A Sonata a Kreutzer

A Sonata a Kreutzer Leon Tolstói




Resenhas - A Sonata a Kreutzer


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Fabio 18/01/2024

"A Sinfonia Dramática do Cotidiano"
Considerado um dos maiores escritores de todos os tempos, o gênio russo Liev Tolstoi, nos entrega em "A Sonata a Kreutzer", uma das obras, mais controversas e debatidas da história da literatura mundial, que chegou a ser proibida em grande parte da Europa no início do século XX e posteriormente nos Estados Unidos, quando causou indignação na sociedade americana.

Tolstoi, sob o influxo da famosa peça homônima de Beethoven, durante uma festa na primavera de 1888, resolveu compor um texto em forma de novela para retratar os temas da composiçãob e a conduzir o leitor a uma intensa reflexão sobre a profundidade das relações dentro de um matrimonio, e de forma direta, narra o extremo sexíssimo de uma parcela da sociedade russa e acaba por descortinar ao mundo as desigualdades entre os e sexos e a infidelidade conjugal, sem implicidades.

Publicado em 1891, "A Sonata Kreutzer", Tolstoi nos conta os dramas e aflições de Pózdnichev, um homem que, em um ataque de fúria e ciúmes, cometeu um crime brutale e acaba narrando sua história e motivações a um estranho, durante uma longa viagem de trem no pais vermelho.

Narrado em primeira pessoa, em forma de "confissão", Tolstoi, nos concede um texto, sóbrio, claro e sem alegorias, e num estilo insinuante, quase dissoluto, choca e questiona sobre as convenções sociais da época e imprime ao texto de forma marcante e sincera, a conduta rígida do moralismo, que sempre fora marca registrada do autor.

Trata-se de uma obra intimista, de extrema qualidade literária e estética, em que Tolstoi de forma bem articulada, tece um pequeno tratado sobre a moral, a libertinagem e a devassidão, e ao narrar alguns dos pensamentos quase doentios do protagonista, nos apresenta a visão deturpada de um indivíduo que, perdeu a razão, e nos obriga a enxergar nele, aquilo que parece mais odioso e repulsivo em nosso cotidiano. Tolstoi, reafirma seus conceitos doutrinários em "A Sonata a Kreutzer", e, mesmo sendo contra a panfletagem por meio da arte, imprimiu ao texto, alguns pontos que são divergentes de seus "dogmas", mas que, indubitavelmente, agregaram ao espólio do mestre russo.

Em suma, "A Sonata a Kreutzer", é um livro impactante, repleto de ensinamentos, que nos repulsa e fascina ao mesmo tempo, e desperta em nós sentimentos contraditórios, quando nos identificamos ora com o algoz, ora com a vítima, mas, que, na maioria das vezes nos enxergamos mesmo, somente como interlocutores de uma conversa intima e confessionária, e nos declaramos imparciais, mas é quando, deixamos de lado, as máscaras, que as normas e convenções sociais nos obrigam, e nos colocamos no lugar do outro, é que enxergamos realmente o que há dentro de nós; tanto luz, quanto trevas, e que, somos o resultado daquilo que impera em nós.
Yanne0 18/01/2024minha estante
Thomas Mann cita essa sonata de Beethoven em "Doutor Fausto" e automaticamente me lembrei desse livro do Tolstoi, mas nunca tinha parado pra pesquisar sobre a história (eu não costumo ler sinopses). Dps da tua resenha (maravilhosa, por sinal) cm ctz vou ler ?


Wercton 18/01/2024minha estante
Excelente texto, já tinha vontade de ler esse livro e agora certamente subiu alguns degraus na lista :) (por sinal, acredito que as datas estão um século pra cima aí rsrs)


Mariana 18/01/2024minha estante
Nossa!!! ????????????. Belíssima resenha! Intensa, profunda e instigante. Adorei e já coloquei na lista infinita para lê -lo. Parabéns ????


Fabio 18/01/2024minha estante
Obrigado, Yanne!?
Lisonjeado com as palavras!?


Fabio 18/01/2024minha estante
Wercton, muito obrigado!?
Leia, sim, esse vale a pena, demais!
Obrigado por me corrigir, não sei aonde estava com a cabeça kkkkkkk
Só um século a mais kkkk


Fabio 18/01/2024minha estante
Muito obrigado, Mari, minha querida, pelo carinho!?
Fico muito feliz, que tenha gostado da resenha!?
Desculpe a prolixidade do texto! kkkkk ?


