Amarildo 09/10/2013
¿Qué hice durante mis diez días en el mar?
Este foi um livro escrito à quatro mãos. García Márquez confirma isso quando transcreve em primeira pessoa a História - assim mesmo, com agá maiúsculo - de Luis Alejandro Velasco e seus dez dias à deriva no mar, ou também poderia ser dito a História de Dez Dias À Deriva no Mar e seu Luis Alejandro Velasco. Gabo confirma mais ainda isso quando diz que "há livros que não são escritos por quem os escreve, mas por quem os sofre", reafirmando o direito de autoria de Velasco.
Se há livros que são de quem os sofre, talvez possamos nos dizer donos não somente desse Relato, mas de toda a bibliografia de Gabo. Aqui há outra novela total e realidade total, a exemplo do que Vargas Llosa ressaltou sobre Cién Años de Soledad, e, quando a Academia Sueca concedeu o Nobel a Márquez por sua literatura que combina o fantástico e o real em um tranquilo mundo de imaginação, refletindo a vida e os costumes de um continente, não soube que estava lhe concedendo o prêmio por refletir a vida e os costumes de um mar, o Caribe, personagem central nas principais obras de Gabo e onde se pode encontrar tudo o que é e pode ser a América Latina. O Caribe é, portanto, mais uma invenção fantástica de García Márquez. Mas também é real, afinal, assim como na América Latina, no Caribe tudo também é possível.