Resenhas - Dead Souls

Pri Lima 28/10/2020

Wish list again
Pavel Chichikov tries to make easy money but then finds it difficult throughout the course.
Very interesting book and worth reading!

Filino 10/11/2017

As jornadas de Chichikov
"Almas mortas" é um título que imprime respeito e reserva aos incautos. Mas por trás desse título solene está uma comédia impagável, recheada de observações bastante perspicazes sobre a Rússia, os russos (de várias classes) e - obviamente - a humanidade em geral.

A obra é composta por duas partes, mas apenas a primeira está completa. A segunda apresenta algumas lacunas e não foi terminada por Gogol. Mas esta edição traz um final escrito posteriormente, por um outro autor. Ler esse "final" é tarefa que chega a ser um empreendimento tortuoso, já que nem a trama, tampouco a narrativa em si, não chegam aos pés do talento de Gogol.

Ricardo Rocha 10/03/2011

Gogol leva ao extremo seu jeito inovador de contar uma história. Faz suspense das menores coisas e, não sei se é esse o objetivo, mas acaba para mim dando realce às pequenas (em todos os sentidos) motivações do protagonista o que elas o levam a fazer. Para leitores dispersos, como às vezes sou, é legal, porque nunca se sabe quando haverá uma revelação importante – ainda que tudo pareça tão pouco importante e que as pessoas estejam imersas na mais absoluta mediocridade. Na verdade está justo aqui o que faz com que se ama Gogol – e provavelmente também o que faz com que alguns o detestem e abandonem (talvez quem sabe se vejam retratados e – metaforicamente falando, naturalmente – nem todos se sentem à vontade diante de um espelho –esse sarcasmo vexante que humilha ainda mais por ter um quê de compaixão.

É preciso estar bem para ler Almas Mortas. Se contaminar pelo sarcasmo pode se tornar sarcasmo e, caso não se esteja bem, fará com certeza muito mal. Fez ao próprio Gogol. E não poucas vezes em vez da vontade rir vem uma certa amargura. Porque o que ele descreve existe hoje e é preciso mais que humor, uma sofisticada habilidade, para conviver com as pessoas.

O sarcasmo de Gogol não parece sarcasmo. Ou parece que é aquilo mesmo que você está lendo, que “com uma lágrima ele levou as mãos ao peito e apertou o coração”, ou ainda que a gente detecte o sarcasmo, há alguma coisa que o diferencia da crítica mordaz vulgar, uma delicadeza, uma quase simpatia pelo que a pessoa poderia ser, sincera e generosa, e ainda não é. Ainda, quando não atinge seus propósitos dúbios, aparece a verdadeira pessoa. Mesmo assim, bastará que se fale em dinheiro e que a outra pessoa pense em ter lucro, por piores que tenham ficado as coisas, tudo ficará bem. Porque seguem os homens em qualquer tempo e lugar. Enganando e sendo enganados.

De resto, ninguém melhor que o próprio autor para falar a respeito. Quando ainda jovem iniciou-se na literatura, quis fazer de suas personagens livres, almas vivas. E quando a Rússia levantou os primeiros clamores contra a forma como era mostrada pelos textos de Gogol, a essa altura já mostrando personagens que não eram livres, mas seguiam uma triste sina na qual são prisioneiros da própria mediocridade, respondeu. Por que estavam tão revoltados? E respondia. Porque se viam a si próprios. E não porque eram personagens de todo maus, mas porque eram comuns, vulgares ao extremos. Bem provável que um vilão acabado poderia suscitar a compaixão de Gogol e não irritar tanto seus conterrâneos – e, hoje sabemos que é mais que isso, que é o Homem, na Rússia ou em qualquer lugar, em qualquer época. Talvez ninguém se sinta mal ao se deparar com um ou outro vício, um ou outro defeito, porém trata-se mais que isso, ao contrário daquelas “almas vivas”, essas agora estão mortas não na perversidade plena, mas porque não alçam maiores vôos na vida, prisioneiros da ambição mais rasteira e da hipocrisia mais barata