50 Anos a Mil

50 Anos a Mil Lobão
Cláudio Tognolli




Resenhas - 50 Anos a Mil


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Jardel Ferreira 09/07/2020

Lobão - 50 Anos a Mil
Tenho uma crença que não é você quem encontra o livro e sim ele que o acha. Em uma tarde de sábado ele me escolheu!
Mesmo conhecendo esse magnífico trabalho, demorou um tempo para nos esbarramos.
Tudo começa com a minha música preferida do seu repertório. Lobão precisou realmente fazer “Das Tripas Coração” para acreditar, batalhar, crescer, se reinventar...e conquistar seus milhares de fãs pelo mundo.
João Luiz Woerdenbag Filho (nome de batismo), precisou de muita coragem, garra e determinação para buscar o que acredita. Diagnosticado com nefrose na infância sempre foi estigmatizado de esquisitão, desde criança onde as primeiras tripas precisaram se transformar. Passou pela turbulência da separação dos pais, depressão e suicídio de sua mãe, briga com o pai, perda do seu amigo e maior incentivador Ignácio. Foi através dele que Lobão se tornou baterista da “Vímana” e começou aparecer como artista. Genial em ideias e confusão, foi expulso da banda que basicamente fundou, a Blitz, onde rescindiu contrato com a gravadora. Desde muito cedo, pequeno lobo com seu arsenal de palavras em dicionário próprio, cresceu sem papas na língua. Originou alguns desafetos no meio artístico. Por esse estilo despojado e autentico Lobão pegou um foguete em direção ao centro da terra, com o uso excessivo de álcool e drogas pesadas sua carreira ia cada vez mais se afundando. Foi tendo destaque nos jornais com muitos tumultos, tentativas de suicídios e prisões. Sua imagem de músico incrível era manchada por uma mídia que massacrava quem não era politicamente correto, se tornou material de consumo ao desafiar o sistema. Por onde passou também fez amigos e um público que gostava do seu estilo falastrão, fiel, amoroso, único! Difícil escrever todos aqui, mas citarei alguns só para termos noção da grandiosidade desse coração: Elza Soares, Raul Seixas, Lulu Santos, Ritchie, Nelson Gonçalves, Robert de Niro, Ivo Meirelles, Alcir Explosão, Monique Evans onde teve um affair e seus parceiros Cazuza e Júlio Barroso amigos de unha e carne.
Incrível e virtuoso! Já em carreira solo foi um dos pioneiros misturando rock com samba e outros elementos. Foi massacrado novamente pela mídia, depois copiado por outros tantos artistas que tentavam mesclar estilos e não se prender a rótulos.
Sempre a frente do seu tempo, brigou ferozmente com a indústria fonográfica do Brasil, foi defensor de leis que amparavam os artistas, chegou a lançar o seu Cd em banca de jornal quebrando a máfia das gravadoras.
Misture tudo isso em um barril de pólvora, uma hora ia dar merda! Depois de uma crise de depressão lobão tentou se matar pela 3 vez onde ficou em coma por 15 dias.
Um outro lado que a mídia não conheceu é que por trás de todos os problemas em sua carreira Lobão se reinventou como músico, artista e pessoa.
E tudo isso me deixou um grande fã desse puta artista! Em mão contraria a toda turbulência de sua vida, ele mostrou e ensinou que somos capazes de mudarmos nosso passado, sermos pessoas incríveis. Por trás daquele cara alto, esquisito e rebelde também tem um baita coração que foi transformado de suas tripas.
Se até “O Rock errou” porque não podemos errar?
Mesmo com tantos “erros” você nos ensina a acreditar em nossos sonhos e nunca desistir, assim como acreditou nos seus e lutou contra loucuras, um sistema opressor, injustiças, perdas, tragédias, doenças, traições, medos, inseguranças, fracassos, alto-punição... esse é o maior legado que deixará para nós. Segundo Lobão “A arte é um processo de cura. Ela organiza a cabeça e expande o conhecimento”
“A Vida é Doce”, “Mais uma Vez” e ela “Me Chama” para acreditarmos e lutarmos por nossos sonhos e conquistarmos o que desejarmos!

