Quarup

Quarup Antonio Callado
Antonio Callado




Resenhas - Quarup


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Adrya.Jordanaa 15/07/2023

Quarup
"Quarup" é uma leitura desafiadora e confusa. A narrativa é arrastada e falta clareza na construção dos personagens. Além disso, o enredo parece se perder em meio a diversas histórias secundárias, dificultando a compreensão do propósito central da história. É uma obra que certamente não agradará a todos os leitores.
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Mekare 18/03/2014

Trechos:
Que obra!!!

Quarup

...esse último Adão (o índio)...Mas no limiar do século dezessete, quando iniciaram sua obra, os jesuítas sentiram q Deus lhe entregava, em condições históricas, o homem em branco, o homem a ser escrito. O jardim do Éden se replantava aqui de acordo com todo o saber da Europa. ... Qdo perderam suas reduções confederadas em República, os guaranis construíram cidades, fabricaram foices e alaúdes, martelos e órgãos. ... A produção comum entrava para os armazéns comuns e se distribuía entre todos para el bien común. As mulheres recebiam o fio e entregavam os tecidos. Não havia nem salário, nem fome. Isto não é lenda, é história. O q os jesuítas chegaram a anunciar, e o mundo esqueceu, é q o homem não precisa de milênios para desbastar em si a imagem de Deus q está no fundo. 23

...Leslie, talvez para sacudir o tédio reinante, veio com sua estranha história do mundo criado e governado pela Virgem.
..os holandeses de Nassau (Maurício de Nassau!!) teriam deixado sua marca no Brasil... Há sinais de uma curiosa heresia q eles provocaram em Pernambuco e na Bahia... Desanimados de rezar a Deus,q não parecia socorrê-los, deram uma espécie de golpe de Estado e puseram em seu lugar a Virgem Maria.
Pois teriam até construído capelas em q Deus, o trânsfuga q se passara para o lado dos holandeses protestantes, fora finalmente destronado por Maria q em todo o caso jamais tinha perdoado o sacrifício do filho na Cruz. Jesus devia ter sido salvo, como Isaac, e no entanto Deus o deixou morrer.
...há trechos no livro dos Sermões, de Padre Vieira, bem estranhos, q parecem confirmar os indícios da heresia...
- (Levindo) ...Brasil Holandês e Virgem Maria!? Deus me proteja! 24

Pecado é o sistema vigente. O pecado tbm é comunizado. A alma do individuo acabou. Existem só dois pecados: o pecado ativo e glutão dos q e aproveitam do regime vigente e o pecado negativo e abjeto dos q não se rebelam contra tal coisa.
um crime passional na classe rica demonstra a decadência, a ociosidade da classe. Entre os pobres ele demonstra a exasperação a q leva a miséria. Culpa, culpa pessoal, intransferível, não existe. 42

Ah, Senhor, por que sofriam os homens, se assim acabariam, ossos sobre ossos, sobre ossos, sobre ossos, à espera da trombeta do juízo que de novo os galvanizasse em remoinhos de remorso? 57

...A exposição ao sol de uma ferida secreta não trazia a cura, talvez, trazia moscas... Voltava ao mosteiro ou ia diretamente ao ossuário? Sentia-se apto a morar ali. Não com as esperanças de André (a da volta do Messias). Para sentir-se descarnar dia a dia. Morrer quietinho por falta de apetite para a vida. 62-63

- Saúde, saúde perfeita não é nada, não leva a nada. A gente só sabe que tem aquilo q dói. O brasileiro quer q doa tudo, naturalmente. (Ramiro) 100

...Agora podia pregar com alfinetes os versos q outrora deixava voar longe de si como borboletas mortais. Carmina Burana? Catulo? Venâncio Fortunato? Ou Tíbulo refletido no Tagebush? Sem duvida Ovídio: "Não é a arte que faz voar os barcos rápidos com o auxílio da vela e do remo? que guia na carreira os carros ligeiros? A arte tbm deve governar o amor... Não abandona em meio caminho tua amante, desfraldando sozinho tuas velas. É lado a lado q se arriba ao porto, quando soa a hora da volúpia plena e, vencidos a um só tempo, jazem a mulher e o homem lado a lado. Foge ao medo q apressa, à obra furtiva" ... "O prazer que se adia é o mais profundo." Sustentata Venus gratissima. Sem a menor possibilidade de dúvida o alarmante Petrônio: "O coito em si é revoltante, breve, e um cansaço, um enjoo é o que se segue. Não nos lancemos a ele em desvario, cegos e brutos como bicho em cio: o amor vacila e se apaga, assim. Mas num feriado sem fim, assim, assim, deitemos um contra o outro, em longo beijo, e assim fiquemos sem esforço ou pejo. Gozemos para sempre deste gozo, que sem nunca morrer nasce de novo". 113
(Lídia)...só conheço Catulo de ler os versos dele na capa do disco de Carl Orff; mas não lhe aconselho a ouvir Catulli Carmina não, é a coisa mais carnal q já escutei. 113

