Adeus ao trabalho?

Adeus ao trabalho? Ricardo Antunes




Resenhas - ¿Adiós al trabajo?


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Ed Carvalho 01/12/2023

Muito bom
Livro escrito em meados dos anos 90, porém ainda muito atual. Analisa as condições de trabalho na sociedade neoliberal por uma perspectiva marxista. Gosto da forma como o autor define trabalho vivo e trabalho morto e de como argumento com naturalidade sobre os problemas dos trabalhadores organizados em sindicatos e associações. Leitura válida!
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Castor 30/04/2013

Resenha Crítica " Adeus ao Trabalho"
Objetivo do livro é afirmar a centralidade do trabalho, enfatizar o papel central da classe trabalhadora na transformação societal contemporânea.

Opositor as teses que indicam uma "crise da sociedade do trabalho", defende que a sociedade do capital e sua lei de valor necessitam cada vez menos do trabalho estável e cada vez mais das diversificadas formas de trabalho parcial ou part-time, terceirizados, que são, em escala crescente, parte constitutiva do processo de produção capitalista.

O capital não pode eliminar o trabalho vivo do processo de criação de valores. Na atual fase de acumulação flexível de capital, há uma acentuada transformação do trabalho vivo em trabalho morto, dada a transferência de capacidade intelectual dentro de um processo de objetivização das atividades cerebrais junto a maquinaria, transferência do saber cognitivo do trabalhador para a maquina informatizada.

A partir da década de 1980 os países capitalistas avançados, sofreram um profunda transformação no mundo do trabalho, mudanças na sua estrutura produtiva que afetaram não apenas a materialidade da classe-que-vive-do-trabalho, mas sua subjetividade, alterando sua forma de ser.

Ao longo do tempo os elementos básicos da produção fordista, eram dados pela produção em massa de produtos homogêneos pelo controle de tempo e movimento pelo conômetro Taylorista, junto a produção em série fordista. característica de trabalho parcelado, fragmentado em diferentes funções. Com a emergência de novos padrões de busca de produtividade, por novas formas de adequação da produção á logica do mercado, vem desenvolvendo sob a produção fordista a flexibilização na produção, pela "especialização flexível".

Sabel e Piore um dos pioneirismo na apresentação da tese da "especialização flexível", tendo especialmente na Terceira Itália a experiencia mais concreta das novas formas produtivas, articulando o desenvolvimento tecnológico e a desconcentração produtiva, baseada nas pequenas e medias empresas.

A fragmentação do trabalho pode possibilitar ao capital tanto umas maior exploração, quanto um maior controle da força de trabalho. alem do mais, podemos dizer que a acumulação flexível não separa a classe operaria do setor de serviço. O que há é uma certa "desindustrialização" causada pela transferência geográfica das fabricas, reverberando na flexibilização do mercado de trabalho, redução do numero dos trabalhadores no setor fabril e crescimento dos serviços via subcontratação, ocorrendo altos níveis de desemprego estrutural e retrocesso na ação sindical.

Os desafios são muitos nessas novas formas de trabalho e emprego, o retrocesso na atuação sindical, tendencia a queda da taxa de sindicalização. Crise no movimento sindical dada também pela dificuldade em aproximar os trabalhadores estáveis e os trabalhadores terceirizados, subcontratados, temporários em um sindicalismo verticalizado característico da procução fordista. Sindicatos com fortes tendencias corporativista, procurando preservar os interesses dos trabalhadores estáveis.

"A crise do movimento sindical se acentua com o desenvolvimento da individualização das relações de trabalho; desregulamentação e flexibilização do mercado de trabalho; ação ideológica e a capacidade de manipulação do capital. Os sindicatos além de fazerem frente ao movimento do toyotismo necessitam abandonar a estrutura verticalizada pela horizontalizada, avançar para além de uma ação defensiva e com isso auxiliar na busca de um projeto que caminhe na direção da emancipação dos trabalhadores. Ricardo Antunes coloca a possibilidade dos trabalhadores precários, parciais, temporários ou subproletariados, virem a se constituir num sujeito social capaz de assumir ações mais ousadas, buscando seu espaço, seus direitos e representações.
No quarto e último capítulo, o autor inicia explicitando que é absolutamente necessário qualificar a dimensão quando se discute a questão da crise da sociedade de trabalho. Trata-se do trabalho abstrato ou concreto? O primeiro sendo entendido como mais intelectualizado o segundo com características artesanais. Se a crise é do trabalho abstrato, traduz a redução do trabalho vivo e a ampliação do trabalho morto, indicado por Marx como tendência do capitalismo. O trabalhador já não transforma objetos materiais diretamente, mas supervisiona o processo produtivo em máquinas. Antunes faz questão de deixar claras essas questões fundamentais, pois elas balizam as tarefas que devem ser realizadas pelos trabalhadores na construção de seu futuro, para ele, a revolução de nossos dias é, desse modo, uma revolução no e do trabalho. É uma revolução no trabalho na medida em que deve necessariamente abolir o trabalho abstrato e instaurar uma sociedade fundada na auto-atividade humana, no trabalho concreto que gera coisas socialmente úteis, no trabalho social.
Porém, O autor pouco se refere aos impactos do capitalismo no segmento rural, ao papel das instituições de ensino. Entre as diversas formas de desvalorização, o estágio profissional não é mencionado. A prática de contratação de estágio é a mais nova modalidade de precarização do trabalho, pois, contrata-se o estagiário como mão-de-obra barata, deixando milhares de trabalhadores fora do mercado de trabalho. " ¹



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