Se o mundo está doente,
por que sou mais um nesse mundo incompreensível,
por quê?

Se a doença é uma chuva
que cai nas casas sem telhados,
quem pode ver?

Se o caminho está turbulento
com galhos de roseiras,
então vamos correr!

Se a morte for um remédio homeopático,
me deem em pequenas doses
que eu quero viver.

Se o mais gostoso da vida
não for ensinar e sim aprender?

Se esse é um dos sentidos da vida
me leve até a fonte que eu quero beber...

Esse magnífico trabalho saiu pela editora Nova Fronteira, escrito em parceria de Lobão com a participação do repórter investigativo e multipremiado Claudio Tognolli

site: https://www.instagram.com/p/CCW3bvQj2te/ https://www.instagram.com/p/CCW4oCPDQWI/
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Dani 12/01/2011

Devorei este livro enorme em tempo recorde. A leitura é bem gostosa e irônica, escrita típica de Lobão, e eu posso dizer que a antipatia gratuita que eu nutria por ele se transformou em um grande respeito. Aprendi a gostar de Lobão, embora não concorde com muitas de suas ideias e atitudes. O livro dá uma boa ideia do mundo da música nos anos 80, e além disso, mostra também a natureza melancólica e depressiva de Lobão.
Recomendo para fãs e não fãs!
Janaina Beserra 10/01/2013minha estante
Terminei hoje de ler o livro.Muito bom! eu já era fã dele! Agora virei mais ainda!


Donaldo 26/12/2015minha estante
Para quem como eu viveu a música dos anos 80 incluindo Blitz, foi uma viagem no tempo maravilhosa. E vamos respeitar o Lobão: vendo o que o PT andou fazendo, ele está coberto de razão!


PAULINHO VELOSO 18/07/2017minha estante
Tô no meio do livro e perdi a antipatia pela pessoa rs. Tá sendo legal revisitar as músicas e lps. Dani , concordo plenamente com seu comentário. #TamoJunto




Lista de Livros 23/12/2013

Lista de Livros: Lobão: 50 anos a mil, de Lobão & Cláudio Tognolli
“A noite é a única coisa entre todas que continuará existindo, mesmo depois da morte de todas as estrelas, mesmo com a morte de todos os universos, mesmo sem tempo nem espaço, restará, incólume, a noite… a noite nunca vai mudar...”
*
“A certeza da certeza faz o louco pensar que é um gênio.”
*
Mais em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2012/08/lobao-50-anos-mil-lobao-claudio-tognolli.html
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Zanini 15/03/2011

O Grande Tim e o Velho Lobo
Dois dos mais controversos e talentosos expoentes da música popular brasileira tiveram suas justas e bombásticas biografias lançadas nos últimos anos: Tim Maia (Vale Tudo: O Som e a Fúria de Tim Maia) e, mais recentemente, Lobão (50 Anos a Mil).

Tim foi biografado pelo dispensa apresentações Nelson Motta. Já João Luiz Woenderbag – sim, é difícil de acreditar que o lobo mau do roquenrol tupiniquim tenha esse nome de almofadinha – escreveu sua epopéia a quatro mãos, em parceria do jornalista Claudio Tognoli.

Ambas são leitura obrigatória para quem curte música ou simplesmente uma história de vida interessante, que inclui envolvimento com seitas malucas, briga homéricas com gravadoras, shows e álbuns que marcaram época, altas tretas com a polícia, consumo exacerbado de entorpecentes, loucas aventuras amorosas, estrutura familiar decadente (avec elegance) e, claro, um repertório musical indelével no cancioneiro brasuca.

Depois de ler as duas obras, queria escrever algo. Mas não uma trivial resenha. Queria fazer algo diferente, condizente ao estilo Kangibrina. Pensei, pensei e decidi fazer uma brincadeira, criando uma competição envolvendo alguns quesitos dos livros, mas escolhidos aleatoriamente, sem nenhuma fundamentação teórica ou critério técnico, pela minha pessoa.