Nath 18/01/2024minha estante
Ainda não li esse, mas eu tenho essa mesma edição da 34 e uma outra intitulada Tolstói & Tolstaia, lançada pela editora Carambaia!

Vou dar preferência de leitura a edição da Carambaia, pois após o texto integral do Sonata a Kreutzer, o leitor pode conferir também na íntegra a RESPOSTA da esposa do Tolstói, a Tolstaia!, em formato de novela também.. onde ela respondeu ao próprio marido o Tolstói a visão dela do porque o Tolstói ficou tão "amargurado" com o sexo feminino a ponto de escrever essa novela.. ou seja, a Tolstaia HABLOU de igual com seu marido Tolstói! QUEEN!! ??????

E olhe que eu AMO o Tolstói, eu tenho até a biografia dele na minha estante! ?
Mas como mulher e leitora, darei prioridade a ler essa novela com o texto junto da dona Tolstaia.. tem disponível na Amazon para comprar a edição econômica dos dois textos juntos.


Fabio.Nunes 18/01/2024minha estante
Fabão, tu é um dos melhores resenhistas desse skoob, cara. Parabéns. Entrou na fila.


FSouzaPinto 18/01/2024minha estante
Depois dessa resenha, fui obrigada a colocar na lista ??


Duda.bae 18/01/2024minha estante
Sempre ouvi falar em filmes e livros, alguma coisa referente ao Tolstói, dá uma certa curiosidade de querer ler, mesmo não sendo o tipo de livro que costumo ler. Resenha perfeita, Fabio! ?????


Carolina.Gomes 18/01/2024minha estante
Eu adoro esse livro. ?


Fabio 18/01/2024minha estante
Nath, eu não conhecia essa edição da Carambaia, e você me deixou curioso, então vou procurar, porque quero conferir essa "resposta" da Tolstaia. Rsrs
Obrigado novamente pela dica.


Fabio 18/01/2024minha estante
Fabão, meu xará, muito obrigado pelo carinho!
Lisonjeado com suas palavras!


Fabio 18/01/2024minha estante
Fabão, meu xará, muito obrigado pelo carinho!
Estou lisonjeado por suas palavras, mas, quem me dera ser tão bom quanto , disse!!! Kkkk


Fabio 18/01/2024minha estante
Flavia, muito obrigado pelas palavras!
Fico feliz que tenha gostado da resenha!!!?


Fabio 18/01/2024minha estante
Dudinha, minha querida, muito obrigado pelo carinho de sempre!???
Tenho certeza de que, quando começar a ler os russos, não vai querer parar mais, Dudinha. Basta o pontapé inicial!


Fabio 18/01/2024minha estante
Carol, entrou na minha lista de favoritos!?


Nath 18/01/2024minha estante
Procure na Amazon pelo livro Tolstói & Tolstaia, da Carambaia. Vc achará facilmente a resposta da Tolstaia para o Tolstói ? ( a edição disponível no momento é a econômica, pois a edição capa dura de luxo esgotou, já que a Carambaia só trabalha com edições numeradas. Quando esgota, ela lança essa versão econômica com o mesmo texto integral.)


Mariana 18/01/2024minha estante
Fábio, é um pecado chamar um texto tão magnífico desses de prolixo! Se assim for, seja sempre prolixo, por favor! ??


Núbia Cortinhas 18/01/2024minha estante
Que aulão!! Uauuu!! Tu arrasas!! ?? ?? ??


Fabio 18/01/2024minha estante
Nath, já encontrei e já comprei, obrigado pela dica. Já estou ansioso por esse texto da Tolstaia !?


Fabio 18/01/2024minha estante
Obrigado, minha querida, Mari!?


Fabio 18/01/2024minha estante
Muito obrigado, Núbia !???


Nath 18/01/2024minha estante
????


AndrAa58 19/01/2024minha estante
Depois da sua resenha ???, entrou na fila ?


Fabio 19/01/2024minha estante
Muito obrigado, Andréa, querida!?


Camila Felicio 19/01/2024minha estante
Excelente resenha Fábio!! ?


Fabio 19/01/2024minha estante
Obrigado, Camila!???


Gabriela_Sut 20/01/2024minha estante
Caramba, fiquei até com vontade de ler kkkk Ótima resenha, Fabio


Fabio 20/01/2024minha estante
Muito obrigado Gaby!?
Esse livro vale muito a pena, principalmente, para visualizar a filosofia Tolstoista e como, influenciaram a literatura.


Débora 21/01/2024minha estante
Resenha incrível, Fábio!!!???


Fabio 21/01/2024minha estante
Muito obrigado, Débora!?


