spoiler visualizarJaqueline720 23/02/2023
Filhos da segunda-feira
Dedico como título da minha resenha um dos títulos mais belos de capítulos que já vi. Tratando-se deste livro, cada capítulo contém um mundo longínquo e sublime.
Minha experiência com essa leitura foi aturdita. Levei mais tempo que o comum para acabá-lo porque tive vários gatilhos e vontades constantes.
É incrível como nos sentimos de fato imersos nos anos 60 (principalmente quando eles fazem morada no Hotel Chelsea). Teletransporte? Eu diria que sim, pois foi assim que me senti com a narrativa de Patti Smith ao detalhar seus dias ao lado de Robert Mapplethorpe e daquilo que se tornaria um encontro de almas. Além de acompanharmos a construção desse elo, entramos em contato com a evolução e amadurecimento constantes de ambos com as suas artes.
Amo as inúmeras referências que ela traz (artisticamente falando), de suas inspirações e encontros mundanos/insanos. De Doors, Andy Warhol, Tim Hardin, Jefferson Airplane, Timothy Leary, Coney Island a Janis etc. Tudo em meu coração.
O final, já esperado, é doloroso. Principalmente por se ter a certeza e compreensão que a relação de ambos é algo puro e devoto, mesmo com a passagem de tempo, como um dos capítulos finais bem diz “Juntos em caminhos separados”. Robert também estava tão satisfeito (será mesmo? nunca se sabe o que se passa na inquietude de uma alma livre) por ter se consolidado como artista, vivendo de forma confortável para poder criar e ser, e aí vem um vírus maldito à época (sem tratamento até então e cheio de preconceitos desmedidos) e acaba com tudo. Me sinto como ele se sentiu quando Andy Warhol se foi, não era pra ser e ponto. O existir não deveria ser tão injusto.
Terminei o livro/memórias ouvindo How Can We Hang on to a Dream de Tim Hardin, música que Patti e Robert diziam ser deles. Uma mistura de sublimidade com tristeza. Robert poderia ser eterno.
Uma leitura que certamente levarei para sempre no coração. Fevereiro/2023.