Antologia pan-americana

Antologia pan-americana (Org.) Stéphane Chao




Resenhas - Antologia Pan-Americana


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Egberto Vital 11/10/2023

A "Antologia Pan-americana" é uma obra literária que reúne renomados autores contemporâneos das Américas, apresentando 48 contos de 30 países diferentes, abrangendo as línguas portuguesa, espanhola, francesa, inglesa e holandesa. Sob a cuidadosa curadoria de Stéphane Chao, a coletânea proporciona um autêntico panorama da produção literária do continente, ultrapassando fronteiras e idiomas.

Embora o título possa parecer pretensioso ao se referir à obra como uma "Antologia Pan-americana", na qual se apresenta apenas um ou dois textos de um autor/a de cada país, é importante reconhecer que essa é uma seleção específica e pontual dessas produções. Contudo, funciona como uma excelente introdução aos contistas contemporâneos e às narrativas curtas produzidas nas Américas. Chao, inclusive, em seu texto de apresentação, esclarece que não busca definir suas escolhas como uma seleção definitiva e abrangente dos contos pan-americanos.

Stéphane Chao adota uma abordagem inovadora ao quebrar a tradicional divisão entre América Latina e América do Norte. Ele busca criar uma conexão literária entre essas regiões, desafiando estereótipos e convidando o leitor a uma experiência enriquecedora de diálogo entre diferentes culturas. A distribuição dos países por áreas geográficas e a representatividade de autores e autoras garantem uma abordagem diversificada e equilibrada.

Ao incluir autores de diversas nacionalidades, Chao oferece uma visão única da produção atual do conto, celebrando a pluralidade de vozes e estilos presentes nas Américas. Autores já consolidados na cena literária dialogam com talentosos escritores menos conhecidos internacionalmente, proporcionando ao leitor uma imersão no nosso vasto universo literário.

Essa antologia se apresenta como uma verdadeira janela para o que de melhor se produz no gênero do conto nas Américas contemporâneas, oferecendo ao leitor uma oportunidade enriquecedora de explorar narrativas envolventes e distintas em suas abordagens e estilos; revela, portanto, uma obra fundamental para quem deseja compreender e apreciar a riqueza da literatura contemporânea no continente americano, como porta de entrada, nunca como um caminho definitivo.
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Henrique Fendrich 08/08/2019

A verdade é que conhecemos pouco, quase nada, do nosso continente. Principalmente se englobarmos a América Central e o Caribe. O que conhecemos sobre aqueles países? Um pouco sobre Cuba e Jamaica, no máximo, e, ainda assim, com muitos estereótipos. Não é todo mundo que se sabe que na América há quem fale holandês e francês, por exemplo.

Essa antologia tem o mérito de trazer escritos vindos desses lugares que a gente mal conhece. Há textos de Curaçao, do Suriname, da Guiana Francesa, do Haiti. Há outros de quem fala inglês e a gente nem sabe, como Belize, como Trinidad e Tobago. A seleção desse livro permite não apenas que saibamos o nome de ao menos um dos escritores desses lugares, mas que tenhamos experiências, ainda que curtas, bastante ricas sobre as culturas desses lugares.

Há uns três ou quatro contos, dos 48 no total, que estão mais para “reportagens” ou “ensaios autobiográficos”. Por meio desses textos, sabemos melhor o que é para um haitiano estar no Canadá, ou para alguém natural das Antilhas Holandesas estar na Holanda, e até o que é para alguém do Suriname viajar para Benin, lá na África. Mesmo nos outros contos, naqueles em que há uma proposta realmente ficcional, não há como fugir das referências culturais de cada lugar, de maneira que lê-los contribui para diminuir a ignorância que nós temos em relação a esses vizinhos.

Nem sempre os contos são fáceis, há experimentações que podem trazer dificuldades na leitura (e isso vale também para os escritores brasileiros presentes no livro). Porém, mesmo esses podem servir para melhor se entender a respeito de um país. O fato de todos os contos serem contemporâneos, feitos nos anos 90 e 00, também contribui para nos aproximar de cada escritor.

O Brasil e os Estados Unidos contam com vários representantes, um para cada região. Há entre os americanos verdadeiras pérolas que são hoje pouco ou nada conhecidos entre nós. Isso inclui até um escritor indígena americano.

Fico pensando se não valeria a pena também incluir textos de línguas não europeias que também são faladas por aqui. Um texto em crioulo, um texto em guarani, não sei. Talvez se achasse que o resultado fugiria bastante do “padrão” do livro, pois esses povos não têm preocupação de seguir os moldes da literatura estabelecida (o que pode ser muito bom), mas, de toda forma, talvez contribuísse para dar uma visão mais acurada do que vem a ser a América.

De toda forma, são poucos os livros que abrangem a literatura desses países e só isso já deve bastar para que se dê uma lida neste.
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