Nada sério. Just for fun, entenderam?

Abaixo, você confere o resultado:

Título: São do caralho. Fortes, bem sacados, definem com precisão o espírito da coisa. Resultado: empate

Capa: Ambas convencionais, ninguém quis reinventar a roda. O frontispício (hein?) da biografia de Tim abusa do vermelho e do amarelo, com fontes gigantes sobre uma foto sua sorrindo. Já o de Lobão é mais sóbria, um close no seu rosto com fundo negro, bem ao estilo das biografias norte-americanas. Cada um no seu quadrado, deu empate.

Texto: Aí é covardia. Não dá nem graça comparar a fina escrita do Nelsão com a esforçada dobradinha Lobão/Tognoli. Motta teve a proeza de organizar a dionisíaca vida do rei do soul brasileiro e transcrevê-la de forma linear e apaixonante. É quase impossível largar o livro. O texto de Lobão é enjoativo, pois tenta, em vão, transportar para o papel o seu jeito neologístico de de falar. Não deu certo. Resultado: vitória de Tim.

Sexo: Os dois gostavam bastante da matéria, intercalando muitos casos sérios com muito sexo casual. Mas, pelo que deu pra perceber, o Lobo do Rio se saiu melhor, pois passou a vara em quase todo meio musical (expressão com duplo sentido) nos anos 1980 e 1990. Resultado: vitória de Lobão.

Dorgas, Manolo: esse é um páreo dos bons. Lobão e Tim enfiaram o nariz e a boca (opa!) em tudo que era imoral, ilegal e engordava. Melhor sorte teve o primeiro, que conseguiu parar antes de se encontrar com o homem da foice – apesar de uma tentativa de suicídio no currículo. A vida desregrada e o consumo de tóchico (como dizem nossas avós) encurtou a presença de Tim entre nós. Mas o resultado não podia ser outro: empate.

Rock´roll: Êta vida louca, louca vida essa dupla teve. Dois roqueiros natos, praticantes do tudo ao mesmo tempo agora. Resultado: mais um empate.

Humor: O momento que mais ri no livro do Lobão foi quando o João Gilberto ligou para ele de madrugada e fez com que ouvisse as oito versões que ele fez para a música Me Chama. Detalhe: Lobão estava trincadaço. Na biografia do Tim tem vários momentos hilários, especialmente quando ele é extraditado para o Brasil vestindo…pijama. Resultado: vitória do Tim.

Bom, até o momento, o rei do soul está na frente. Mas como este é um post “working in progress” voltarei aqui outras vezes quando pensar em novos quesitos e aí o placar poderá se alterar.

Mais sobre livros, cinema, música e afins, no www.kangibrina.com.br
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Ghiza Rocha 25/01/2011

Demais
É a história do rock nacional, da vida de um artista pensador completo.
Tem amor, emoção, medo, asco, tem VERDADE e a REALIDADE das várias faces do nosso país.
É um livro que me marcou, ainda estou digerindo tudo que ele fez eu pensar e refletir sobre mim mesma...
Todo artista de qquer área deve ler.
Todo brasileiro deve ler.
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ToniBooks 19/03/2023

Entre acórdãos e roquenrrou
A primeira parte da biografia de João Luiz Woenderbbag Filho - Lobão - confunde-se com a construção de novos paradigmas estéticos da MPB. Em "50 anos a mil", Lobão resgata quase cinco décadas de sua vida, destacando momentos históricos, não só da música mas de todo um contexto social e político do Brasil. Sempre muito contundente em suas colocações - nem sempre coerentes - Lobão consegue, juntamente com o biógrafo Cláudio Tognolli, por no papel todas as cenas que marcaram a sua trajetória até o ano de 2011.
E x c e l e n t e ! ! !
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Deh Domingues 03/01/2011

Me interessei pelo livro quando assisti a uma reportagem sobre o tal lançamento.
Logo, pedi o livro ao meu amigo secreto de fim de ano!
Fiquei eufórica ao ganhar e ver a quantidade de paginas, teria uma semana punk à frente!

