mara sop 07/06/2021Meritneith, a primeira faraó mulher!Minha fascinação pelo Egito Antigo e pelas grandes mulheres egípcias da antiguidade vem de criança, o que me fez estudar sua história de forma mais aprofundada por conta própria, coisa que faço há décadas, e Meritneith, possivelmente a primeira faraó mulher e rainha reinante da história, sempre me intrigou. Então, quando descobri esse livro, fiquei exultante pra poder lê-lo o quanto antes, mas o fato de saber que ele tinha um forte viés espiritualista, me deixou meio com um pé atrás, pois romances espíritas que se passam no Egito Antigo não são bem o meu tipo de livro, mas apostei minhas fichas e li. E amei!
Sekeeta é a filha do faraó, e desde criança foi educada para ser não apenas faraó, mas também sacerdotisa de Anúbis, já que ela tinha essa facilidade de lembrar de outras vidas e passear pelo mundo espiritual, assim como ajudar espíritos atormentados a evoluir e seguir em frente, algo que hoje chamaríamos de médium. Mas o bacana desse livro é que, mesmo ele sendo reencarnacionista, ele foge da visão religiosa cristã (tão posterior às crenças egípcias) que encontramos nos romances espíritas, e eu gostei muito disso. A história é fortemente baseada na visão espiritual egípcia, falando de Thot, Anúbis, Maat e outros deuses, da pesagem do coração e muitas outras coisas da cultura daquele povo tão antigo.
Falando da parte histórica, esse livro foi publicado pela primeira vez no fim da década de 30, e segundo o próprio, descobertas arqueológicas feitas após a escrita dele, corroboram várias coisas citadas durante a história que ainda não eram conhecidas (sobre isso, preciso pesquisar mais), enquanto outras ainda esperam por ser "descobertas". Mas me deliciei em ver o Egito de Sekeeta, seu relacionamento com o pai e o irmão Neya, suas aventuras e as relações diplomáticas egípcias com os antigos cretenses e núbios, e a eterna tensão entre egípcios e sumérios. Aliás, conhecer a Creta de 5 mil anos atrás foi, tipo, incrível.
No geral, o livro tem partes um tanto monótonas, o que me desanimou um pouco durante a leitura, mas a narrativa de uma batalha em que a própria Sekeeta liderou um exército salvou o livro dessa monotonia do treinamento espiritual dela.
Fiquei com vontade de ler os outros romances egípcios da autora, que infelizmente não chegaram a ser publicados no Brasil e estou pensando em ler em inglês mesmo.
Recomendo para fãs de romances históricos ambientados no Egito Antigo.
Meritneith vive!