A Casa das Bruxas

A Casa das Bruxas H. P. Lovecraft




Resenhas - A Casa das Bruxas


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Craotchky 18/10/2020

Descendo a lenha
Infelizmente começo essa resenha afirmando que os contos de Lovecraft definitivamente não me agradam. Com exceção de A cor que caiu do céu, perdi completamente o interesse em ler as histórias curtas do autor. No mês do Halloween de 2015 li o romance O caso de Charles Dexter Word e, na época, amei o livro. Pelas lembranças que tenho dele, provavelmente o colocaria entre as melhores obras de terror que já li. No entanto, lamentavelmente, os dois volumes de contos de Lovecraft que desbravei, no caso este e A tumba e outras histórias, não me agradaram.

Quanto ao presente volume, o conto Nas montanhas da loucura me lembrou muito o filme O enigma do outro mundo (The Thing, de 1982), filme que gosto muito, aliás. Porém não gostei do conto. Desde o início há excesso de descrições minuciosas com termos técnicos e/ou científicos. Essas descrições, ora em relação ao ambiente geológico, ora em relação a alguma criatura supostamente paleontológica, ou ainda sobre estruturas arquitetônicas, são chatérrimas, por assim dizer, e frequentes. Tente, por exemplo, imaginar a criatura descrita a seguir:

"Os objetos têm dois metros e quarenta de ponta a ponta. Torso em forma de barril, com um metro e oitenta, um metro de diâmetro central, trinta centímetros de diâmetro nas extremidades. Cinza-escuros, flexíveis e infinitamente duros. Asas membranosas de dois metros e dez, da mesma cor, encontradas dobradas, nascendo sulcos entre as rugas. Estrutura das asas tubular ou glandular, de um cinza mais claro, com orifício nas extremidades das asas. Quando abertas, as asas apresentam serrilhamento nas bordas. Em torno do equador, cada qual no ápice central de cada uma das cinco rugas verticais semelhantes a aduelas, ficam cinco sistemas de braços ou tentáculos flexíveis e cinza-claros, encontrados comprimidos fortemente contra o torso mas capazes de se estender a um comprimento total de quase um metro. Semelhante a braços de crinóide primitivo. Os pendúnculos, com oito centímetro de diâmetro, subdividem-se após 25 centímetros em cinco subpendúnculos..."

Achou o trecho acima grande demais? E se eu te disser que esse trecho é apenas um terço da descrição da criatura? Pois é exatamente isso. Além do mais, essas partes na narrativa são frequentes e, somadas a ausência de diálogos ao longo de quase todo o conto (e livro), tornaram minha tarefa de concluir a leitura impraticável; abandonei após ter lido 97 do total de 160 páginas. Ora, o que talvez foi pensado para o(a) leitor(a) como um mapa detalhado para imaginar com fidelidade o que é descrito, resulta no contrário, conquanto, pelo menos para mim, essas descrições só dificultaram a imaginação. Será a isso que se referem as pessoas que falam sobre as famosas tentativas do autor em "descrever o indescritível"?

Prossigamos. Eis aqui outro aspecto que não me agradou: as tentativas de criar entidades (e/ou ambientes) sobre as quais, agora percebo, tenho até dificuldade em falar, tal é a natureza extremamente abstrata e imaginativa que possuem. O autor apresenta essas entidades (e/ou ambientes) de forma tão etérea que, ao menos para mim, elas soam muito inverossímeis e de dificílima visualização. Claro, talvez tudo isso que não me agradou agrade outras pessoas. Aliás, deve sim agradar muitas pessoas, afinal a nota do livro aqui no skoob é alta.

Há então dois tipos de descrição, presentes em todos os contos, que não me agradaram: a minuciosa e a etérea (essa minha dicotomia é somente nominal, para fins explicativos, portanto é obviamente possível que os dois tipos apareçam de mãos dadas, o que de fato acontece). O segundo conto, A casa abandonada, li inteiro e, se por um lado não traz tanto a minuciosidade, traz a eterealidade (neologismo?). Quando comecei o terceiro conto, A casa das bruxas, logo suspeitei, dado o início, que iria pelo mesmo caminho dos outros, então abandonei-o sem demora. O quarto e último conto, O relato de Randolph Carter, foi o menos ruim, mesmo que ainda não bom.

Bem, não vou escrever uma conclusão, já falei o que tinha pra falar. Hehehehe
(Constatei agora que este é apenas o terceiro livro avaliado com duas estrelas ou menos para o qual fiz uma resenha. Os outros merecedores integrantes dessa execrável lista são Fahrenheit 451 e Duma key.)
FalaLud 18/10/2020minha estante
Eu não curti nem O Caso de Charles Dexter Ward, empurrei com a barriga pra terminar. Tentei ler um livro de contos dele e vi que não era mesmo pra mim, acho sem graça e tedioso.


Craotchky 18/10/2020minha estante
Sem graça provavelmente, tedioso com certeza. Haha




Jefferson Pessôa 19/10/2014

É quase um consenso de que o exemplar A Casa das Bruxas é o melhor livro de iniciação à mitologia lovecraftiana. Nesse livro, temos a seleção de 3 contos e uma novela. A novela, Nas Montanhas da Loucura que abre o livro é considerada o magnum opus do mestre do horror cósmico, tanto pelos fãs, como pelo próprio autor. Logo em seguida, temos a sucessão de três contos: A Casa Abandonada; Os sonhos na casa das bruxas (que dá título à antologia) e O depoimento de Randolph Carter.