Imaturo, ele aprontou de tudo um pouco.
Como o livro relata os primórdios da vida do Lobão, pude acompanhar sua então , evolução!

O que me surpreendeu, foi o modo de vida, a total instabilidade. A total incerteza do que teria para o amanha.
Me questionei como alguém tão inteligente, esclarecido e com uma personalidade tão forte, pode se sujeitar a tantas incertezas no decorrer de uma vida.

O livro é uma delicia, do tipo que não da pra parar de ler....levei pra ceia de natal, para a praia, para almoços na casa de parentes, não desgrudei!!!

Senti falta de ter um cd com a trilha sonora de casa musica citada no decorrer da biografia!

Seria ainda melhor!

Super recomendo, ainda mais se você é fã da geração anos 80 e 90 como eu!!!
Thiago Monnerat 06/01/2011minha estante
Perfeita sua resenha, parabéns, não mudaria uma vírgula no que foi dito, tive as mesmas sensações que vc! Li numa tacada só, mas baixei o cd acústico dele, que tem mtos dos sucessos citados no livro.
Instável na vida pessoal, inconsequente na profissional. Mas coerente em ambas!


Deh Domingues 10/01/2011minha estante
É Thiago,quando pensamos em fama,a palavra nos remete a dinheiro e glamour.
Agora sei que a fama tem seus dois lados como tudo na vida,e que fama para o Lobão nunca foi sinonimo de estabilidade, muito pelo contrário, ele tinha até uma certa fama de delinquente juvenil...adorei o livro!


Fernanda 16/07/2012minha estante
Muito bom esse livro... Tem uma linguagem bem jovem e muito boa para ser lida. Li ele em pouco tempo, ele dá prazer em continuar, nunca queremos parar.




Sylvia 09/09/2021

Uma boa surpresa
Nunca imaginei um dia ler sobre a vida do Lobão, de quem sou fã... Foi uma surpresa ler este livro excelente que li de uma só vez! E que história! Lobão dispensa apresentações!
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Marcelo1145 22/07/2020

Um livro bem escrito e com detalhes importantes, menos divertido e engraçado do que as biografias de Rita Lee e Tim Maia, a história de Lobão retrata a dura realidade de um país medíocre e um sistema cruel. O livro só fez aumentar minha admiração no pelo artista, não só pela música mas como pessoa e de alto nível de percepção, integridade e inteligência. Ao Lobão muito obrigado. Espero o melhor que há por vir
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Dirtyharry82 28/09/2021

LOBÃO POR SI PRÓPRIO
LOBÃO – INCOMPREENDIDO OU ALTO INDULGENTE?

Ao se propor a transcorrer os cinquenta anos de uma trajetória atribulada, Lobão se revela, antes de tudo, um iconoclasta, um sujeito que enxerga em sua própria figura, a representação da inquietação e da busca constante pelo prazer, desejo, reconhecimento e aceitação. Os fatos de uma infância tipicamente burguesa, inclusive nos dramas de alcova, a iniciação nas drogas, a busca por compreensão espiritual e religiosa e claro, o nascimento da sua aura musical, são apresentados de forma detalhada.
O Lobão polemista é escancarado, principalmente, em sua louca trajetória como sujeito histórico essencial ao nascimento do rock oitentista. Talvez seja justamente aí, a fonte de grande parte da incompreensão em torno do artista, essencial ao nascimento do gênero mas relegado a uma condição marginal e quase burlesca, principalmente por seus excessos e constantes atritos. Sujeito bocudo, polêmico, arredio.
O Lobão músico é outra fonte de inquietações. Rotulado como “roqueiro”, procurou renegar a sua própria aura ao longo da carreira, alçando passos rumo à vanguarda, buscando independência e se desconstruindo de maneira traumática a cada trabalho comercialmente fracassado.
A autobiografia de Lobão é daqueles livros que precisam ser lidos com calma e cada capítulo precisa ser repassado mentalmente, analisado, digerido. Lobão é ou, um cara maldito, um inconsequente, um perturbado, um gênio, um louco, um alienado, um idiota...ou tudo isso em uma casca fina de uma sensibilidade ímpar.
Esse é Lobão...
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JW 22/01/2011

Lobão - 50 Anos a Mil
Ainda que autores de renome carreguem nas tintas ou encham as bocas para afirmar escreverem não uma história, mas “a definitiva” história de determinados personagens, a verdade é que toda biografia é apenas uma versão (ainda que escrita a partir de dezenas de depoimentos e documentos) e traz apenas lampejos da vida de alguém.