(Lídia) - Ontem vc olhava, com incompreensão igual a minha, a inocência com q se tocavam (os índios). Mas vc sabe q de quando em quando ocorrem aqui tremendas surras de marido traído em mulher?
Para Otávio foi um golpe fundo a descoberta de q índio tem ciúme de alguma espécie.
Otávio acreditava de tal maneira na naturalidade do amor livre e na possibilidade de destruir por completo o ciúme burguês q teve sua única rixa com Lênin a esse respeito. Otávio achou o cúmulo qdo leu em Clara Zetkin q Lênin não aprovava a teoria do Copo D´Água, destruindo assim uma das mais formosas promessas da Revolução à humanidade.
...só mesmo a fome é pior q aquela sede. Fizemos um tal mistério da coisa que eu duvido que se encontre hj alguém q não tenha alguma esquisitice sexual, ou não se considere sexualmente bizarro de alguma forma. 139
Otávio é um lutador e a gente só luta contra aquilo que respeita em si mesmo. Ciume por exemplo ele sente muito ainda q não confessasse nem sob tortura. 140

(Sônia) Vontade de andar em pêlo feito os índios. Roupa é besteira, andava nua se a policia deixasse. Calcinha, soutien, blusa, puxa. Homem é q gosta de ver a gente tirar um a um e q gracinha e não sei mais o quê, como se todo o mundo não tivesse mama e o resto. Esses mulatões desses índios com cara de japonês anda tudo nu em pêlo mas mulher, ah! não isso não, não pode. 165

Maivotsinim criou a raça humana fazendo quarups, com os quais criou os homens. Homens como Canato, Sariruá, Apucaiaca e o Anta, que agora faziam quarups para criar Maivotsinim. 187

"... a gente só tem uma fração pequena um décimo da gente do lado de fora e que o resto é por dentro." Lídia

...Quando veio o prazer Francisca o fechou em lábios e pétalas quentes sem nenhuma palavra e Nando descobriu o gozo que é profundo e contínuo como mel e seiva q se elaboram no interior das plantas. Se de quando em quando separavam boca ou ventre era para melhor se verem um instante e constatarem com assombro que eram ainda duas pessoas. De novo se perdiam um no outro sem mais saber com q lábios sentiam os lábios do outro ou quem possuía e quem era possuído, ambos sem rumo q não fosse o outro pois viviam um no outro e se detestariam quando uma vez mais estivessem sozinhos depois de haverem vivido tamanha soma da vida. Entraram na água fresca do furo cheios ainda de desejo, não desejo de fome q estavam saciados, mas desejo de moradia um no outro pois nenhuma razão reconheciam como válida para serem dois. Ainda pingavam água nus e sorridentes qdo Nando constatou desapontado q seu próprio sexo não estava no ventre liso e flexível de Francisca e que nem no seu peito de homem floriam os pequenos seios dela. 248

...os finos dedos sábios em que dormiam tantas caricias sem uso e sem emprego. 335

... Se se sentir bem dona de vc ela passa a ser a sua escrava. (:\)
Todos nós sabemos q nascemos para ser adorados. A morte vem como tal surpresa para quase todo o mundo pq quase ngm sabe como encontrar pelo menos em uma outra criatura a adoração q é herança e direito da gente. A surpresa vem da impressão de q a morte chegou antes do encontro. Esta todo o mundo em busca dum altar desses. 387-388

...Nando a beijou na boca com ternura mas os lábios de Margarida vieram ao encontro dos seus com veemência, cheios de uma gula além da carne mas q exigia o testemunho da carne. 390

TODO HOMEM TEM VERGONHA DE PRECISAR DE AMOR. 416

Defesa a gente só usa contra os amigos e mulher q a gente ama. Só a opinião deles é q pode alegrar ou mortificar, Manuel. A gente só entra franco e de peito aberto nos inimigos. 419

(Manuel) – Esse jantar está parecendo assim dia da gente botar as coisas num molde em vez de deixar as coisas acontecer em volta da gente. Não tem dias assim? A gente manda no q ainda está do outro lado, a gente faz com as mãos da gente o q das outras vezes a gente espera e pede a Deus. 419