-Rachel 22/01/2024minha estante
Fabio, como sempre uma escrita excelente! Admiro demais a forma com que você desenvolve suas resenhas. ???


Fabio 22/01/2024minha estante
Rachel, muito obrigado, minha querida, pelo carinho!
Extremamente lisonjeado com suas!????




Caroline Gurgel 14/04/2014

Para Tolstói, a música perverte.
Não foi o fato desse livro ser considerado uma das melhores obras de Tolstói que despertou meu interesse, foi o título. Como fã de música clássica e em especial da de Beethoven, eu não resisti ao ver sua linda sonata para violino e piano nº9 op.47, A Sonata a Kreutzer, estampada na capa de um livro escrito por ninguém menos que Tolstói.

Sabendo que, obviamente, se tratava de um livro de domínio público, procurei sua versão digital gratuita e comecei a leitura. Não foi minha primeira tentativa em livros de domínio público, foi, talvez, a décima. E a última! Cheguei a conclusão de que não adianta insistir nelas, ou você paga por uma boa tradução (ou tem a sorte de, vivendo no Brasil, morar em uma cidade que tenha uma biblioteca decente) ou é melhor deixá-las de lado. São péssimas traduções! Ainda li uns 30% e me perguntava se aquelas frases desconexas eram propositais. Não eram. Criei vergonha na cara e comprei a edição da editora 34 que, diga-se de passagem, tem feito um trabalho majestoso na tradução diretamente dos originais russos.

Voilà Retomei a leitura do início e, wow!, nem parecia a mesma história que eu iniciara antes. Incrível! A escrita é fantástica e leva o leitor a entrar nos devaneios e alucinações do personagem principal, que, por menos provável que seja, não é o narrador.

Trata-se de um diálogo - praticamente um monólogo - entre o narrador e um homem que assassinara sua esposa por achar que ela o traíra com um pianista. Eles se encontram em um trem e o tal assassino começa a contar o que o levou a cometer tal crime enquanto devaneia sobre casamento, amor, sexo e o papel da mulher na sociedade. São visões super pessimistas e controversas que fazem com que o leitor crie uma repulsa em relação ao personagem - ou ao autor, já que a linha que os separa é bem tênue e, dizem, Tolstói estava bastante deprimido quando escreveu essa história.

"...supõe-se em teoria que o amor é algo ideal, elevado, mas na prática o amor é ignóbil, porco, sendo repugnante e vergonhoso falar e lembrar-se dele. [...] as pessoas fingem que o repugnante e vergonhoso é belo e sublime."

Tolstói fala que a mulher é sempre vista como um objeto de prazer e para que assim não o seja ela deve manter-se casta por toda a vida.

"Veja toda a poesia, toda a pintura, toda a escultura, a começar pelos versos de amor e pelas Vênus e Frineias despidas, o senhor vê que a mulher é um instrumento de prazer; ela é assim nas ruas de Trubá e de Gratchovka, e também no baile da corte. E observe a artimanha do demônio: ora, um prazer, um deleite, podia-se bem admitir isso, dizer que a mulher é um bocado doce. Não, a princípio, os cavaleiros afirmavam venerar a mulher (veneravam, mas assim mesmo olhavam-na como um instrumento de prazer). E agora asseguram que respeitam a mulher. Uns cedem-lhe o lugar, levantam-lhe um lenço; outros reconhecem o seu direito de ocupar todos os cargos, de participar no governo, etc. Fazem tudo isso, mas o modo de encará-la é sempre o mesmo. Ela é um instrumento de prazer. O seu corpo é um instrumento de prazer. E ela sabe disso."

Alfineta a relação entre mãe e filho, a medicina e os médicos, o feminismo e o cavalheirismo, religião e casamento. Dá, inclusive, a entender que a música perverte o ser humano. Por fim, já nas horas que antecedem o assassinato, seu diálogo rodeia o ciúme e a dúvida. Um ciúme doentio que cega e tem consequências graves. E a dúvida que o persegue, ela o trai ou não? Por mais que a pessoa não queira verdadeiramente uma resposta, ela quer saber a verdade, como se, no fundo, tivesse alguma esperança de suas desconfianças serem infundadas.

"Até lembro confusamente, que tendo cravado o punhal, no mesmo instante o retirei, querendo corrigir, deter, o que já fora realizado. Por um instante, fiquei imóvel, esperando o que ia acontecer, procurando ver se era possível corrigir aquilo."

E mostra-nos arrependimento, mesmo que passageiro, mostra-nos a inconseqüência dos atos impensados e imaturos, de agir com a cabeça quente, sem pensar.

