O Ventre

O Ventre Carlos Heitor Cony




Resenhas - O Ventre


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Eduardo Virgili 22/12/2009

Gostei desse livro.
O autor chega a ser cruel com o presonagem principal.
O ventre de onde veio, os ventres onde gostaria de estar.
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Luis 12/01/2018

Bendito fruto do ventre
Se eu tivesse conhecimento e competência para entender o que é um romance de formação, talvez assim classificaria “O Ventre”, a obra inaugural de Carlos Heitor Cony.
Publicado em 1958, e considerado “forte” para a época, o livro trata dos dilemas do jovem Severo, primogênito de sua família e que tem uma relação difícil com o pai e competitiva com o irmão, seu quase antagonista, diferente em praticamente tudo em termos de personalidade e visão de mundo. Para acentuar ainda mais essa dualidade, ambos são apaixonados por Helena, uma adolescente com um “quê” de Capitu, misto de inocência e sensualidade.
Ao longo do romance, a relação tensa entre Severo e o pai é temperada pela suspeita alimentada pela origem do protagonista, fato revelado de forma enviesada, por meio de uma confissão de sua mãe em seu leito de morte. Esse episódio reforça a sensação de que o mote do livro parece ser a tendência do personagem estar sempre envolvido com o que julga de o “ventre errado”, o que é constatado não só por ser um bastardo, mas ainda por duas outras passagens : Severo ao ser enviado para um internato, se junta a uma turma de garotos que escapa do colégio para se entregar aos caprichos de uma senhora casada, esposa de um militar, que passava as tardes solitária. Um dia, o marido ultrajado descobre um casquete com um brasão escolar esquecido embaixo da cama do casal, imediatamente “cai a ficha” sobre o adultério da mulher e vai até o colégio pedir explicações. Pelas iniciais gravadas no casquete, descobre tratar-se de Severo. O interrogatório envolvendo o aluno, o Diretor da escola e o militar raivoso muito provavelmente é o ponto alto do livro, principalmente, o diálogo que segue à revelação de que a esposa adúltera estava grávida.
Uma outra alusão ao “ventre errado” se dá quase ao final da trama, quando Severo atendendo a um pedido do irmão que segue em longa viagem de estudos, assume a missão de zelar pela cunhada, a idealizada Helena. Com a ausência do marido, Helena também cai em tentação, mas não com Severo que, embora apaixonado, não tem relações com a mulher do irmão. Desse novo adultério (o terceiro até aqui) também será gerado um novo fruto. Como se vê, o ventre, em suas diferentes encarnações , é o verdadeiro protagonista da história.
Embora, em minha opinião, não seja uma obra da mesma estatura de “Quase Memória” (1995); “Pessach-A travessia” (1967) ou o genial “Pilatos” (1974), “O Ventre” é título de destaque na bibliografia do autor carioca, tendo sido bem recebido pela crítica e reeditado com bastante regularidade, a mais recente, em 2017, pela Nova Fronteira.
Há poucos dias, Cony nos deixou órfãos de sua pena ímpar. Merecidamente vem sendo saudado como um dos nossos gigantes literários (segundo alguns especialistas, era uma possibilidade real de Nobel) tão marcante na ficção quanto no jornalismo. Difícil concluir onde tenha sido mais brilhante. O fato é que nosso herói retornou ao Ventre, do qual foi bendito e talentoso fruto.

Poliana McCartney 13/01/2018minha estante
Resenha sensacional!


Luis 13/01/2018minha estante
Obrigado Poliana !! Bjs




Diego.Fernandes 25/03/2018

Não há restos no ventre.
O romance é brilhantemente narrado em primeira pessoa por José Severo, de tal maneira, que achei estranho ele ser retratado como sendo muito inferior ao seu ilustre irmão, parece-me mais como um sábio apesar de não gostar de ler. Como ele diz “a felicidade é vil” e ele realmente não faz nenhum esforço para buscar a felicidade, parece no entanto que a busca principal dele é o amor, talvez por ter crescido abandonado por quase todos, recebia atenção apenas do padrinho.
Diria até que o ventre é eterno, semente que continua a crescer de forma inevitavel, sabor de esperança renovada.
Ele é movido por vontades irracionais, se sentia fracassado até para morrer, talvez quisesse almenos ser livre.
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Michel 25/06/2019

O LUGAR DE ONDE VIEMOS...
Penso que ler seja o delicioso encontro ente dois universos distintos: a personalidade inserida pelo autor e o choque com a existência frenética daquele que lê. Cada frase consumida, cada parágrafo avançado, possui aspectos distintos para cada um de nós, e a releitura denota a evolução daquilo que, embora seja considerada uma plataforma fechada em sua estrutura, esta jamais se esgotará.

O VENTRE é um trabalho estupendo que deve ser degustado devagar, porque a personagem quer exibir a discrepância de ventres indesejados; quer relatar a continuidade da solidão irrevelável que somente aqueles que, assim como ela, também se originaram de ventres equivocados. Uma solidão profunda, arrasadora, que inevitavelmente nos remete à nossa própria solidão de leitores.

