spoiler visualizarDarkpookie 19/08/2018
Krakatoa
O livro traz uma visão bem geral sobre a quinta maior explosão do mundo: a do Krakatoa.
O vulcão explodiu em 1883, em uma época onde a tecnologia das comunicações já estava instaurada, permitindo assim que os povos mais adiantados soubessem do desastre. Porém, o conhecimento geológico naquele tempo era mínimo o que não permitia uma compreensão do que realmente estava acontecendo e o porquê, deixando assim vários amedrontados.
A erupção deixou várias consequências como, por exemplo, a mudança da temperatura (as eras glaciais são, comumente, acompanhadas de explosões vulcânicas) e a mudança do céu pelo mundo todo. Graças ao trabalho minucioso iniciado logo após o ocorrido, é possível hoje termos informações confiáveis sobre esse acontecido.
Além de explicações sobre o vulcão, o autor propõe um entrosamento com toda a história de Java, o local na onde Krakatoa explodiu.
Com a leitura se descobre que a pimenta, o cravo e a noz-moscada eram as especiarias que trariam a riqueza aos colonizadores e as mesmas eram famosas por vários lugares do globo. Como o poder marítimo no início era dos portugueses, eles se apossaram deste comércio. Porém, os holandeses começaram a aperfeiçoar suas navegações e logo tomaram o domínio da trindade de especiarias, expulsando assim os portugueses das ilhas produtoras.
Para tomar conta do monopólio conquistado é criada uma instituição chamada Companhia Holandesa das Índias Orientais (CHIO ou VOC, em holandês) com uma licença concedida pelo governo. O autor nos diz que a forma utilizada para administrar essa companhia (ações e acionistas) deu origem ao conceito usado hoje de companhia por ações, o coração do capitalismo, segundo o autor, saindo também dessa administração o conceito de comércio entre países.
Jan Peterszoon Coen foi o ex-governador-geral das Índias Orientais. Coen dominou Batávia, antes sobre domínio inglês e lá construiu o quartel-general holandês.
O autor também comenta sobre as construções de Batávia e as compara as de agora. Segundo ele, antigamente elas eram bem mais atrativas, estando hoje apenas nas lembranças.
São feitos comentários sobre o islã em Sumatra e Java: antes da explosão do Krakatoa os costumes islâmicos eram levados bem mais sutilmente, eles respeitavam a teoria, mas nem tudo era aplicado a prática. Com o passar do tempo, após a explosão, as coisas mudaram: o fundamentalismo, a militância e a hostilidade contra não-muçulmanos cresceram e começaram a fazer parte da rotina muçulmana.
Passado a parte histórica, começamos a ler sobre geologia e a influência na erupção do Krakatoa. É abordada a existência de uma divisão das biotas por meios geológicos no arquipélago das Índias Orientais: ao lado oeste haviam aves assemelhadas as da Índia, já as aves que estavam mais a leste se pareciam com as que eram encontradas na Austrália. Essa divisão foi marcada com a precisa linha de Wallace, criada pelo A. R. Wallace, co-descobridor da teoria da evolução.
Wallace acreditava que a geografia tinha enorme influência no desenvolvimento da biologia e também que as espécies se originavam da seleção natural, ele passou a vida inteira tentando provar esses dois pontos. Wallace afirma que fatos como essa divisão natural dos seres só poderia ser explicado por meio da ocorrência de mudanças na superfície da terra.
Alfred Wegener foi o cientista que propôs a ideia de deriva continental, na época tida como loucura.
Wegener percebeu que os continentes se encaixavam e quanto mais ele pesquisava sobre mais embasada a sua teoria ficava. Ele chegou a criar imagens baseadas nos fatos para representar suas ideias, chegando assim a divisão de Pangea, o único continente existente há algum tempo que acabou por formar todos os outros. Sua teoria foi rechaçada na época, por falta de compreensão e modelos que explicassem como a deriva funcionaria. Wegener morreu acreditando em suas ideias.
O autor relata uma expedição que ele fez à Groenlândia e o motivo de irem até lá para coletar basalto, uma pedra que é como uma bússola parada no tempo em que surgiu (algumas eram de milhões de anos atrás). Assim, conseguiriam uma prova do movimento dos continentes.
Por conseguinte, a deriva se tornou um fato, algo inegável. Surgiram evidências sobre a expansão do assoalho oceânico e também explicações sobre como a deriva funcionava.