É possível que você seja contra tudo o que é citado em um livro e ainda assim o achar fenomenal? Foi bem o que me aconteceu nesse livro. A história é narrada com maestria, prende e instiga, e por mais que irrite, não há como não gostar.

Devo apenas mencionar minha decepção em relação a sonata que tanto amo e que, a meu ver, não teve esse destaque todo. Digo a meu ver pelo que li da estória em si, sem contar com o posfácio, que explica melhor a influência que tal música teve nessa história.

★ ★ ★ ★ ★
❤ ❤ ❤ ♡ ♡

**

Despeço-me deixando o link da sonata no youtube interpretada pela majestosa violinista alemã Anne-Sophie Mutter e pelo grande pianista Lambert Orkis. Na história de Tolstói a esposa assassinada é a violinista e o suposto traidor, o pianista. A música, o motivo da traição.

http://youtu.be/COGcCBJAC6I
DIRCE 10/05/2014minha estante
Caroline, você está se tornando uma exímia resenhista.
Parabéns!
bjs


Caroline Gurgel 12/05/2014minha estante
Dirce, você não sabe como fico feliz em ouvir isso vindo de você!
Obrigada! bjs
;)


Ewerton 02/09/2015minha estante
Excelente resenha Caroline. Parabéns!


Douglas 14/09/2020minha estante
Sensacional sua resenha, Caroline. Muito obrigado. Acho muito importante investir em livros, valorizando boas traduções. Se todos pensarem assim, podemos melhorar um pouco o nosso país, como um todo.


Adriel 05/03/2023minha estante
Muito boa a resenha. E sim as traduções são complicadas, principalmente nos russos, por isso pesquiso bem antes, e vai muito da editora, pq tem umas aí que não valem nada


Belle 15/06/2023minha estante
Excelente resenha. Sua descrição, me fez colocar essa obra, na minha lista de 2023. Obrigada.


Adriel 03/01/2024minha estante
Retornei aqui, agora, após reler essa obra. Provavelmente sabes, mas há outro livro do Tolstói que julgo ser outra face desse livro. Trata-se do livro "felicidade conjugal", cujas inspirações estão na Sonata para piano n.º 14, Op. 27 n.º 2 do Beethoven (quasi una fantasía). E, sobre a sonata "não ter tido destaque", na verdade, ela foi utilizada na construção do texto, inspirada nos períodos musicais. Sobre traduções, Rubens Figueiredo e Boris Schneidermann são os melhores tradutores dos clássicos russos.




Leila de Carvalho e Gonçalves 18/07/2018

Todo Casamento É Um Embuste
Enfatizando a influência da música em nosso espírito, Tolstói escreveu uma novela inspirada na Sonata a Kreutzer, de Beethoven. De difícil execução, essa sonata foi composta para piano e violino, uma boa metáfora para o tema escolhido pelo escritor: o relacionamento entre o homem e a mulher.

Seu cenário é um trem e o protagonista, um passageiro que matou a esposa por ciúmes. Curiosamente, o texto assemelha-se a um monólogo, à medida que o narrador, um companheiro de viagem, pouco interfere no discurso do assassino.

Pozdnyshev descreve o matrimônio como um embuste, chega ao ponto de afirmar que o sexo é o principal responsável pela degradação humana e, ao reforçar a ideia da virgindade, chega a pregar extinção de nossa espécie...

Sem dúvida, é a obra mais controvertida de Tolstói. Mesmo antes de sua publicação em 1891, cópias de seu manuscrito já circularam dentro e fora da Rússia, escandalizando os leitores.

Enfim, fica minha recomendação e para quem não conhece, aproveite a oportunidade para ouvir a sonata.
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Kev 13/06/2020

Foi o terceiro livro que li do Tolstói, e como os outros, foi uma história intensa e angustiante (Estou começando a achar que essa é realmente uma das características de seus livros).
Não nego que ler o tipo de pensamento que foi exposto na narrativa me deixou diversas vezes com raiva e indignação. Mas por outro lado, me levou a uma reflexão profunda (e por vezes desconfortável) sobre o a hipocrisia que se reveste o relacionamento entre homens e mulheres na sociedade.

A história se passa em um trem, onde um senhor narra a um companheiro de viagem como matou sua mulher (e expõe seus motivos).

