Quero ser Reginaldo Pujol Filho

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Resenhas - Quero Ser Reginaldo Pujol Filho


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Márcia Regina 03/07/2011

Surpresas
Sábado de noite, eu de plantão e sem nada para ler. Bem, bem, agarrei o livro que uma colega esqueceu sobre a mesa, vi o título, quase devolvi, mas ficar olhando as paredes soava mais tedioso. E, como sempre digo, livro é bom, mesmo quando é ruim. Preparei minha paciência e comecei, esperando uma obra sem graça ou, o que me cansaria ainda mais, um melodrama pessoal de um autor em crise com o sentido da vida.
Nada mais enganoso, a surpresa foi boa demais. Não encontrei melodramas ou personagens meros alteregos proferindo discursos, mas um texto engraçado, inteligente, cuja leitura flui e que me conquistou a ponto de me fazer buscar o outro livro do autor, “Azar do personagem”, e colocar Reginaldo Pujol Filho na lista dos nomes cuja carreira pretendo acompanhar.

No primeiro conto, “Quero ser Miguel de Cervantes”, acompanhamos a trajetória do protagonista por meio de informações recebidas de terceiros, que nos falam - com bom humor e um toque de admiração e ternura - das peripécias vivenciadas por aquele estranho brasileiro que insiste em falar espanhol e que, esperamos, um dia conseguirá escrever sua própria história.
No segundo, “Quero ser Luigi Pirandello”, o autor perdeu alguns pontos comigo, mais pela dificuldade que o tema apresenta do que pelo conto em si. Soou meio a trabalho escolar, muito bem feito, óbvio, porém sempre trabalho escolar.
Contudo, havia suficiente reserva de créditos. Cheguei a “Quero ser Rubem Fonseca”. Perfeito, perfeito. Ri muito com o serial killer furioso por sua impotência frente ao talento do mestre.
Daqui, leitora conquistada, eu já sabia que não iria largar o livro antes do fim.

O escritor segue, na linha do “Quero ser”: Luís Fernando Veríssimo (não gostei de “O analista de Bagé”, o que levou o conto, por tabela, a uma descidinha no meu conceito); Ítalo Calvino (vale cada linha, principalmente os números “um” e “cinco”); Amilcar Bettega Barbosa (conto que deu origem ao livro, confesso que não me agradou muito, questão de gosto pessoal mesmo); Machado de Assis (engraçadíssimo); Gonçalo M. Tavares (assim, assim); Mia Couto (muito bom); e Altair Martins (excelente, repartiu com Calvino o título de preferido).
Se você conhecer os autores referidos nos textos, o livro terá um significado especial, um gostinho extra, mas, caso não conheça, servirá sem dúvida como isca para a busca dos originais.

É um livro de autor iniciante, claro, ainda não uma obra perfeita, e Reginaldo Pujo Filho tem um grande caminho a percorrer até chegar lá. Mas é um garoto novo, tem tempo, fôlego e talento para percorrer esse caminho.
Saí feliz da leitura, gente nova aparecendo. E mostrando que veio para ficar.
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