Pense numa distante cena da sua vida: a primeira bicicleta, uma festa de aniversário, um braço quebrado, um coração partido. Recorde o momento, o cenário, personagens e figurantes, diálogos. E agora seja sincero: distante no tempo e no espaço e vista sob a ótica de quem você veio a se tornar com o correr dos dias, o quanto sua lembrança é fiel e corresponde, exatamente, à realidade dos fatos?

Se contar a história alheia com o máximo de fidelidade aos fatos – que “não são a verdade, mas apenas indicam onde pode estar a verdade”, nas palavras da finada jornalista e espiã americana Mary Bancroft – é tarefa das mais difíceis, o que dizer portanto do desafio de contar a própria história?

“Gostaria de ressaltar também que tudo o que for dito e contado nesse livro será através do ponto de vista da minha pessoa enquanto inserida naquele tempo”. É dessa maneira que Lobão – músico, cantor, compositor, apresentador de televisão e mestre na arte da polêmica – inicia, depois de mais de duzentas páginas de sua autobiografia “50 Anos a Mil” (Nova Fronteira, 2010), suas explicações para suas antigas desavenças com o também músico Herbert Vianna. Se assim preferisse, Lobão poderia usar a mesma frase ainda na primeira página de seu livro, quem sabe no primeiro parágrafo. O efeito seria o mesmo e faria o mesmo sentido.

Lobão nasceu João Luiz Woerdenbag Filho, no Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1957. Tímido ao extremo e fruto de um casal composto por uma mãe superprotetora e com um forte transtorno bipolar e por um pai ranzinza e excêntrico, o canídeo supõe que, “pela lógica dos fatos”, deveria ter se tornado um bundão.

Entre uma centena de histórias, buscou fugir disso aprendendo a tocar bateria sozinho, acompanhando Ritchie e Lulu Santos no Vímana (lendária banda de rock progressivo que chegou a ensaiar para a gravação de um disco solo do tecladista Patrick Moraz, ex-Yes, antes que a explosão do punk aguasse a proposta), fundando e rompendo com a Blitz, sendo preso por porte de drogas e virando mascote de traficantes, levando a bateria da Mangueira para a linha de frente do Rock In Rio, desafiando as gravadoras e retornando a elas com um acústico que, embora achincalhado pela crítica, terminou premiado com o Grammy Latino de melhor disco de rock do ano de 2007 (seja lá o que esse prêmio hoje em dia signifique).

Depois de alguns anos como apresentador de televisão, Lobão chegou às livrarias no final de 2010 como um fenômeno editorial. A primeira leva de sua autobiografia (que conta também com a valiosa parceria do jornalista Claudio Tognolli em entrevistas e pesquisas de material publicado a respeito do músico ao longo de toda a sua carreira profissional) esgotou-se rapidamente, levando à impressão de uma segunda leva com 20 mil exemplares. No dia 9 de janeiro deste ano, “50 Anos a Mil” figurou na lista de livros mais vendidos do País publicada pela revista Veja.

A biografia tem início com uma cena bastante peculiar: Lobão e Cazuza cheirando cocaína sobre o caixão de Júlio Barroso. Lobão reconstrói o momento, reproduz as falas e detalha elucubrações – do tipo “É a hora do pastiche e da indulgência… A hora do frenesi dos mesmos cadáveres insepultos de sempre, sugando a juventude dos que nada mais têm a oferecer, além do próprio sangue de barata.” – com a mesma segurança de alguém que tem em mãos um controle remoto, podendo conferir, quadro a quadro, uma situação devidamente registrada. Mas não há registros. E a única testemunha que ainda respira presente na história datada de 1984 é ele, o autor.