Como mulher, tenho de admitir que foi difícil ler algumas partes... Mas no todo, foi uma leitura bastante enriquecedora, rendeu boas reflexões.
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Thaís Aguiar 07/06/2020

Outra história impactante dos russos... Este livro trata-se do relato pessoal de um homem que assassinou a própria esposa e suas motivações para chegar a tal ato. Levanta alguns questionamentos bastante incômodos mas, ainda que absurdos algumas vezes, dignos de reflexão. O protagonista é extremanente machista e prepotente, com um discurso que é atual e preocupante. Apesar de passar muita raiva lendo, continua sendo Tolstói.
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Carolina.Gomes 11/03/2021

Esse curto romance traz à baila questões sobre o amor romântico e a deterioração das relações. Há forte crítica ao modelo do casamento e ao papel da mulher na sociedade com um cunho moralista tal qual em Anna K.

Particularmente, eu sou fã da estética narrativa de Tolstói e vi muitos pontos de semelhança entre o personagem principal desse livro e Bentinho de Machado e Otelo de WS.

O romance segue o ritmo da sonata de Beethoven: o monólogo alucinado de Pózdnichev tem uns loopings de tirar o fôlego. Trata-se de uma mente extremamente perturbada que conduz o personagem a um ato tresloucado.

Durante a leitura, eu lembrei muito da célebre frase de Otelo: ?Oh! Cuidado com o ciúme, meu senhor! Ele é um monstro de olhos verdes, que produz o alimento do qual se nutre.?

Recomendadíssimo!
Bruna 11/03/2021minha estante
Ansiosa ??


Carolina.Gomes 12/03/2021minha estante
Gostei muito!




literar 30/06/2021

Um livro muito bom. Curto, mas com uma grande história, Tolstói apresenta por meio desta obra pensamentos e perturbações relativos ao tema aqui tratado.
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Francisco240 20/02/2023

Uma crítica
Uma novela que vai falar sobre a infidelidade e o ciúme desacerbado de um homem que provavelmente não entende muito sobre os próprios sentimentos e um relacionamento tóxico com a própria esposa.
Tento esse enredo em vista, se tem um final trágico sempre seguindo os moldes da sonata de Beethoven o qual da nome a novela.
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Jão 04/04/2020

Sonata a Kreutzer
É difícil, nos dias de hoje, encontrar uma pessoa que tenha acesso à informação e não esteja habituado com o termo "feminismo", assim como às suas variantes. Você mesmo pode se identificar com o movimento e, por isso, tenha se interessado em literatura feminista. Bom, se você chegou a Sonata a Kreutzer acreditando que tal obra foi um expoente feminista na Rússia czarista do século XIX, lamento te frustrar, mas ela não foi. Contudo, é inegável que essa novela seja um dos mais intrigantes e peculiares livros dos quais já li. Tolstói pode não ter escrito uma obra feminista - no sentido estrito da palavra - mas produziu algo que lhe fará refletir sobre a condição da mulher e principalmente como os homens se relacionam com as mulheres.

Sonata a Kreutzer trata-se de uma antiga novela publicada pelo grande Liev Tolstói em 1889. Seu enredo não é dos mais geniais: conta, através de um monólogo disfarçado de diálogo, a breve história de como e porque um homem chamado Pózdnychev assassinou sua esposa. Apesar da história em si não ser das mais cativantes, sendo constituída de longos parágrafos e uma intensa repetição das mesmas ideias, o que lhe fará parar e ficar boquiaberto é a opinião do protagonista - e acredito que do próprio escritor - sobre a condição da mulher na sociedade. Sim, é inegável que existem diversos momentos completamente sem sentido dentro da obra, momentos de puro patriarcalismo e machismo. Porém é importante lembrar que essa é uma obra própria de seu tempo, ou seja, obviamente ela conterá pensamentos que não são mais totalmente aceitos em nossa sociedade, e que bom que eles não são mais. Ainda assim, Tolstói foi capaz de criar uma filosofia a qual revela um importante dogma do movimento feminista.

Foi no século XIX, num país extremamente patriarcalista e essencialmente machista que um homem, com os erros e falhas de alguém do seu tempo e local, diz aos quatro ventos algo simples e poderoso. De nada importa se damos a mesma educação às mulheres, tornamo-nas médicas, advogadas e pesquisadoras, fazemos com que elas recebam melhores salários se ainda assim continuarmos a olhá-las como simples objetos da sexualidade. Em seu longo monólogo, Pózdnychev - e também Tolstói - afirma esse seu dogma através de dois simples pilares.

