Operação massacre

Operação massacre Rodolfo Walsh




Resenhas - Operação Massacre


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Alê | @alexandrejjr 03/01/2021

A fé que move os descrentes

Não ficção política. Esta é a melhor definição para este “Operação massacre” do escritor e jornalista argentino Rodolfo Walsh.

Antes de falar do livro em si, preciso ressaltar aqui o belíssimo trabalho feito pela Companhia das Letras. Os apêndices desta edição de “Operação massacre” são esclarecedores e funcionam como pontos de ligação para a história principal. A curadoria dos textos é louvável. Posto isso, vamos à narrativa.

A arte de narrar uma história é árdua e tentar fazer isso a partir de um fato real é quase uma espécie de obsessão. E é isso que move esse livro. Walsh tomou como missão para si a história de um grupo de homens que acompanhava uma luta de boxe e que supostamente eram apoiadores de Juan Domingo Perón, ex-presidente argentino, em pleno golpe de Estado sofrido pelos nossos vizinhos sul-americanos. Esses homens, portanto, estavam condenados à morte, pois nós, brasileiros, também sabemos que militares não gostam muito da divergência. A partir desse quadro, a narrativa não ficcional de Walsh ganha ares políticos e policialescos, resultando em um ritmo frenético do encadeamento dos fatos.

Em sua jornada investigativa, num primeiro momento, Walsh descobre que dos supostos 12 homens pegos de surpresa para seu fim naquela noite, dois sobreviveram. Ao cavar mais informações e cruzar depoimentos, Walsh entra praticamente em transe ao descobrir que ele estava errado: não foram dois e sim sete homens que escaparam da morte. Estão me acompanhando aqui? Pois é. E assim o fã e escritor de romances policiais vai contando a história dos sobreviventes e mostrando, com exímia habilidade textual, o que se passava com esses personagens e as agruras de um país que desiste da democracia. É tudo verdade? Nunca saberemos, mas a sedução imposta por Walsh para que acreditemos em cada palavra posta é competente.

Aviso aos navegantes: sim, o livro envolve certo contexto específico que pode afastar alguns leitores e é, em suma, uma narrativa sobre política. Mas é graças a Walsh, que antecipa Truman Capote na arte do "romance de não ficção", que o leitor é guiado por uma espécie de bússola moral, acreditando nessa que é a única fé possível, a fé que move os descrentes: a justiça.
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Arsenio Meira 25/08/2012

Um clássico literário do denominado jornalismo investigativo. Narrativa acachapante. Nada deve ao famoso "A Sangue Frio", uma obra monumental. Walsh foi um grande escritor e um ser humano ímpar. Leitura obrigatória.
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