magicjebb 22/03/2011
Uma novela da vida real, com um final surpreendente
Não existe nada que eu possa considerar mais próximo do inferno do que escrever um livro sobre coisas normais, sobre a vida real, o cotidiano, e descobri do modo mais difícil que resenhar um livro que narra uma estória normal, do cotidiano, cheia de pessoas normais, comuns, também é bem parecido com o inferno, pelo menos pra mim.
E Cinco Sentidos, em suma, é exatamente isso: uma estória do cotidiano, cheia de pessoas normais, seguindo vidas normais, buscando realizar os desejos normais que pessoas normais têm, e com um final hipotético e complexo, que foge da realidade e do cotidiano.
E é esse final hipotético, fictício, que me salva de naufragar em uma resenha sobre a vida real que eu, um ficcionista de fantasia assumido, talvez não soubesse como escrever.
Cinco Sentidos conta a estória de Fabio, bon vivant e ricaço herdeiro de uma fortuna, da repórter Débora que luta para ter sucesso em sua carreira, do amigo de Fabio, Marcos, e do ex-amigo Gabriel, e de outros amigos e conhecidos, seus relacionamentos, suas motivações, casos amorosos, traições.
A vida de Fabio, um desregrado amoroso, teoricamente incapaz de se apaixonar, muda quando ele conhece a frágil Yasmin, e a partir daí, tudo são spoilers nessa novela bastante adulta escrita por um autor jovem, ainda nos idos de sua adolescência, conforme o próprio Tanner Menezes me confidenciou.
E então chego novamente ao final da estória. Como eu disse antes, trata-se de um evento hipotético, fictício, impossível, mas que acontece, dá nome ao livro, e surpreende, invertendo situações e papéis, ocasionando mudanças, virando as coisas de pernas para o ar. E o que posso dizer, sem “revelar o final” e tirar a graça de ler o romance é que... bem... ricaços, repórteres, pessoas normais, e mesmo pessoas aparentemente fúteis, todos mudam conforme as circunstâncias, e revelam as verdadeiras faces ao sabor dos acontecimentos mais drásticos, tornando real aquele velho dito: “não devemos julgar um livro pela sua capa”, nem uma pessoa pelas aparências. As coisas mudam, baby... As coisas mudam.