"O mesmo se refere à emancipação da mulher. Pois a escravidão da mulher consiste apenas em os homens desejarem usá-la como um instrumento do prazer e acharem que isso é muito bom. Libertam, então, a mulher, concedem-lhe vários direitos, iguais aos do homem, mas continuam a considerá-la um instrumento do prazer e educam-na, dessa forma, na infância e por meio da opinião pública. E ela continua sendo a mesma escrava humilhada e corrompida, e o homem continua sendo o mesmo escravocrata depravado."

Primeiro, todo menino é puro, inocente e trata quaisquer pessoas da mesma forma. Todavia, a partir do momento em que ele é forçado a ser "homem", isto é, a partir do momento em que ele é obrigado a adotar ativamente nossos costumes tão maléficos às mulheres, acontece sua corrupção. A partir daí, toda e qualquer ação feita para com uma mulher visará unicamente o sexo. E aqui eu pergunto: a tão famosa, em nossa geração, "friendzone" não seria um claro exemplo disso? Um homem que se aproxima de uma mulher por meio de uma falsa amizade pretendo unicamente ter uma relação como um namoro ou algo do gênero. Novamente, a mulher é tão somente um objeto para se obter prazer.

Segundo, sim, nossa sociedade está cada vez mais cheia de mulheres independentes, que trabalham, sonham e conquistam. Mas quantas delas não sentem uma obrigação quase inexplicável de se sentir linda? De ser a todo momento alguém de aparência "perfeita", sem falha alguma. Tolstói - e também Pózdnychev - escreve que desde cedo incutimos nas mulheres essa ideia de um padrão de beleza o qual deve ser seguido por todas. Mais uma vez, do que adianta ter tantas mulheres se emancipando se elas continuam sendo medidas principalmente pelo quesito "beleza"?

As ideias aqui contidas obviamente não são novidade para alguém já minimamente dentro do movimento feminista, tampouco são ideias revolucionárias para nós. Contudo, o que pode te fazer se maravilhar com essa novela é o fato de alguém ter, publicamente, dito tudo isso. É um senhor já idoso expressar ideias tão estranhas para sua época e nação sem ter medo de ser punido e julgado. Repito que tudo que Tolstói escreveu não é novidade para qualquer feminista, é, na verdade, o básico do movimento. Contudo, o que me deixou maravilhado com a obra é o fato dela representar para os homens - e aqui eu, obviamente, me incluo - para que possamos dar mais um passo para se libertar de tantas condutas erradas que nos foram ensinadas como certas, para enfim nos libertarmos de uma doutrina atrasada, deprimente e cruel. Sonata a Kreutzer é, nem de longe, uma obra feminista, mas é, antes de tudo, um convite para sair da inércia dos pensamentos do machismo que envolvem nosso mundo, é um convite para te fazer pensar um pouco mais sobre o que é o amor, o casamento, ciúmes e tantos outros temas de vital importância para a nossa vida.
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Lipe 14/06/2020

Uma novela sobre casamento, ciúmes, infidelidade, loucura, assassinato e purgação. Tolstói nos convida a refletir sobre valores conjugais, misoginia/machismo e posição social da mulheres. Apesar do protagonista gerar "ascos" no leitor, é válido ouvirmos sua narração e discutirmos sobre seus posicionamentos e atitudes.
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Zé - #lerateondepuder 25/02/2020

