Maira Giosa 09/09/2021Em menos de um ano, tive a sorte de encontrar mais uma joia rara, no meio de tantas obras-primas, que transformaram minha maneira de ver o mundo. Que dessa segunda vez tenha vindo de um livro infanto-juvenil não me surpreende menos do que a vocês. E combinado com um romance de época - uma predileção minha - é ainda mais surpreendente.
Mas Anne da Ilha é muito mais do que só uma estória infanto-juvenil ou só um romance de época. É sobre amadurecimento, reencontros, perda da inocência, o começo e os percalsos da vida adulta.
É como se a autora, L. M. Montgomery, quisesse refazer os passos da própria vida - que, ao contrário da de Anne, foi muito dura e vazia de sonhos ou amor - e nos levasse a um mundo onde sua heroína consegue vencer os pequenos obstáculos que lhe são impostos com leveza, alegria e um positivismo inabaláveis. E é isso que faz esse terceiro livro o mais bonito e o melhor da série, até agora.
Nossa Anne Shirley vai à faculdade, divide uma casa com amigas, começa sua vida literária, conhece um homem por quem ela (acha que) se apaixona e sofre as típicas desilusões da idade. Dá para se colocar no lugar dela com bastante facilidade. Apesar do lapso temporal de mais de um século, Anne é atualíssima.
Ela, mais do que nunca, me levou a olhar mais para o céu do que para o chão, buscar nos pequenos pedaços de natureza (que aqui quase não se veem) um refúgio e a encarar a vida com mais leveza. Essa é, afinal, a lição que me foi imposta para ser aprendida este ano. E eu espero conseguir fazê-lo com a mesma coragem da minha nova heroína.
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