Clio0 03/01/2023
Essa me foi uma leitura particularmente dolorosa por tratar de um tema pessoal: a sociedade e a leprosia. Meu avô foi uma das últimas pessoas portadoras de hanseníase a ser transmudado para uma cidade de leprosos no Brasil. A maioria das pessoas, hoje em dia, só conhece a hanseníase por filmes medievais, mas o tratamento só chegou ao Brasil em 1976.
A Alma do Lázaro, logicamente, retrata um período anterior, embora o autor tenha feito questão de não fornecer pormenores. Não há o nome do personagem, sua localidade ou data. Contudo, Alencar não estava focado em mostrar a segregação como corriqueira, seu foco era mais intimista.
Dividido em duas partes, primeiramente temos a justificativa para a produção de tal livro. Uma espécie de auto-inserção para a apresentação da segunda parte, onde somos expostos para o que seria o diário do "Lázaro".
São algumas páginas descrevendo as dores - mais emocionais que físicas - e os desejos de alguém que não apenas é repudiado pelos demais, é também a revelação de que o decaimento físico não impede a vontade por uma vida normal, por detalhes que passam ao largo dos "sãos". Ele almeja companheirismo, se emociona com a beleza, oferece ajuda mesmo sabendo ser ignorado. É triste.
Recomendo.