A Sonata à Kreutzer
A escolha do livro A Sonata à Kreutzer foi exatamente com o intuito de iniciar as leituras das obras de Tolstói. Liev Nikoláievich Tolstói, também conhecido como Leon, Leo ou Liev Tolstói, foi um dos maiores escritores de todos os tempos. Um russo da era dourada de literatura daquela singular nação, Liev Tolstói foi, na verdade, um autor um tanto quanto controverso, por vezes tomado por, até mesmo, pervertido. Nascido na aristocracia, serviu ao exército, combateu na Guerra da Criméia, para depois escrever e ser reconhecido, trazendo-nos clássicos como Guerra e Paz, A Morte de Ivan Ilitch e Anna Karenina.
Este clássico foi escrito em 1889, quando Tolstói já caminhava para a fase de sua espiritualidade aguda, sendo Sonata à Kreutzer uma forte narrativa sobre o casamento e a questão da traição, onde o autor expressa uma visão muito negativa sobre as relações formais da época, com uma alta dose, por que não dizer, de misoginia para com a figura feminina.
São poucos os personagens mais marcantes, concentrando-se na figura de um narrador, com o protagonista
Pozdnychev, o que se transforma em boa parte do livro em quase um monólogo do personagem principal, descrevendo como acontecera a infelicidade do seu casamento, as críticas a sua esposa e a pretensa traição desta com um músico conhecido por Troukhachevsky.
Começa a trama com o narrador em um trem, ouvindo a conversa de uma senhora, com um advogado e outro senhor, cujo tema principal é o casamento, o divórcio e até mesmo sobre questões de traição. Este senhor diz que o dever de uma mulher é temer o homem. A senhora rebate, afirmando que só o amor legítimo pode consagrar o casamento. O senhor continua sua crítica, dizendo que homens e mulheres pretendem passar por monógamos, mas são, na verdade, polígamos. Então, o senhor é reconhecido como Pozdnychev, aquele que matara sua própria esposa.
Ficam sozinhos então o narrador e Pozdnychev, que começou a contar sua história. Filho de uma boa família, onde notoriamente os pais seguiam uma boa e reta moral e se amavam. Mas ele acabou seguindo uma vida leviana e devassa, perdido entre amigos, bebidas e mulheres que ofereciam gozo por dinheiro. Na história que conta ao narrador, compara estar tão perdido como um bêbado ou um fumador de ópio, passando assim por dez anos. Descreve como as mulheres, de uma forma geral, se comportam com o objetivo íntimo único de atrair os homens, quer seja solteira, casada ou de qualquer classe. E foi isso que lhe aconteceu, ao procurar sua pretendente.
Diz o protagonista que as mulheres quando fazem 15 anos ficam prontas para casarem como se fossem uma mercadoria. Não têm o direito a escolher seu parceiro, sujeitando a ser escolhida, mas se vingam pela sedução e
armadilhas, tornando-se uma rainha poderosa. Desta forma, o homem e a mulher pretendem passar por monógamos
quando realmente são poliandros ou polígamos. Quando, passados dois meses de casados, desejam separar-se, e o
casamento os impede de tal, então começa a vida infernal que conduz à embriaguez, à ferocidade, ao assassinato, ao envenenamento e ao suicídio. E a viagem de núpcias, a solidão a que se condenam os recém-casados não são mais do que um estímulo ao deboche.
Muitos dos camaradas de Pozdnychev eram casados e não tinham abandonado as suas ideias de poligamia. Pelo contrário, ele jurara viver sempre como monógamo. Mas a mulher para o protagonista é um manancial de gozos, e se ela se compenetrasse desta triste verdade, passaria a ser um monstro, porque com o auxílio do médico inutilizar-se-ia para a maternidade. Quanto aos seus afazeres, as mulheres sem concentram futilmente em vestidos, enfeites, tratar da sua beleza, estudar música, dança, ler romances, ir ao teatro. Fora destas, não tem outras ocupações: não trabalha e alimenta-se bem.
O ciúme, o ciúme sem motivo, foi uma das grandes calamidades de sua vida conjugal. Para ele foi uma constante tortura e continua criticando as mulheres que, em geral, são teimosas, perversas, egoístas, tagarelas, e as raparigas até à idade de vinte anos são tudo quanto há de mais puro e de mais nobre.
Decorridos os primeiros quatro anos depois do seu casamento, estavam completamente divorciados. Perante os estranhos conversam sobre tudo, abordando as coisas mais íntimas, mas a sós, nunca. Pozdnychev fumava extraordinariamente e o excesso do ópio, com um ou outro cálice de bebida, o mergulhava numa espécie de embriaguez que não o deixava ver o horror da minha situação.
Foram, então, habitar a cidade. Há mil coisas que lá os distraem: os negócios, as visitas, as doenças, a arte, a saúde das crianças e a sua educação e a esposa acabou adoecendo. Desde que deixou de ter filhos, ela engordou e com sua doença, o cuidado na saúde dos filhos desapareceu. Parecia ter despertado de um letargo. Um belo dia, os médicos têm a bondade de lhe dizerem que podia muito bem evitar os filhos. Invadiu-a uma grande alegria. O piano, que voltara ao esquecimento, passou a ser a sua predileta ocupação. Foi a origem da catástrofe.
Foi um homem com o seu violino que deu origem à catástrofe. Uma crise terrível aproximou-se, segundo Pozdnychev, que pensou no suicídio e em cometer um crime. Queria se conter, mas não pôde, invadindo nele uma verdadeira cólera. Troukhachevsky os procura assim que chegaram a Moscovo. O pressentimento era de que esse homem seria o causador de uma grande fatalidade. No dia seguinte, confessa o marido de que tinha ciúmes de
Troukhatchevsky, mas sua esposa não se perturbou e desatou a rir, como se eu lhe dissesse o maior dos absurdos, e que se ele desejasse, não o tornarei a ver.
Pozdnychev viaja e deixa sua esposa sozinha com os filhos, na esperança de que ela não mais veria o músico. Só que na volta, começa a ter delírios e fantasiar em sua cabeça que sua esposa o estava realmente traindo. Ao chegar em casa, constata que ela estava apenas jantando, mas vai até seu escritório, pega um punhal e o enterra em suas costelas, vendo sua esposa falecer demoradamente. É preso por apenas onze meses e termina se arrependendo do seu vil ato.
A obra foi escrita em um contexto de pré-revolução russa, em uma sociedade de muitas regras e costumes. Uma de suas interpretações é a de como os homens podem ser levados à verdadeira insanidade pelo ciúme, mas faz uma abordagem muito preconceituosa para comas mulheres. Deixa uma visão bem particular e um tanto quanto torpe do autor quanto aos relacionamentos, mas é de leitura fácil e rápida. É interessante conhecer mais a vida e outras obras de Tolstói para tentar compreendê-la um pouco melhor.
A edição lida foi de 2013 da Centaur Editions, traduzida por Maria Benedita Pinho, uma edição no formato EPub, lida no leitor Lev, podendo ser baixada no LeLivros, em: http://lelivros.love/book/baixar-livro-a-sonata-a-kreutzer-leon- tolstoi-em-pdf-mobi-ou-ler-online/, acesso em 23 fev. 2020. Há, pelo menos, outras quatro edições e o nome é uma homenagem e comparação com a obra de Beethoven, uma sonata que vai elevando os acordes à medida que vai se desenvolvendo, como o trama que vai elevando a loucura de um homem pretensamente traído, até o assassinato e morte de sua esposa.
Paz e Bem!