Na novela Nas Montanhas da Loucura, temos uma expedição científica organizada pela Universidade de Miskatonic que é enviada para a Antártida com o objetivo de coletar espécimes de rocha, vegetais e fósseis. A novela é narrada em primeira pessoa, pela visão de um dos cientistas, um geólogo (um dos únicos sobreviventes). No decorrer da trama, no entanto, nos deparamos com n empecilhos, e aos poucos nos vai sendo introduzido o clima de suspense: Somos então apresentados a seres alienígenas estranhos, com fisionomia e fisiologia beirando o inusitado. Somos então apresentados aos Antigos e consequentemente aos tão controversos Mitos de Cthullu (como a coisa toda ficou conhecida).

O que incomoda, na novela, no entanto, são os extensos dados de longitude, altitude e coisas afins, como detalhes muito técnicos, jornalísticos, científicos e históricos, que Lovecraft acrescenta à trama para dar mais realismo à mesma. Não que isso seja errado, mas em certos momentos chega a ser deveras maçante, entrando um pouco em choque com o clima pré-estabelecido pelo autor, de suspense e horror. Nas Montanhas da Loucura é uma narrativa clássica do horror e da ficção científica.

Em suas páginas Lovecraft faz muitas referências diretas a outros de suas histórias, dando mais solidez e apoio à sua própria mitologia, unificando todo seu universo macabro, mesmo que não esteja compilada num único livro. Nas Montanhas da Loucura leva o leitor a conhecer indiretamente O Chamado de Cthullu e o famigerado Necronomicon só pra citar os principais apresentados por meio dessa obra.

A história narrada em Nas Montanhas da Loucura, inspirou muitos outros enredos, seja de filmes, livros, HQs e tudo o mais. Como por exemplo, essa trama foi a principal influência para o filme The Thing de John Carpenter, Hellboy e quase tudo o que podemos imaginar se tratando de extra-terrestres, incluindo o próprio Alien. Além de ter fortemente influenciado o nosso autor brasileiro, Leonel Caldela, onde podemos visualizar essa influência tanto em O Código Élfico como principalmente na Trilogia Tormenta.

Os outros contos do livro, são bem mais curtos, mas nem por isso menos perturbadores. Vemos o autor explorar sua principal característica de narrar o inenarrável e descrever o indescritível, além de buscar traduzir de forma magistral todas as sensações e loucuras que se passam na mente de suas personagens. Um terror psicológico, pessimista e absurdamente cruel. É notável a quase ausência de diálogos na obra do mestre Lovecraft, sendo quase que impelido a descrever suas histórias como relatos, como documentos, bem diferente dos estilos narrativos comuns que conhecemos que nos lembram a todo instante que trata de uma obra ficcional o que não ocorre com a obra lovecraftiana, pelo contrário: somos quase convencidos de que se trata de um relato verídico.

No segundo conto A casa abandonada temos uma casa mal-assombrada que enlouquece todos seus proprietários. Somos instigados a tentar imaginar as criaturas fantasmagóricas e ilusórias que Lovecraft nos apresenta nesse conto, um desafio ao mesmo tempo agonizante e doentio. No conto Os sonhos na casa das bruxas, temos o autor nos colocando no núcleo dos piores pesadelos e visões do jovem Gilman e a apresentação da criatura tétrica chamada Parducho e da sua dona, a bruxa Keziah Mason. Enquanto que no último conto acho que o mais curto e um dos mais eletrizantes, O depoimento de Randolph Carter, temos o melhor desfecho que esse livro poderia ter, onde o jovem que dá nome ao título, dá seu depoimento absurdamente inacreditável sobre o desaparecimento de seu companheiro Harley Warren: loucura, verdade? Quem poderá julgar?

Digo mais uma vez: não sei do que foi feito de Harley Warren, embora pense quase rezo para isso que ele está em oblívio pacífico, se é que existe, em algum lugar, coisa bem aventurada. (Pág. 251)


Considerações finais...

O exemplar que li faz parte da coleção Mestres do Horror e da Fantasia, da editora Francisco Alves e é uma espécie de raridade, que data de 1983 e só não seria perfeita, devida à baixa qualidade de tradução.

Nas Montanhas da Loucura toma quase 50% do livro e ainda sim, dada a sua complexidade, eu acho que deveria ser maior: mais bem elaborada e mais explorada em certos aspectos.

Em todos os contos, vemos a habilidade do mestre do horror, H.P Lovecraft em narrar o inconcebível e usar e abusar das descrições, de relatos tão palpáveis que são capazes de produzir e provocar sensações, dando mais ênfase e realidade à sua obra. Temos o suspense como protagonista em quase todos os contos, o que torna todas as histórias bem mais agonizantes.

Esqueça todas suas concepções sobre extra-terrestres e bruxaria para ler esse livro pois ele lhe apresentará uma série de perspectivas tão absurdas, inovadoras e principalmente... inenarráveis.
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Post_RMC 31/07/2014

Seria 5 estrelas se não houvesse tantos erros de tradução.
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Rusbis 12/11/2013

Assista a vídeo-resenha "A Casa das Bruxas" no canal literário Ler Vicia:

site: https://www.youtube.com/watch?v=MZjcfboGvhE
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Gabriel1610 15/02/2012

Tentei mas não gostei
Eu tentei ler esse livro mas não curti muito. O livro é cheio de códigos e fala longitude altitude do lugar, quase não tem falas, e tipo... eu não tive paciencia para imaginar os lugares com o excesso de detalhes em números e código de avião e não sei o que mais, tive que abandonar o livro
Post_RMC 31/07/2014minha estante
Arriscou ler os outros contos do livro? Poderia ter gostado.




marcus.pedroso 14/10/2009

Ótimo
Mais uma história do mestre do horror.
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