Uma das razões para a publicação de “50 Anos a Mil”, aliás, como o músico gosta de repetir em entrevistas e declarações no twitter, foi o fato de Lobão ter sido extirpado da história de Cazuza, um de seus maiores amigos, levada às telas no ano de 2004. Não sem razão, o cantor acusa os produtores do longa de terem “sanitizado” a biografia do amigo, resultando em um filme muito mais próximo de um capítulo de “Malhação” que da realidade. O escritor Gabriel Garcia Marquez defende que “a história de uma pessoa não é o que lhe aconteceu, e sim o que ela lembra e como ela lembra”. Depois do episódio com “Cazuza – O Tempo Não Para”, Lobão decidiu contar o que lembra ser a sua história, da maneira como se lembra de tê-la vivido.

Independente da opinião que se tenha a respeito da irregular obra artística do grande Canis lupus, é preciso admitir que poucos personagens surgidos na cena do rock nacional da década de 1980 possuem uma história tão rica e peculiar quanto João Luiz. Poucos possuem posições tão polêmicas e fizeram tantos inimigos – seja no meio artístico, jornalístico, jurídico ou midiático – quanto ele. Isso, por si só, faz com que “50 Anos a Mil”, embora demore a engrenar (a primeira centena de páginas é dedicada à infância do artista) e resvale, vez por outra, numa espécie de compensação psicoterapêutica (como se o autor aproveitasse suas páginas para expurgar demônios e aliviar traumas), seja um livro pertinente, interessante e recomendável.

Talvez Lobão exagere em ao lembrar de certos fatos, faça uso de “licença poética” para reconstruir diálogos e, não por má fé, adultere certas histórias – os trechos pesquisados por Tognolli, por exemplo, mostram que o músico, em diferentes momentos, declarou ter começado a usar drogas aos 14, aos 15 e, informação defendida no texto autobiográfico, aos 16 anos. Mas vale lembrar que “toda biografia contém, inevitavelmente, elementos de ficção”, como alerta John Stape na introdução da biografia do escritor Joseph Conrad. “50 Anos a Mil” é um livro que não foge à regra.
*****

Texto publicado originalmente em http://screamyell.com.br/site/2011/01/17/livro-50-anos-a-mil-lobao
Vitor Vallombro 16/07/2013minha estante
Li este livro no inicio do ano, e a sua resenha, muito mais que a releitura da minha(feita instantaneamente após a leitura), me fez lembrar cada sensação que eu tive com este livro. Muito obrigado!


Márcia Duarte 15/11/2016minha estante
Li o seu! haha Muito bom!




carapinheiroo 09/02/2015

Incerteza certa
Já li muitos nomes pejorativos, odiosos, de amor e tudo o que imaginar ligado ao nome de João Luiz Woerdenbag Filho, o Lobão.
Quando li esse livro, o conheci como homem, humano com sentimentos,traumas e deslizes.

Posso dizer que existia Isabela antes e depois de ler esse livro.
Eu era uma daquelas roqueiras que odiava tudo que não fosse rock. Depois desse livro conheci - e me abri- ao saboro Jazz. Depois fui me acostumando com os acalentos dos ritmos brasileiros em meio as guitarras.

Conheci o processo criativo de músicas que já gostava e comecei a gostar mais por causa do momento que Lobão passava, como nessa música aí em cima, Me chama.

Fugir em meio a tiroteio em favelas durante ensaios de escolas de samba, ser vaiado no Rock n Rio, perder amigos como Cazuza.... Com certeza o nome do livro diz tudo para os 50 anos dele.

Cômico, eloquente e sagaz, o livro conta histórias mal contadas - como sempre - por jornalistas. De drogas, prisões e brigas.

A inteligencia desse cara vai além do que você imagina que seja inteligencia.

Recomendo esse livro de olhos fechados.