A racionalidade incutida em José Severo, o protagonista e narrador deste não menos que genial romance do mestre Carlos Heitor Cony, soa como sabedoria com requintes de crueldades, porém, sem lugar para autocomiseração. José Severo reconhece sua natureza deslocada, mas o encara de modo lúcido e ausente de qualquer percepção de merecimento pelo sofrimento vivido.

O sentimento de inadequação de Severo é percebido já nas primeiras páginas. Contudo, sem o clamor por piedade, o narrador apenas segue contando sua mera condição de algo a se tolerar; sua percepção daquilo que lhe foi fornecido como família parece-nos algo quase implacável. O bastardo protagonista simplesmente se conforma com sua condição de despossuído; uma mãe que se esforça por ignorá-lo, um pai que o percebe como uma ameaça, e o irmão que é notado como se fosse o algoz e que se encaixa perfeitamente ao outros membros da casa.

E no meio desse descolamento existencial, ainda há a paixão irrefreável por Helena, o afeto que será sua noção de impotência condicional, depois o escopo de disputa. Então tornar-se-á a mulher proibida e, finalmente, outro ventre equivocado.

Carlos Heitor Cony é um mestre na arte de se fazer suavizar pela leitura; seus textos inserem-se na mente do leitor e misturam-se à própria memória. É praticamente impossível não se ver relembrando coisas do nosso passado. E não existe volta, uma vez invocados os afetos, a leitura se fragmenta de intervalos necessários. Há aqui uma complacência fundamental pela personagem, depois o desejo de querer ser este personagem e, por fim, descobrirmo-nos sendo este personagem.

Em O Ventre predomina no leitor o anseio pelo conhecimento adquirido através da condição de inadequação; a sabedoria oriunda de um mundo que nos nega tudo. Acredito que todos nós já nos sentimos desajustado em algum momento. De algum modo, todos um dia já nos sentimos ventres indesejáveis.

De um ponto de vista mais pessoal, considerei a voz narrativa tão preenchida de sensibilidade que as situações se parecem quase lembranças, um tom quase autobiográfico, mas logicamente, sem sê-lo. E o silêncio necessário que citei há pouco, deve-se ser invocado em qualquer leitura, mas em especial, nesta deliciosa obra. Pois é dessa forma que se alcança o verdadeiro seguimento até o imaginado ventre, que indesejado ou não, é o lugar de silêncio por excelência... Dimensão que favorece o único ruído permitido quando se está a ler obra tão deliciosa: a inquietação do próprio ser.

site: Outras resenhas em: https://dimensaoreluzente.blogspot.com/
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Valnikson 23/01/2016

1001 Livros Brasileiros Para Ler Antes de Morrer: O Ventre
Carlos Heitor Cony escreveu este seu primeiro romance quando tinha 29 anos (em 1955) para um concurso literário da Academia Brasileira de Letras em conjunto com a então Secretaria da Cultura do Distrito Federal através da Prefeitura do Rio de Janeiro. O Ventre não recebeu o Prêmio Manuel Antônio de Almeida, mas foi publicado três anos depois, abrindo caminho para uma prolífica e elogiada produção literária. Curiosamente, o título do livro (que em sentido literal diz respeito ao nascimento, origem de algo) acaba remetendo a esta ótima estreia do autor como ficcionista. (Leia mais no link)

site: https://1001livrosbrasileirosparalerantesdemorrer.wordpress.com/2014/01/08/18-o-ventre/
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Michel 06/04/2019

Obra prima!
Trata-se do primeiro romance do Cony. Estreia ácida e ironica, leitura deliciosa. Considero este o melhor livro dele, melhor que Quase memória. Recomendadíssimo. Só consegui achar este livro na Biblioteca Pública.
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Josué Brito 23/12/2020

Livro impossível de esquecer
A genialidade de Cony é indiscutível e é dispensável repetir. Em O Ventre, duas histórias, dois irmãos, frutos do mesmo ventre e desgraçados por um ventre em comum. Um livro que reflete sobre predestinação, as escolhas de vida e as suas ironias. Não somente indico esse livro. Digo, outrossim, que é uma das melhores escolhas que o caro leitor poderá fazer.
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ni<3 31/05/2022

yara com cheiro de maresia
eu adoro o jeito do livro ser escrito.
admito q no começo nao te prende tanto assim, mas conforme vc vai lendo, vai gostando muito
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marocas0 01/04/2024

eu sou apaixonada pela forma como o autor escreve as relações familiares em seus livros, e em o ventre tem um destaque especial por ser o primeiro de todos, o enredo é cheio de reviravoltas que você esperava mas ainda te choca porque no fundo você não esperava que estivesse ali mas está.

o zé é um protagonista muito interessante, ao longo de todo o livro ele passa por diversas coisas e todas elas nascem de um mesmo lugar, como ele foi visto como pária durante toda a sua infância. adorei ler os pensamentos dele, tão fácil de se indentificar em como ele vai de um adolescente que não sabe porque é tratado como é para todo um pensamento em volta do quão errado é sua existência.

era de se esperar que um autor como cony não teria nada menos do que um livro como esse para sua estreia.
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