Carla.Parreira 14/10/2023
Escravo da Ilusão
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É uma historia simples que relata um pouco da época de escravidão. Gostei de ler os diálogos esclarecedores com Pai João. Creio realmente, conforme diz o livro, que só as conseqüências de um ato são capazes de nos dizer se ele é construtivo ou não. Daí a necessidade de aguardarmos aprendendo. Nossos aprendizados sobre o mundo, bem como a reflexão de nossa própria postura, faz-nos descobrir e ampliar a nossa dignidade, a qual não se perde nunca, uma vez conquistada. Ela é interior, é a conquista da alma que se reflete na nossa conduta. Quem conquista a dignidade ultrapassa privações e provações, erguidos intimamente, firmes e seguros da condução superior de suas vidas. Não se abatem porque compreendem a transitoriedade das coisas materiais.
O livro deixa claro que, desvencilhar-se das ilusões é dolorido como apertar uma ferida, e muitas organizações sociais, tanto na esfera material quanto espiritual, têm interesse em explorar os iludidos, vivendo à custa de seu desvario e de seu sofrimento. Por isso, aparentemente o progresso tarda, mas é só aparência, pois ele se realiza sempre no tempo certo de cada individuo.
Também creio que ninguém chega a uma determinada situação sem que a tenha provocado com seu proceder, seja nesta ou em outra vida. Diz o livro que muitos dos escravos que penaram em meio ao sal e à crueldade expurgaram suas mazelas de egoísmo e suas derivadas ações orgulhosas, vaidosas, plenas de soberba e autoridade de eras passadas.
É a lei de justiça fazendo com que cada um aprenda a lição incompreendida. Gostei da frase que diz serem de idéias as revoluções verdadeiras, e não de armas. Outra parte interessante é a de aceitar em nós a dualidade do momento existencial.
Esse é o caminho para a libertação de culpas e exigências descabidas quanto a nós mesmos e aos outros, possibilitando um real autoconhecimento, apreciativo de nosso lado ?anjo? e de nosso lado ?demônio?, processo indispensável à fixação e à predominância dos valores superiores do bem em nossa personalidade. Sinto realmente que todos temos nossa parcela de contribuição no universo.
É muito bom saber que não há inúteis, nem imprestáveis, muito menos seres impossibilitados de contribuir. A criação é una e nos fez perfectíveis. Quanto a questão da escravidão, o livro explica que esta ocorre sempre que deixamos de ouvir as advertências de nossa consciência, das nossas experiências passadas na defesa de um ensinamento extraído das leis divinas que temos esculpidas no intimo, em favor dos interesses mundanos, transitórios por natureza. Aí somos escravos da pior das senhoras: a ilusão. Ela é cruel, distorce a realidade e quando vemos a vida por seus olhos agimos mal e, conseqüentemente, sofremos.
Comprometemos nossa liberdade de pensar e agir, pois tal qual vírus ela contamina nossa mente.
A liberdade legal é decorrência direta da fraternidade e da igualdade; pressupõe confiança mutua.
Onde reina o orgulho, sentimento exclusivista, não há confiança; seus membros estarão sempre em guarda uns contra os outros, dando mostras, em suas atitudes, do pensamento que alimentam a típica frase ?cada um por si?. Como toda construção começa pela base, esta se inicia pela adoção do comportamento fraterno que nos fará agir com o próximo exatamente como gostaríamos que ele agisse em relação a nós. Essa conduta garante a igualdade e a fraternidade.
Eis aí um belo ensinamento.