site: https://lerateondepuder.blogspot.com/2020/02/a-sonata-kreutzer.html
Cleuzita 29/02/2020minha estante
Poxa, bem que você poderia ter marcado que continha spoilers ?snirf
Você deu zero estrelas? Não gostou?


Zé - #lerateondepuder 29/02/2020minha estante
Obrigado pelas dicas. Vou segui-las nas próximas.


Cleuzita 29/02/2020minha estante
Oi Zé, hoo fico contente de você não ter se chateado comigo, obrigada. Sigo aqui gostando de acompanhar suas leituras. Tudo de bom aí, pra você.


Zé - #lerateondepuder 17/05/2020minha estante
Eu que agradeço, Cleuzita.




Manu5 18/11/2022

Amei
É estranho gostar desse personagem, por tudo que ele fez, porém no decorrer da narrativa a gente conhece muito desse personagem e acaba se identificando com alguns pensamentos dele, deixando claro que o que ele fez é horrível.
Mais uma vez tolstói dando aula sobre amor e casamento.
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Daniel Lucca 29/07/2021

Uma fase triste de Tolstoi
Em sonata de Kreutzer fica evidente o a amargura de Tolstoi com o casamento, em vários trechos a personagem relata suas desilusões. Como tudo que Tolstoi escreve é muito bom! Ele prende mesmo na tristeza.

"A espécie mais elevada dos animais, a espécie humana, devia, para se manter na luta contra os outros animais, assemelhar-se em tudo a um enxame de abelhas; não se multiplicar até ao infinito. Devia, como as abelhas, criar assexuados, isto é, caminhar para a continência e não para o sensualismo para o qual está organizada a vida moderna."
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Rafael Bruno 18/05/2020

Uma construção social
"- (...)As mulheres procedem exatamente como os judeus, que se vingam por meio do seu poderio financeiro da opressão que lhes é infligida."

A Sonata a Kreutzer além de ser um romance inesquecível é um estudo sobre a natureza feminina e a imposição social da época. Suas análises “contraditórias” nos levam a pensar da forma mais primitiva e simples a desigualdade de gênero. Nos traz uma visão animal, de instinto humano, e desmascara todos os parâmetros sociais da figura feminina, como mulher, esposa e mãe. Ao mesmo tempo que é muito pontual, desnuda a ideia de matrimônio que ainda persiste em muitas casas. Como se não bastasse, ainda aborda de uma forma brilhante um dos sentimentos mais contraditório e delirante dos seres humanos: o ciúme. Conecta esse sentimento a ideia de posse. Por fim, com sua escrita peculiar faz o leito vivenciar aquela emoção junto com o personagem e de forma sutil, até a última letra, revela a distorção da realidade, a ponto de nos deixar em dúvida o que realmente aconteceu. O final é impecável e sua dualidade de interpretação faz perder o sono.
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