Luana 06/01/2013
Thomas sorriu devagar e aproximou-se de mim. Mesmo em meio a todas
aquelas emoções contraditórias, meu coração teve a ousadia de reagir.
— Não se envolva demais, garota nova - disse ele. Depois me olhou de
cima até embaixo. A cobiça em seu olhar ao mesmo tempo me lisonjeou e me
irritou. Era como se achasse que eu, por algum motivo, pertencia a ele. - Acho
que eu não conseguiria lidar com isso.
Durante uma fração de segundo, ele pareceu aproximar-se ainda mais, e
pude sentir seu hálito em meu rosto. Quase acreditei que ia me beijar. Mas, em
vez disso, ele sorriu e me deu as costas, voltando a andar na chuva.
— O que está pensando? - perguntou ele, a voz reverberando em meu peito.
Enrubesci.
— Nada.
Thomas sorriu apenas com um canto da boca, formando uma covinha.
— Estava pensando alguma coisa, sim. Alguma coisa pervertida. - Minha
pele pegou fogo. Ele encostou o rosto no meu, e sua barba me arranhou
levemente o rosto. Eu sentia seu bafo quente no meu ouvido. - Conta pra mim em
que você está pensando, Reed Brennan.
Ai, meu Deus. As palmas das minhas mãos suavam. Minha cabeça girava.
Meu corpo inteiro palpitava.
— Estou te deixando nervosa? - indagou ele. Sacudi a cabeça.
Ele recuou ligeiramente, olhando-me nos olhos, e sorriu.
— Mentirosa.
E depois me beijou.
Uma garota às vezes precisa sacrificar certas coisas, se quiser ficar com tudo.
Ele se afastou e olhou direto nos meus olhos.
— Você sabe que eu amo você, né? - sussurrou. Fiquei tão assustada que
quase ri.
— Não precisa dizer isso - respondi. Vi um lampejo de raiva em seu rosto.
— Não estou mentindo. Eu te amo. Senão não faria isso.
Certo.
Depois notei a sinceridade em seu olhar, e senti culpa pela minha
deslealdade. Então, o que ele queria, que eu dissesse que também o amava? Será
que eu o amava? Não fazia a menor ideia. Será que devia dizer isso mesmo não
tendo certeza? Será que ele entraria em parafuso se eu não dissesse que o amava?
— Eu...
— Não diga nada - falou Thomas. - Não tem importância. Eu só quero estar
com você.
Minhas pernas tremiam quando dei meia-volta. Dei às costas à nova vida que
estava tão perto de conseguir. Voltei para a minha tão familiar escuridão.
— Bem-vinda, Reed! Bem-vinda ao nosso círculo! -gritaram elas em coro.
A chama de Ariana finalmente parou de tremeluzir, e eu consegui focalizar
seu rosto com nitidez. Perdi o fôlego. Quando ela me olhou, eu também fui capaz
de enxergar através dela. E tudo o que vi foi escuridão.
Noelle inclinou-se, chegando perto da minha orelha. Depois cochichou tão
baixinho que pareceu estar apenas exalando o ar de leve.
— Você é uma de nós agora.
E depois disso as velas se apagaram, e a escuridão consumiu todas nós.