Vening Meinesz, realizando medições sobre a gravidade dos oceanos, descobriu o processo de convecção, causado por fossas e pelo magnetismo restante das rochas no interior do manto da terra, o mecanismo impulsionador por trás da deriva continental e do movimento das placas tectônicas.
Keith Runcorn iniciou os estudos sobre o magnetismo das rochas e o resultado foi que esse variava em eras diferentes, ou seja, os polos se movimentavam em relação às massas de terra ou as massas de terra se movimentavam, com esse último sendo a deriva continental.
O argumento definitivo surgiu em um trabalho de Ron Mason que conseguiu permissão para colocar um equipamento que registrava as variações no magnetismo das rochas em um navio de pesquisas para o Pentágono. As informações eram traduzidas em linhas e, surpreendentemente, os traços apontavam padrões. O significado destas linhas eram um registro das inversões magnéticas ocorridas de vez em quando na polaridade do campo magnético da terra. Com mais pesquisas, perceberam um padrão norte-sul: as listras de um lado eram idênticas aos do outro lado e havia, no meio do oceano, um ponto no qual essa simetria parecia se articular. A resposta para isso era a de que esse eixo era um lugar em que tratos inteiros de fundo oceânico estavam sendo criados.
A tectônica, o autor explica, é a maneira que o mundo tem para lidar com sua perda constante de calor e as placas existem na litosfera, uma camada da terra.
São abordados as formas de colisões tectônicas: se a placa for de material oceânico e se colidir com outra do mesmo tipo, aleatoriamente, uma das duas entra por baixo da outra e, em geral, isso cria uma cadeia de montanhas vulcânicas.
Caso as placas forem de material continental, o que acontece é a formação de uma cadeia de montanhas, como, por exemplo, Índia e Ásia que são duas placas se colidindo. Também é possível que as placas, ao invés, de se colidirem, deslizem pela extensão uma da outra causando falhas como a de Santo André.
Há um tipo de fricção existente nessas falhas, o que causa terremotos, por exemplo: se as placas estão se deslocando em direções opostas e algo as impede de continuar, em algum momento a força exercida por ela será tão grande que a placa vai se deslocar rapidamente causando um terremoto.
O que acontece quando uma placa oceânica e uma continental se colidem é que a oceânica, por ser mais leve, mergulha sob a outra e consigo arrasta material continental que faz profundos arranhões (assim se formam as fossas) no leito oceânico. A placa que desce caminha velozmente em direção ao calor levando consigo água. O que acontece depois é que esse material começa a se fundir em magma e a ascender novamente, ao mesmo tempo em que as paredes do lugar pelo qual desceu iniciam a fusão junto ao magma já se elevando.
O livro traz diversos relatos sobre a erupção do Krakatoa, sejam essas histórias de pessoas presenciando o cataclismo ou de indivíduos alheios a tudo, mas que ainda assim escutavam e sentiam os efeitos drásticos do vulcão. Esses relatos sobre a explosão que aconteceu às 10h02 da manhã de segunda, 27 de agosto de 1883 convidam o leitor a conhecer toda a orgia de destruição, o pavor dos moradores, os barcos sendo destroçados, pedras-pomes caindo do céu, raios causando um terror luminoso no céu coberto por fumaça, a terra lamacenta varrida pelas imensas ondas descontroladas, e todos os medos de estar presenciando uma erupção vulcânica. A maior parte dos estragos se deve as gigantescas ondas causadas pelas vibrações, ondas de pressões que se espalharam por todo o globo interferindo medições nos barômetros. O vulcão que proporcionou tudo isso desapareceu após a catástrofe.
O autor conta como, provavelmente, o vulcão, com suas explosões sendo ecoadas pelo mundo todo, acabou sendo o precursor de todos os debates mundiais.
Depois, é introduzida uma visão pós-catástrofe, mostrando o surgimento de um novo vulcão no local do antigo, Anak Krakatoa (filho do Krakatoa, traduzido ao português). Os biólogos observaram e fizeram pesquisas sobre a vida em Java, como ela voltaria a se propagar, ou melhor, se voltaria. Felizmente, as ilhas se recuperaram e diversas espécies surgiram, elas acabaram sendo conservadas pelo medo humano da explosão passada.