E Nando estremeceu quando entendeu por que a homenagem tomara forma de jantar. Ia devorar a lembrança de Levindo, devorar Levindo, incorporá-lo, nutrir-se dele. 427

...Pregou o olho restante nos gigantescos painéis. O 1° era o da Crucificação. Cristo morto na cruz e a Madalena aos seus pés, chorando entre outras mulheres. Os apóstolos apavorados voltam a cabeça para não verem nem o mestre morto e nem a fenda nas nuvens por onde se debruça Deus. No meio do quadro Maria desgrenhada e convulsa de cólera ameaça Deus com o punho fechado. No quadro central Maria ascende aos céus, Maria nua, subindo das ondas do mar sobre uma concha, cabelos de chamas longas e vivas beijando-lhe os seios e os flancos como um incêndio submisso, Maria ascendendo sobre o mar coalhado de barcos onde apóstolos, mulheres, soldados romanos acompanham com temor mesclado de esperança sua subida tranquila a um céu entreaberto onde Deus formidável de cenhos cerrados parece aguardar apenas o momento de fulminar em vôo Maria assunta. No 3° quadro Maria na plena glória do céu sentada em sua concha que veio repousar no trono de Deus, mil serafins e querubins esvoaçando em torno do seu rosto e dos seus seios, as santas do céu cantando à sua volta. E Deus morto no chão. Um homem morto. 454

Tem uma hora na vida que é da pressa. Mas essa hora da pressa a gente tem q preparar muito devagarinho, às vezes a vida inteira. (Manuel) 458

Nessa vida ngm muda de profissão não, seu Nando.

- Na vida da gente só capricho é que é coisa de gravidade, seu Nando.
- mas a gravidade do capricho mora no caprichoso. Ele é que tem q pagar o preço. 461

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período histórico do livro: da era Vargas ao governo militar de 1964.
Escrito entre março de 1965 a setembro de 1966

"Se com Quarup (1968) e depois Bar Don Juan (1971) retrata aspectos da situação política brasileira, na sua fase anterior como romancista está empenhado em revelar outros elementos da nossa realidade: o misticismo, a superstição, as crenças populares. Assunção de Salviano (1954) e A Madona de Cedro (1957), seus dois primeiros romances, refletem esta temática.

~pí 26/11/2014minha estante
Simplesmente adorei o final do romance. É surpreendente a postura de Nando em relação à Francisca. Fechou com chave de ouro.




Margô 03/11/2021

Homem de fases
Reli QUARUP, com muito mais intensidade do que a primeira vez. A nossa história/ trajetória, diz qual a nossa recepção do texto, em cada tempo que se realiza a leitura. Essa é a verdade...
Eu diria que Kuarup tem tudo a ver com a história de um homem que se reinventa em cada momento da sua vida, do que com o ritual Indígena que dá nome ao título. ( Tem lá sua quota...rs)
Mas trazer o tema da questão Indígena pra um romance em plena Ditadura, é um trabalho de fôlego e coragem.
É muito difícil comentar a magnitude de uma obra como QUARUP, evitando ser prolixa ou redundante. A impressão que tenho é de que posso repetir a palavra que traduz "perfeito" por muitas e muitas vezes...rssss
Então, o padre Fernando é quem conduz toda a história narrada, sendo o protagonista de momentos diferentes da sua vida, todas igualmente densas, intensas, e surpreendentes! Basta dizer que de padre, a indianista, praticante da pedagogia do oprimido, preso político, apreciador do lança-perfume, (kkkkk) até um amante insaciável nas velas da jangada... Nando fez de tudo!

É um homem que vive intensamente o que lhe vier à frente, sem o temor do pecado, da morte, e até da tortura!
Sua trajetória é a história de Quarup, onde é válido ressaltar que Antônio Callado se esmera nos capítulos que se passa no Xingu...eu até gostaria que ficássemos mais tempo por lá...Desconhecemos tanto a cultura Indígena, não achas? (pelo menos eu...rss) daí brota uma curiosidade enorme pelos mínimos detalhes da vida na tribo.
Mas instigou o desejo de aprofundar nestas questões...e vou farejar por aí.

Enfim, muito se é dito de forma clara e direta a respeito da Ditadura Militar, que no contexto atual que vivemos em nosso país, é uma chocoalhada muito profícua, tem uma moçada aí que passou em brancas nuvens por este assunto! ( E nós sabemos o por quê!)

Pena que tão poucos leem neste país!?. E mais triste ainda, são as péssimas escolhas para se perder valiosas horas lendo literatura de capa bonita, e conteúdo tão óbvio.?
Fica a reforçada a indicação , já deu pra sentir que você vai ler uma obra inesquecível... e para quem gosta de literatura de alto padrão, é um prato cheio!

