Tonks71 20/01/2011
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Não é à toa que os blogs ingleses especializados em Jane Austen cultuam Georgette Heyer.
Antes de falar sobre o livro, quero ressaltar a importância da autora para todos que gostam de romances históricos da época da regência. Georgette Heyer é a pioneira e poderíamos até dizer criadora desse gênero. Ela nasceu em 1902 e morreu em 1974, nesse ínterim publicou em torno de 51 livros, na sua maioria históricos ficcionais que cobriam os anos de 1790 a 1830.
Embora Jane Austen tenha escrito sobre essa mesma época, ela o fazia sobre fatos contemporâneos, enquanto Heyer realizava uma pesquisa tão bem feita que o leitor atual sente que poderia estar lendo um livro de Austen, e isso tudo num tempo onde não se tinha internet.
Heyer escreveu sobre inúmeros temas que hoje são reutilizados à exaustão por nossas queridas autoras da regência: casamento de conveniência, libertino redimido, mocinha que se veste de homem, diferença de classes, etc. Quando você lê Heyer descobre de onde Amanda Quick tirou aqueles diálogos maravilhosos de Malícia ou quem inspirou Candace Camp a escrever Indiscreta.
Em minha opinião, porém, Georgette Heyer está mais perto de Jane Austen do que para as autoras mais modernas. Não há, é claro, cenas sensuais, porém uma crônica sobre os costumes da época e uma discussão sobre as convenções sociais. Enquanto Austen é discretamente irônica, Heyer é escrachadamente cômica. Bem, vocês devem estar achando que sou fã e realmente sou, mas não foi amor à primeira vista, pois para ler Austen, assim como sua versão "mais fácil" Heyer, deve se ter uma certa maturidade literária e principalmente tempo para entender uma narrativa que não é moderna e um pouco difícil de fluir.
Em Ovelha Negra, 288 páginas da Editora Record, temos dois personagens maravilhosos. Abigail "Abby" Wendover é uma solteirona de 28 anos que embora se curve as convenções sociais possui uma alma revolucionária. Miles Calverleigh, a ovelha negra do título, é um homem exilado que retorna da Índia tão seguro de si que seu aspecto insolente - ou cheio de impudência como Heyer prefere - e sua indiferença às normas sociais o tornam deliciosamente cativante. Abby quer impedir que o sobrinho de Miles, Stacy que é um caçador de dotes, destrua a vida de sua ingênua sobrinha e apela para nosso relutante anti-herói. Essa é a premissa para diálogos maravilhosos, acredito que sejam o forte deste livro, e um desfile de personagens que você, leitor de Austen, conhece bem: as fofoqueiras de Bath, a solteirona hipocondríaca, os parentes indesejáveis,...
Um livro muito bom, mas que não deve ser palatável a todos. Se você já leu Austen e gostou, irá se divertir muito. Porém se você faz o estilo mais young adult, talvez - veja bem, eu disse talvez - não seja o livro mais indicado.