spoiler visualizarThiago Barbosa Santos 27/05/2020
Psicótico
No início do ano, coloquei alguns livros do Luiz Alfredo Garcia-Roza como meta de leitura para 2020. Mal podia adivinhar que o perderíamos. Ele é o melhor escritor brasileiro de romances policiais na minha humilde opinião. Então as leituras vão acabar sendo uma homenagem.
PERSEGUIDO é mais uma obra que traz um caso complicado, cheio de nuances e desdobramentos para o icônico delegado Espinosa solucionar.
Doutor Nesse é psiquiatra. Certa dia, recebeu um garoto paciente chamado Isidoro. Mas ele tinha horror a esse nome que não escolheu. Gostava de ser chamado de Jonas. Essa foi a conversa inicial que ele teve com o especialista, o dilema do nome.
Quando Isidoro (ou Jonas), apareceu na vida do psiquiatra, definitivamente acabou a paz dele. O rapaz pegou meio que uma fixação por ele. Passou a segui-lo, a frequentar seu local de trabalho, onde havia alguns internados, mesmo quando não era dia de visitas. Logo, foi se afeiçoando aos funcionários, pacientes. Tinha um jeito tranquilo, simpático e extremamente cordial. Já era querido por todos. Menos, claro, pelo doutor Nesse.
As coisas se complicaram ainda mais quando Jonas se aproximou da família do médico e começou uma relação com Letícia, filha mais velha de Nesse. O médico alertou que não queria a família próxima do paciente, que tinha problemas psiquiátricos. De nada adiantou. A filha já estava apaixonada e não acreditava que Jonas tinha nenhum problema. Dizia que era o pai que achava que todos tinham problema.
O casal chegou a fugir por dois dias para ficar mais próximo. Foi quando o doutor Nesse teve o primeiro contato com Espinosa. Quando a filha voltou para casa, os dois brigaram feio e ela definitivamente se voltou contra o pai.
Durante uma consulta, o doutor Nesse meio que armou uma emboscada para internar Jonas, o sedou. Quando a filha ficou sabendo, para se internar junto do namorado, saiu nua pela rua. O Doutor Nesse transferiu Jonas para um outro hospital, pois ele fez greve de fome e já estava bastante fraco. Dias depois, veio a notícia de que ele havia morrido e o corpo simplesmente desapareceu.
Letícia nunca mais se recuperou desse trauma. Vivia trancada no quarto, sem falar com ninguém, sedada e culpando o pai por tudo. Nesse se separou da esposa e foi morar sozinho. Tinha contato apenas com a filha mais nova, Roberta.
A filha mais nova desapareceu pouco tempo depois. Espinosa entrou de vez no caso para investigar e olha só quantos desdobramentos já havia naquela história nebulosa. Porém, havia mais. Uma funcionária do hospital entregou para a polícia uma suposta carta que Jonas teria escrito dias antes de morrer acusando o doutor Nesse por tudo o que aconteceu e o que poderia acontecer com ele. Por sua vez, Nesse começou a denunciar que estava recebendo um contato misterioso com a voz do antigo paciente.
Espinosa e seu assistente, o investigador Welber, iam mergulhando naquela história mas, por mais que cavassem, não encontravam soluções lógicas. As peças não se juntavam.
A ex-esposa de Nesse, Tereza, recebeu um telefonema e desceu, também subiu. Letícia, que a essa altura já estava jogando fora os medicamentos que a dopavam, começou a ficar um pouco mais consciente das coisas. Ela mesma ligou para Espinosa para relatar o desaparecimento da mãe, que acabou sendo encontrada em um bando de praça ali mesmo nas redondezas. Estava morta.
Letícia ficou sendo assistida por uma psiquiatra contratada pelo pai. Era a companhia dela o tempo todo. Aquele caso era um grande desafio para Espinosa, que conseguia poucos avanços ao passo que surgiam novos desdobramentos.
Letícia ficou um pouco mais envolvida na história. A perícia da morte de Tereza saiu. Ela foi dopada com um ?boa noite, Cinderela? e logo em seguida recebeu uma solução de cloreto de potássio que a matou de forma instantânea.
A filha mais velha de Nesse achou em casa a chave do apartamento do pai. Foi lá e encontrou a seringa, diários e pertences da irmã. Nesse mesmo dia, doutor Nesse foi encontrado morto dentro do carro dele na garagem do consultório. Letícia estava desaparecida.
Foi a partir daí que as peças foram se encaixando, mas não todas. Havia muitas lacunas que jamais seriam solucionadas porque quase todo mundo morreu. Através de um cartão encontrado no consultório, Espinosa chegou a um médico e descobriu que Roberta havia feito um aborto mal-sucedido e teve complicações. Foi levada para lá pelo pai para ver se ela se salvaria, não houve jeito.
De quem era esse filho, por que abortou? Por que os pais esconderam tudo isso e a enterraram alegando que a menina havia desaparecido? Quem matou Teresa parece ter ficado claro que foi o doutor Nesse, mas por quê? Jonas morreu mesmo ou estava vivo ameaçando o seu psiquiatra? Aquilo tudo era coisa da cabeça de Nesse? Ele estava mesmo sendo perseguido pelo rapaz, mesmo lá no começo? E quem o mato? Bom, Letícia mesma se internou na clínica onde o pai havia deixado o namorado. Ela disse que ficaria lá, aos pés de uma árvore, pois era lá onde Jonas gostava de ficar e a levaria. Na bolsa dela, Espinosa achou a arma que matou Nesse. Caso resolvido, ou não!