Saudações Literárias.

.


que que traduz
santosrichard 03/11/2021minha estante
Já coloquei na lista aqui ?


Margô 03/11/2021minha estante
Ótimo, você vai gostar!?


Tati 07/11/2021minha estante
Bem isso Margo, excelente livro e muito boa reflexão ????


Margô 08/11/2021minha estante
Super Leitura Tati...eu ainda me pego pensando nas histórias de Nando!




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Fabio Shiva 14/04/2019

Evangelho segundo Callado
Assombroso e espetacular! Certamente um dos melhores livros que já li na vida. Aqui a meta mais alta da Literatura se expressa em toda a sua grandiosa beleza: reproduzir a vida em sua totalidade.

Um livro de muitas camadas, de múltiplos contextos e possibilidades de interpretação. Ao longo das 500 páginas de apaixonada leitura, fui enxergando primeiro o romance de ideias, no melhor estilo de Aldous Huxley em “Contraponto”, depois o Bildungsroman, romance de formação, cujo exemplo mais célebre é “A Montanha Mágica” de Thomas Mann. Mas então comecei a captar ecos de aspirações espirituais mais altas, como as que encontramos nos livros de Hermann Hesse ou mesmo de Khalil Gibran, mas com uma feição muito própria, toda sua, algo que só me ocorreu chamar de “Evangelho do Brasil segundo Antonio Callado”.

E isso tudo em meio a uma história repleta de reviravoltas, com muita aventura, heroísmo, romance e sexo, em meio a um agitado pano de fundo histórico que vai dos dias finais do governo Getúlio Vargas (1954) até os tenebrosos primeiros dias do golpe militar de 1964. O livro é recheado de personagens marcantes, com destaque para o protagonista Nando, que é de uma complexidade como só se vê na vida real, e que aos poucos vai, lindamente, se tornando simples e claro aos olhos do leitor (que souber ler). “Quarup” é isso tudo e muito mais!

Ao mesmo tempo em que experimentei um profundo êxtase ao ler esse livro, fui também acometido de uma agonia que chegou às raias do desespero, ao perceber o quanto obras de tal magnitude estão já fora do alcance da maioria dos leitores contemporâneos. A decadência da Literatura e das Artes como um todo é tanto triste causa quanto inevitável consequência de tantas insanidades que temos testemunhado no Brasil e no mundo. Uma única esperança alivia meu peito: quando as Artes decaem, o fim da civilização é certo. O novo se aproxima.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/04/quarup-antonio-callado.html



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Raony 08/02/2020

Eu só fiquei pensando como que eu não li isso antes. O título, o nome do autor, o tamanho do calhamaço, tudo leva a crer que vai ser uma leitura difícil e modorrenta. Qual o quê. Cada capítulo passa voando. E cada capítulo daria um livro por si só, embora obviamente funcionem melhor em conjunto. Mas é que é são tão diversas as aventuras e temáticas em cada capítulo que nem parece o mesmo livro. Ao mesmo tempo que tem sempre um fio condutor ali. Que não é só o Padre Nando. É o Brasil. E por isso ele é tão fantástico. Ele é fantástico como o Brasil o é. Violento, injusto, sujo, vil. E fantástico
Bianca Martins 04/02/2021minha estante
Qual o quê! Pensei que só eu trazia essa expressão dos livros antigos para o século XXI rsrs.




Samira_santos 26/07/2023

CALLADO, A.
São tantas camadas nesse livro que nem sempre a leitura foi fácil. Mas eu prossegui, porque o enredo de fato é além de atrativo, muito bem construído.
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Margô 10/12/2021minha estante
Gostei tanto da Resenha que printei e coloquei no grupo Lendojunto. Fiz o mesmo com a minha... já pensou se outras fizessem o mesmo? Seria uma rica socialização...rsss




Tuyl 03/02/2024

Toda a premissa e os momentos narrados são fundamentais para quem quer conhecer nossa história. Apesar disso, achei o livro arrastado e com certos exageros.
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Andressa 18/05/2010

Um padre que vive em constante conflito interno por ter vontade de ir as missões indígenas e não saber como reagir diante da nudez das índias. Há uma avassaladora paixão por Francisca.
E dono de uma ideológia revolucionaria que buscava derruba a todo custo a repressão, realizando ele mesmo um Quarup em memória de Levindo.
carijó 24/08/2010minha estante
Sua visão da obra mostra que tens bom gosto!




