DIRCE 10/04/2016
Errou a mão
Em A chave de Sarah, publicado originalmente em 2006, a escritora - Tatiana de Rosnay, tem como objetivo não deixar cair no esquecimento o vergonhoso episódio ocorrido na II Grande Guerra: o colaboracionismo da polícia francesa com o governo nazista de Hitler, e claro que, entre outros, o alvo foram os judeus e nem preciso falar sobre os seus destinos.
No livro Uma real leitora há uma frase que já virou clichê: (...) como um livro leva ao outro(...) e, "A chave de Sarah" , me levou até Dora Bruder de Patrick Modiano, publicado originalmente em 1997, que também aborda esse vergonhoso e inglório passado francês, e a comparação foi desastrosa.
Houve pontos em comum nas duas obras. É inevitável, ao se falar nos horrores do Holocausto, falar na Estrela amarela, em ambas as obras ela é citada, porém Modiano dela se utiliza enfatizando a distinção judaica com brilhantismo e talento impares. Outro ponto em comum nas duas obras é a constatação que em meio às barbáries nos tempos de guerra existem pessoas que se deixam levar pelo coração sem se importarem com suas vidas. Em "Dora Bruder": as "amigas dos judeus" - uma dezena de francesas "arianas" que ostentaram a estrela amarela de modo insolente, e no " A chave de Sarah": o casal Jules e Genivièri.
Embora a escrita Tatiana de Rosnay esteja muito aquém da de Modiano, ela, ao retratar o drama de Sarah, uma menina de 10 anos, que, além de vivenciar e presenciar a condição subumana nos campos de concentração, se vê tomada pelo desespero diante da sua impossibilidade de libertar seu irmão, ou mesmo, de entregar a chave à alguém que poderia libertá-lo, conseguiu me comover a ponto de me deixar com os olhos marejados. Entretanto, quando o passado se cruza com a família Tézac, ocasião em que também é mostrado o a relação familiar e o cotidiano da jornalista Júlia Jarmond, o livro se assemelha aos livros de Nicolas Sparks , do quais eu li tão somente Noites de Tormentas, porém, assisti à alguns filmes baseados em seus livros, e os achei típicos de uma sessão da tarde.
Acima , falei em estrela , e por falar em estrela, mesmo reconhecendo o mérito da Tatiana de Rosnay de aguçar minha curiosidade e de me emocionar com o drama de Sarah, eu atribuo a obra tão somente 2 estrelas, pois, na minha opinião, ela foi infeliz ao criar family's Tézac - errou a mão.