricas e envolventes.

Evellyn 28/05/2018

Autor
Passei um tempo pensando nesse livro depois de completar a leitura, percebi que não me afeiçoei por nenhum personagem e essa história me pareceu mais como 3 pessoas podem arruinar a vida de alguém e apagá-la completamente de acordo com suas vontades e egoísmos, mas o que me prendeu até o fim foi a narrativa incrível desse autor que me dava mais alegria em ler o livro que a história. De toda forma, achei todos os personagens extremamente complexos e bem construídos, valeu a pena.

Isa 17/03/2018

Livro MUITO bom, q me marcou em vários aspectos...
Henry James começa esse livro nos apresentando o Dr. Sloper, um grande médico reconhecido em sua comunidade por sua habilidade e experiência. A estória se passa em meados do século XIX, em Nova York. Dr. Sloper é um homem muito rico e tem uma filha - Catherine Sloper - a "herdeira" da estória, pois herdará uma fortuna qndo o pai morrer. Pai e filha moram tb c/ uma tia, que viuvou de um eclesiástico pobre e de saúde precária, passando a residir c/ o irmão. Em dado momento aparece um rapaz q se interessa por Catherine - Morris Townsend -, bonito e só o q se sabe dele é q viveu parte de sua vida na Europa, vive com a irmã e seus filhos e não trabalha. Logo Dr. Sloper começa a desconfiar do óbvio: esse cara tá a fim do dinheiro da Catherine, e só. O livro parte daí pra desenvolver um "quase suspense" em torno dessa questão. Catherine começa a se apaixonar pelo rapaz e o pai trava uma batalha c/ a filha pra mostrar q ela tá errada. De início, pro leitor não fica muito claro quais são as verdadeiras intenções de Morris, você se vê realmente em dúvida se o cara é bom ou não (mais pra frente o caráter dele fica mais evidente), ao mesmo tempo, a sagacidade e inteligência do personagem do pai é tanta q vc começa a perceber que ele de fato têm razão em desconfiar tanto do rapaz. Sério, algumas das melhores frases do livro são do Dr. Sloper. Esse livro me causou certa angústia, pois ao longo da leitura eu achava a Catherine uma grande tola, servindo de joguete nas mãos dos demais personagens. Ela é descrita como uma garota s/ grande beleza e s/ personalidade. O Dr. Sloper, apesar de ser um personagem maravilhoso em sua construção, é muito cruel c/ a filha. Ele reconhece que ela ñ tem personalidade e vai testando ela pra ver até onde ela resiste ou se nesse jogo, algo de uma nova Catherine, mais inteligente e espirituosa pode surgir. Bem no final do livro a Catherine dá mostras de sua força, mas ainda assim, fiquei c/ a impressão de q ela se tornou alguém preso ao passado.
Livro MUITO bom, q me marcou em vários aspectos e excelente na construção dos personagens e da trama.

Lane 11/04/2012

A Herdeira

Um clássico ambientado numa Nova Iorque em meados do século XIX, que revela a realidade com muito naturalismo.

Primeira obra que leio do autor e não posso dizer que detestei. O livro contém uma narrativa rebuscada, escrito em terceira pessoa, que tem um narrador onisciente que vai revelando o que acontece no coração dos personagens.

Os personagens são complexos, demorei um pouco pra compreender Catherine e o pai dela. Não tem como saber o que vai acontecer no final e quais serão as decisões deles. Acredito que por se tratar de uma obra que fala da realidade, isso seja um diferencial.

Henry James é considerado um dos primeiros autores feministas da Literatura Moderna. Nesta obra, ele apresenta Catherine uma moça rica, filha única, que por ser quieta e não possuir atrativos físicos é considerada pelo pai e os homens uma bobalhona.

A obra descreve bem os conceitos da sociedade americana da época e traz questionamentos sobre hipocrisia, machismo e preconceitos.

Tive muita pena da Catherine, torci e me decepcionei com o Morris e desde o ínicio detestei o pai dela.

Avaliei com 3 estrelas.

sonia 18/01/2012

as feias também amam...
uma história sobre uma moça feia, que é convencida pelo próprio pai que não tem nenhum atrativo pessoal além de sua fortuna; triste efeito da persuasão de um parente tão querido. Se a moça tivesse confiança em seus outros atributos, poderia ter sido medianamente feliz, conquistado alguém, aprendido a separar os interesseiros dos sinceros, porém, convencido de seu infortúnio, segue uma vida isolada e infeliz.
triste história, muito bem escrita.

guibre 13/02/2011

Interessante.
A leitura deste livro foi bastante satisfatória para mim, especificamente porque o autor conseguiu "implantar" no texto a tensão existente entre os personagens, bem como suas intenções, de modo a gerar-me curiosidade acerca do desfecho da obra.
Também me pareceu elogiável o fato de o texto não conter descrições supérfluas, retendo-se, primordialmente, em determinada fase da vida da protagonista Catherine. A narrativa, desta feita, mostrou-se objetiva, mas sem deixar de ser aprofundada a respeito das convenções sociais da época e das relações e pensamentos dos personagens, mesmo sem revelar-lhes por completo.

Claire Scorzi 10/02/2009

James desprezava esse livro, mas para mim ele é um dos seus melhores romances: é sutil sem exageros, tem um soberbo retrato de mulher (Catherine não é bonita, nem inteligente, nem charmosa: seu único encanto está na sua honestidade, na sua transparência, digamos: todos no livro fingem ou se disfarçam; ela não), e conta sua história de forma que consegue ser emocionante nem apelar para as frases fáceis. O estilo elegante de Henry James veste bem a trama simples dando-lhe beleza e dignidade.