Melina F. 19/02/2010

Não recomendaria o livro porque não creio que seja o tipo de livro que acrescenta algo a quem lê. Achei o livro muito extenso (sendo que não havia necessidade). O autor claramente se perde nos personagens e nas histórias. São tantos personagens e tantas histórias paralelas que o autor esquece o principal objetivo do livro e por fim, ainda banaliza e descaracteriza o personagem principal ao longo do livro.
carijó 24/08/2010minha estante
Nossa, dizer isso de um clássico legítimo da literatura brasileira ( traduzido para o inglês, francês), parece revelar pouco trato com a literatura de peso, e pouca capacidade de apreender o processo envolvido na construção da obra ( análise psicológica, sociológica, estilísta e a trama em si). Pois sabe que esse é simplesmente o melhor romance sobre o período que vai da Era Vargas, até a ditadura militar de 1964.A obra é libertária,os fatos verossimilhantes, e a poesia no texto se faz presente.




Lau 25/12/2010

Livro datado
Existem livros que cumprem uma missão. Parece ser o caso de Quarup. À época em que ele surgiu, deve ter sido de fato valioso e até revolucionário. No clamor do momento, ele produziu efeitos estrondosos. Palmas para ele por causa disso. Hoje, o tempo passou e o livro parece só suscitar curiosidade histórica, principalmente para as viúvas e órfãos dos anos 60 do século XX. Não se tornou um dos clássicos da literatura brasileira. Enfim, existem livros que cumprem uma missão. Quarup já cumpriu a sua. Ficou datado.
Lau 14/07/2011minha estante
Cara Ellen: A Bagaceira só tem importância histórica - inaugurou o regionalismo modernista. No mais, não se sustenta. E literatura não é só assunto, não é só tema. É saber lidar com a palavra. Nisso Quarup falhou e, por exemplo, Vidas Secas, São Bernado e Angústia foram bastante competentes. Esses sim, assim como outros, são clássicos. Quarup não é.


Ariane 22/10/2011minha estante
Concordo com o professor Lau.
Quarup retrata sim o período de repressão, resgata memórias, mas literatura não é feita somente com coletagem de dados. Literatura vem a ser jogo de palavras, abstração, fluidez. Nisso comparo com a obra Casa dos Espíritos de Isabel Allende que também trata sobre repressão, violência militar, mas seu livro está longe de ser datado. Allende conseguiu transportar sua obra para a eternidade porque não se prende apenas a um momento histórico, mas sim na poesia, no lirismo, na metáfora que envolve todo um enredo. Coisa que não vemos em Quarup, onde apenas o escritor se propôs a narrar uma história de ditadura.
Agora entendo o que o professor Lau quis dizer com livro datado. Realmente, Quarup se destaca como um livro de estudo sobre a repressão, não mais que isso.


Lau 27/11/2012minha estante
Desculpe-me, Ellen, mas mais de um século depois Os Miseráveis anda são lembrados. Daqui a cinquenta anos provavelmente só estudiosos de literatura com parentescos em arqueologia, talvez, lembrem Quarup. Victor Hugo tem linguagem literária que o sustenta para além do tempo. O mesmo não acontece com Quarup. Espere e verá.




Sabrina 21/08/2022

Que leitura densa, carregada de tantos brasis com suas mazelas e personagens que representam conhecidos e anônimos que participaram da construção da nossa história, revelando parte da identidade brasileira que não nos foi apresentada. Cada capítulo é uma aula que perpassa, no momento político pré ditadura, pela igreja e seus conflitos, pelos povos indígenas e formação do parque nacional do Xingu, pelas lutas e resistência dos movimentos sociais no Brasil, formação dos sindicatos, a alfabetização através da pedagogia do oprimido, o amor, a liberdade sexual, a amizade. Tudo isso narrado através da ótica de Nando, padre, ex padre, grande fã do lança perfume e do amor livre. ?Uma ficção que pretende servir ao conhecimento e à descoberta do país?. Que leitura rica, livraço.
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Wilton 25/01/2016

Um quarup para Nando
O livro concede poucas páginas para a cerimônia indígena denominada quarup. Um pretexto, o quarup. O leitor, no desenrolar da trama, entende que é uma cerimônia fúnebre dedicada a antepassados ilustres. A arte dos pajés faz com que o morto se transforme em divindade. Nando teve o seu quarup e sofreu modificações durante à vida que o purificaram e fizeram-no encontrar o seu caminho. Livro muito bom. As personagens são bem delineadas e plurais. Têm personalidades ímpares. O leitor apaixona-se pelo livro porque o entende e passa a fazer parte da vida das vívidas personagens.
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