Engraçado o lance que aconteceu com o Lobão no Rock'N'Rio de 1991'. Sofrer uma rejeição cultural. Roqueiros que se julgam os metaleiros odiando as músicas dele só pela mistura maravilhosa que rola nas músicas dele. Quando montam ma banda aqui no Brasil sempre fazem aquela cópia bem porca. CÓPIA DO QUE NÃO É SUA CULTURA. Os brasileiros tem uma mania de cultuar qualquer cultura, menos a própria. Enquanto fora do país é vista como a mais rica e criativa. A grama do vizinho é sempre melhor.
Eu escutava Lobão com 7 anos e meio que me enfiei nesse mundo de 'sou rockeira, não ouço outro tipo de musica a não ser o rock'. Depois de um tempo minha mente foi abrindo mais e mais.

Quando ganhei o livro da biografia do Lobão.Eu pensava que nada novo entraria em minha mente e esse livro mexeu com minha psique!

O que me surpreendeu, foi o modo de vida, a total instabilidade. A total incerteza do que teria para o amanha. Como alguém tão inteligente, esclarecido e com uma personalidade tão forte, pode se sujeitar a tantas incertezas no decorrer de uma vida?!

site: http://abelanaoafera.blogspot.com
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Clara T 29/05/2020

Autobiografia parcial
Acho que foi uma vibe de escrever que baixou no Lobão que ele começou a lançar vários livros. Neste, foi mantida a maior parte da escrita do Lobão, apesar de ter um jornalista assinando junto.
Com isso, não é uma obra tão boa de ler como Mais Pesado que o Céu, mas está difícil de ler uma biografia de cantor que seja melhor do que Mais Pesado que o Céu.
É interessante conhecer um pouco mais desta figura polêmica que se arrasta pelo cenário nacional. Nunca foi um dos mais queridos, mas também não é dos mais odiados roqueiros do Brasil.
Estou muito ansiosa de ler O Manifesto do Nada na Terra do Nunca, que trata mais do papel político do Lobão.
É de se fazer pensar diante de todo o cenário que estamos vivendo.
Acredito que ainda faltam alguns capítulos mais do final, pra contar sobre a maturidade tardia de Lobão, o processo de viver sem as drogas e as pazes que ele fez com suas desavenças, já que aparentemente colecionou muitas.
Senti falta de uma participação maior do Lulu Santos e do Evandro Mesquita, que segundo o Lobão no livro, continuam se relacionando com ele, mas em determinado momento parece que sumiram.
E sobre puxadas de tapetes, também tem umas decisões polêmicas do Lobão envolvendo a gravadora que não parece muito diferente do que ele conta que aconteceu em relação ao Herbert Viana.
Espero que não saiam lançando biografia de todos esses caras senão eu vou querer ler e a minha lista de leitura já está enorme.
É para quem conhece um pouco destas personalidades e gosta de ler biografias. E mostra um lado do Cazuza não tão romantizado como o mostrado no filme O Tempo não Pára.
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flavicaldeira 14/06/2011

Arrependi de ter lido pelo que se tornou o cara, hoje!
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@moisesffelipe 20/05/2020

O livro te prende. Histórias deliciosas e surpreendentes. Me ajudou a superar a quarentena
Leitura deliciosa e irresistível. Faz muito tempo que eu não leio um livro tão interessante. Confesso que hoje gosto muito mais do Lobão depois de ler esse livro. Eu sempre tive uma imagem dele e hoje eu tenho uma outra imagem. Vejo que acima de tudo é um cara que ama muito a música. E vive a vida com muita intensidade. Uma pessoa à frente de seu tempo. Eu já conhecia a capa do livro há muitos anos. Nunca me interessei por ler. Mas recentemente eu tive contato com uma música que me retratou totalmente a minha atual fase de vida. O nome da música "é por tudo o que for". Daí eu fui procurar algumas notícias sobre o meu ídolo de infância e acabei baixando meio por acidente uma amostra do livro. Eu li o livro inteiro em um dia e meio. Varei uma madrugada lendo livro. Me fez desligar completamente do mundo nestes dias duros de quarentena.. Recomendo fortemente a leitura do livro e a música libertadora de Lobão
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