Cabeça de Negro

Cabeça de Negro Paulo Francis
paulo francis




Resenhas - Cabeça de Negro


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Desterrorama 22/06/2023

Sobre os romances do Paulo Francis
Eles são muito bons pra você compreender um período da história do brasil. Principalmente conhecer a mentalidade da elite intelectual e política dessa época. Entender a cultura e a falta de cultura dessas classes. Quando escrevi (em outro comentário) sobre como Francis ficava deslumbrado com a tv a cabo e Lobato com o ar-condicionado (em "América") estava querendo dizer que o que é um privilégio para uma classe numa época, com o passar do tempo acaba se tornando um objeto comum. A elite e a classe media sempre procuram privilégios que as distinguem das outras classes. Daí a queixa de Felipe Pondé ao perceber que pessoas pobres agora frequentam os aeroportos não somente como funcionários subalternos, mas também como passageiros. É lógico que essa distinção não se limita apenas aos bens materiais, mas ao estilo de vida, consumo de serviços exclusivos e acesso aos bens culturais. Esse deslumbre de Francis e Lobato pelos bens de consumo hoje me parece algo datado. Lobato admirava os frutos do progresso, mas tratava de questões muito sólidas e universais, não é à toa que sua obra foi traduzida para vários idiomas. Já Francis se deu ao trabalho de jogar a merda no ventilador para expor a relação das elites com o meio intelectual/artístico que fazia parte da patota e que hoje ilustra os livros didáticos. Enquanto "Cabeça de Papel" mostra o mundo jornalístico carioca antes de 1964 e as consequências do golpe, "Cabeça de Negro" tenta justificar a transição política de Francis de trotskista para liberal. Os diálogos não são gratuitos, não são apenas narrativos, mas discutem ideias que influenciam a realidade objetiva como os diálogos de Platão e os romances-ensaios (tais quais "Admirável Mundo Novo" e "A Ilha" ambos de Aldous Huxley). Em suma, a obra literária de Paulo Francis ("Cabeça de Papel", "Cabeça de Negro", "Carne Viva" e a novela "Filhas do Segundo Sexo") serve como um contraponto à produção artística produzida pela esquerda festiva nos anos de chumbo. A visão ideológica e cultural dessas obras transmite um passado que não foi superado, entretanto, dificilmente dialogará com as novas gerações de leitores e de escritores justamente porque falta em Francis aquilo que tanto a ficção científica quanto os romances clássicos contêm: o elemento universal, anseios e necessidades humanas que transpassam o tempo.
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Márcia Regina 13/09/2009

"Cabeça de negro", de Paulo Francis

Nunca tinha lido Paulo Francis ficção e por isso pedi “Cabeça de negro” emprestado. Terminei de birra. E também porque o assunto era interessante. Gosto desses relatos (ficção e não) sobre acertos, erros, linearidade e contradições da ideologia. Agora, a forma como ele escreve, céus, pesou, pesou, pesou, me senti carregando uma tonelada morro acima.

Um exemplo. Imaginem a cena: a mulher acabou de matar um cara, o defunto ainda está na sala. Ela diz

"- Ponha-se no meu lugar, um minuto, se for possível, não deve ser, nossas preocupações são triviais; imagine só, esta mulher, eu, atormentada porque matou um cabra, na era de Hitler e Stálin, que Hugo Mann dissecou em ensaios cheios de tensão, ironia,sagacidade, independência de raciocínio, mas meu benzinho,desce do Olimpo, ou já que você é boche, do Valhala, e ajuda tua irmã..."

Dá para entrar no clima de uma mulher com um morto na sala? Mesmo que seja de uma mulher fingindo? Mesmo que seja de uma mulher falsamente fingindo? Mesmo que seja para demonstrar a hipocrisia? Eu não consigo. E não tenho muita paciência com conotação intelectual demais.

Valeu para conhecer Paulo Francis, mas dificilmente vou ler outro dele, me sentia lendo análises e listas de artigos culturais.
Tudo bem, gosto literário é algo bem pessoal.
Paulo Francis é um prato cheio, mas não para mim.
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Raphael Milão 07/07/2022

Li por curiosidade para saber como era uma obra do autor, mas vou ficar só nessa.
Senti na obra uma leitura um pouco difícil mesmo para quem curte politica que nem eu.
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