The Price of Glory: Verdun 1916

The Price of Glory: Verdun 1916 Alistair Horne




Resenhas - The Price of Glory: Verdun 1916


1 encontrados | exibindo 1 a 1


Bruno Venâncio 17/05/2021

O Moedor de Carne
"até que o último alemão e o último francês saiam mancando de suas trincheiras em muletas para se exterminarem com canivetes ..."- Assim um soldado alemão previu o fim da carnificina.

Verdun toma o imaginário dos homens há gerações. Em poucos quilômetros quadrados, a guerra industrializada jogou alemães e franceses num moedor de carne insaciável. Verdun criou vida, conquistou os homens, tornou-se mestre deles, alimentou-se de suas carnes e almas num rompante de violência descontrolada. Suas fortificações atraíam vítimas a centenas qual um canto de sereia exalando de pedras. A artilharia varria trincheiras e campos de ambos lados numa chuva de metal que a carapuça humana nada podia. Os gases queimavam pulmões e irrompiam na pele, o ar era venenoso. Os montes não eram conquistados, só eram pavimentados pelos cadáveres de defensores e atacantes que vez ou outra trocavam de papéis na corrida descomedida por uns metros a mais de território a ser tomado ou recapturado.

Os alemães tão decididos a sangrar o exército francês até a última gota em sua tão aguardada Operação Gericht acabaram presos ao simbolismo de Verdun. Os franceses, imbuídos pelo grito “Ils ne passeront pas" [Não passarão!], igualmente não escaparam de sua áurea. Verdun se tornou a batalha mais longa da guerra e uma das mais sangrentas da história, com o número de baixas passando de 1 milhão. Pontas de baionetas invisíveis empurravam cargas e mais cargas de soldados aos abatedouros enquanto seus líderes hipnotizados observavam de seus binóculos, acometidos da ilusão que o próximo ataque seria o decisivo.

Em sua obra “The Price of Glory: Verdun 1916” Alistair Horne realiza um trabalho magnífico analisando como as doutrinas seculares de alemães e franceses influenciaram as decisões tomadas durante a Batalha, e como o banho de sangue que se estendeu nas margens do Meuse definiu como seria travada, duas décadas depois, mais uma guerra entre franceses e alemães. Explorando cada momento da Batalha, da primeira ofensiva em fevereiro de 1916, até as lutas de assentamento em dezembro do mesmo ano, Horne combina os relatos e as experiências do soldado comum com os eventos magnânimos que tomaram forma durante o embate, seja a série de trapalhadas e acasos que resultou na queda do Forte Douaumont a gloriosa luta que se desenrolou na escuridão das câmaras subterrâneas do Forte Vaux. Com uma linguagem agradável e fixante, o autor consegue transportar o leitor aos descampados franceses para experienciar a adrenalina, o horror e o sofrimento do que é a guerra.
comentários(0)comente



1 encontrados | exibindo 1 a 1


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR