Pedro.Goncalves 02/05/2023
Uma viagem à infância pueril e nem sempre perfeita
Quando pequeno fui viciado na animação da disney do Peter pan, via-a incontáveis vezes. Assim, que tomei o gosto pela leitura há muito anos atrás, apressei-me em ler essa clássico em uma edição tal qual é apresentada na cama dessa resenha.
Hoje, muito diferente do que era aos meus 12 anos; lendo a obra em sua língua original- o inglês- pude trancender a tudo que pensei sobre essa obra. Na poesia dessa narrativa voltamos a sermos crianças; todavia, é necessário sermos realistas a infância não é um mar de maravilhas, e essa percepção foi clara para mim no livro.
No que tange a forma: li esse livro para absorver vocabulário e pegar ritimo com a leitura em outra língua, não haveria escolha tão boa quanto. Seu vocabulário é rico, embora não se torne um empecilho como um Shakspere é para mim. Logo, aprendi muito sem precisar consultar muito o dicionário, apenas em vocábulos específicos.
A beleza da infância é descrita à moda de infantil com metáforas que nos retornam a uma visão fantástica do mundo, em que tudo já foi tão simples, desconhecido e mágico. A sensibilidade é tamanha que a justificativa para aprender-se a voar é acreditat, e claro ter o pó mágico da Tinker Bell. Na terra do nunca retornei a uma época em os vilões são mais bobos que maus e o objetivo de uma vida é brincar e divertir-se. Em suma, a línguagem didática, para um adulto entender o mundo de uma criança, somada à trama suprafantástica e às vezes sem sentido racional fazem desse livro um obra prima no que tange a sua forma e as emoções que ele passa aos leitores.
Quanto à minha percepção crítica: três aspectos devem ser analisados- para não deixar essa resenha absurdamente grande, pois há muito mais que este três a se explorar- estes são: a condução da Wendy de menina à mãe, a figura do Peter e sua irresponsábilidade moral, o amadurecimento como necessidade humama de trancender o egoísmo infântil pelo amadurecimento.
Primeiramente wendy, é impossível vê-la e notar a coercão social imposta para desempenhar um papel de gênero. Isto é, a necessidade que ela tem de "adotar" os meninos perdidos, assumindo o compromisso se zelá-los maternalmente, evidencia um mecanismo social que impõe as mulheres uma jeito de agir desde do berço; em que o destino de uma menina é tornar-se uma boa mãe. Nesse sentido, a Wendy representou para mim, a cima de tudo, o reflexo de uma sociedade patriarcal reverberando no comportamento de crianças.
Já a personagem Peter, sua irresponsabilidade e impulsividade fazem jus a uma condição denomimada sindrome de Peter Pan que até então desconhecia. Com isso percebe-se que o menino que não quer crescer é, na narrativa e em minha opinião, quase um sociopata, agindo indiscrimimadamente sem nenhum consideração com a vida alheia. Assim, Peter pan, salvaguardando sua comicidade infantil, demonstra-nos as partes ruins de se ser criança; isto é o egoísmo e teimosia intrinsecos a essa condição.
Portanto, com base nessa leitura compreendi a fundamentalidade do amadurecimento a fim de superar um comportamento egocêntrico e antiético.
Dessa forma, vou além da visão romatizada de que se deve permanecer sendo criança e crescer nunca, idealizando uma inocência pueril; vejo que se negar crescer e a amadurecer é permanecer como Peter, uma criança arrogante e mimada.
Enfim, considero Peter Pan uma leitura fundamemtal. Sendo um prato cheio a qualquer leitor, de uma criança idealizadora , como era na primeira vez que li, a alguém que procura uma leitura reflexiva e ainda sim leve.